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Quimioterapia:
moléculas que salvam vidas
Cerca de 1,5 milhão de casos de câncer são
diagnosticados anualmente nos EUA, e os médicos e pesquisadores do
país estão engajados numa "war on cancer". Embora nenhum medicamento
ou tratamento definitivo contra o câncer tenha sido encontrado (a
tão sonhada Bolinha Mágica), um grande progresso tem sido obtido na
compreensão das causas do câncer e no desenvolvimento de tratamentos
efetivos e novas drogas.
O que é CÂNCER?
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É o termo genérico para descrever uma coleção de
cerca de 150 doenças diferentes, caracterizadas por uma
rápida e anormal divisão celular do tecido e pela
migração de células cancerígenas para partes do corpo
distantes da origem. Com a rápida e desnecessária divisão
celular, logo se forma um excesso de tecido, conhecido como
tumor. Um tumor pode ser benigno (inofensivo) ou
maligno (tem a habilidade de se espalhar pelo corpo e
formar outros tumores). Alguns tipos de câncer não envolvem
tumores, tais como a leucemia, mas, tal como em outros
cânceres, há uma reprodução incontrolada e indesejada de
células (leucócitos ou eritrócitos, no caso da leucemia).
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CAUSAS DO CÂNCER:
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Não são, ainda, completamente conhecidas; algumas foram
identificadas. Em alguns casos a modificação do DNA parece
ser a responsável pela alteração do crescimento normal da
célula. O patologista americano Rous mostrou, em 1911, que
um vírus era capaz de induzir câncer em galinhas. Esta
descoberta lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em
1966. Outros vírus foram relacionados com o surgimento de
câncer, tais como o vírus da Hepatite B, que causa câncer no
rim.
Muitos compostos químicos, também, podem induzir a formação
de tumores cancerígenos e, dentre estes, destacam-se o
benzopireno (que existe no alcatrão dos cigarros) e a
aflatoxina B1 (presente no mofo do amendoim).
Benzopireno
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Aflatoxina B1
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Tumor Maligno - Adrenocarcinoma
A QUIMIOTERAPIA:
Os agentes químicos para o tratamento de câncer são chamados de
antineoplásticos.
São baseados no fato de que as células cancerígenas crescem mais
rápido de que as células normais. Algumas células, porém, também
crescem rapidamente: os folículos capilares, o epitélio intestinal,
células do sistema imunológico. Os antineoplásticos possuem efeitos
colaterais sobre todas as células do organismo que apresentam
crescimento acelerado.
Um dos primeiros antineoplásticos utilizados foi o Mecloroetamina,
um agente alquilante, utilizado como arma química na primeira guerra
mundial.
Os
cientistas observaram que os principais danos causados por esta
droga nos soldados afetados foram sobre as células de rápido
crescimento, tal como epitélio intestinal e tecido linfático. Esta
descoberta levou os cientistas a utilizarem o Mecloroetamina no
tratamento do câncer e, hoje, no mínimo 10 cânceres podem ser
tratados com este antineoplástico, tal como Hodgkin's disease e o
linfosarcoma.
QUIMIOTERÁPICOS
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O agente quimioterápico ideal
mataria as células cancerígenas e seria inofensivo às
células sadias. Nenhum agente quimioterápico, por enquanto,
atende a estes critérios, e os mais efetivos são também os
mais tóxicos para os humanos e, portanto, precisam ser
cuidadosamente controlados quando ministrados aos pacientes.
Os quimioterápicos são agentes capazes de perturbar ou
inibir a divisão (crescimento) das células.
Existem três fontes principais de agentes quimioterápicos:
Substâncias químicas sintéticas
Produtos produzidos por
micro-organismos
Plantas
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MODO DE AÇÃO
a) agentes alquilantes: foram as
primeiras drogas utilizadas no tratamento do câncer e, apesar de sua
toxidade, constituem a base de qualquer tratamento quimioterápico.
Os agentes alquilantes são extremamente reativos e ligam-se
facilmente a grupos fosfatos, aminos, hidroxilas e imidazólicos, que
são encontrados nos ácidos nucléicos. Estes agentes afetam tanto as
células cancerígenas como as sadias - eles podem quebrar a cadeia do
DNA ou formar pontes entre as cadeias do ácido nucléico, impedindo a
duplicação do DNA e causando a morte da célula (citotoxidade). Estes
agentes causam vômitos, diarréia e uma grande diminuição no número
de glóbulos brancos e vermelhos no sangue, deixando o organismo
debilitado, incapaz de combater uma infecção.
Cisplatina
É o único antineoplástico que contém um metal pesado. Os
cloretos ligados ao metal podem ser facilmente substituidos
por grupos aminos |
Cisplatina reage com os amino ácidos guanina para
formar pontes através da dupla hélice do DNA e impede a
duplicação do DNA, essencial para a divisão da célula.
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b) agentes antimetabólitos: São
antineoplásticos estruturalmente semelhante aos compostos naturais
encontrados em nosso organismo, como amino ácidos, precursores do
DNA, vitaminas, etc.. Afetam o funcionamento celular, impedindo ou
dificultado sua reprodução.
Hadacidina
inibe a duplicação do DNA por interferir na síntese da
adenosina
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Na biosíntese da adenosina, o ácido aspártico atua como
uma fonte do grupo amino C-6.
Hadacidina é
estruturalmente semelhante ao ácido aspártico, e liga-se
fortemente à enzima responsável pela catálise desta
reação de transeferência de amina, impedindo a formação
da adenosina.
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c) hormônios:
Cânceres de mama e de órgãos genitais são tratados com hormônios.
Estes tecidos requerem hormônios, tais como androgenos, progestinas
e estrogenos, para crescimento e desenvolvimento. Os
antineoplásticos hormonais limitam a ação destes hormônios naturais.
São extremamente específicos e somente funcionam com certos tipos de
câncer.
Estrogenos são necessários para o
crescimento e desenvolvimento das células nas mamas
femininas. Tamoxifen interage com o sítio receptor do
estrogeno, impedindo sua absorção e, portanto, interferindo
no crescimento do tumor cancerígeno. |
d)
fotoquimioterapia: foi primeiramente usada
pelos egípcios, há 4.000 anos atrás, para ajudar a reduzir os
efeitos da leucoderma (vitiligo), onde pedaços da pele perdem a
pigmentação. Extratos de plantas eram administrados oralmente e,
então, o paciente era exposto à luz do sol. Isto fazia com que a
pigmentação voltasse a sua pele. Os egípcios sabiam que tanto as
plantas como a luz do sol eram necessárias para o tratamento: de
alguma maneira, a radiação ativava os antineoplásticos.
O ingrediente ativo das plantas utilizadas era o
8-metóxipsoralen. Investigações modernas mostram
que os psoralenos reagem com a luz UV e, então, ligam-se
ao DNA.
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saiba mais:
Informações sobre Câncer
Dados de vários Quimioterápicos
Instituto de Pesquisa sobre o Câncer |
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A
Incrível História da
Droga Maravilha
Registrada sob a patente no. 36433 de Berlim,
em 1899, a aspirina superou gerações e continua sendo a droga mais
utilizada no combate a dor - e a cada ano surgem mais indicações
para este fármaco!
Está
na Bíblia, em Levíticus: as folhas e galhos do salgueiro que
nasce nos riachos são medicinais. Há 2400 anos, Hipócrates já
recomendava folhas de salgueiro para doenças e trabalhos de parto.
Hoje, a aspirina - ácido acetilsalicílico - é a droga mais popular
em todo o mundo. Estima-se que já tenha sido consumido 1 x 1012
tabletes de aspirina. A cada ano, 50.000 tabletes de aspirina são
vendidos mundialmente - isto sem contar as outras formas com que o
AAS aparece no mercado, quer seja em outras marcas da aspirina ou,
ainda, com outros analgésicos, cafeína ou vitamina C.
aspirina:
TIMELINE
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~3000 AC: Deus aconselha Moisés a usar as cascas e
folhas do salgueiro
400 AC: Hipócrates recomenda folhas de salgueiro para
doenças dos olhos e parto
50 AC: Caius Plinius Secundus lista muitos usos
terapêuticos das folhas do salgueiro
1763 Primeira descrição do efeito antipirético da casca
do salgueiro, por Edward Stone
1822: Descoberto os efeitos nocivos do ópio, remédio,
até então, mais utilizado contra a febre
1828: J. Buchner isolou cristais de salicin
1838: Raffaele Piria separou o salicin num acúcar (glucose)
e salicilaldeído; converteu este, então, ao ácido
salicílico.
1853: Charles Gerhardt descobriu a estrutura química do
ácido salicílico. Reagindo este ácido com cloreto de acetila
ele sintetizou o ácido acetil salicílico, pela primeira vez
na humanidade.
1860 H. Kolbe consegue sintetizar o ác. salicílico,
partindo do fenol (síntese de Kolbe)
1877: O ác. salicílico sintético já é um campeão de
vendas em Londres
1897 Felix Hoffmann sintetiza o AAS, simplificando o
método de Gerhardt.
1898: Bayer testa a nova droga com 50 pacientes -
todos disseram que a droga era extremamente eficaz.
1899 A Bayer consegue a patente do produto,
registrada em março. A Bayer envia um folder sobre a
aspirina para 3000 médicos europeus - foi a primeira
"mala-direta" da história!
1900 Lançado o primeiro remédio na forma de tabletes - a
aspirina!
1906: A imprensa da época chama a aspirina de "The
Wonder Drug".
1914: O governo inglês oferece 20.000 libras para o
primeiro cientista que fornecesse uma síntese alternativa da
aspirina (fugindo da patente da Bayer)
1915: George Nicholas ganha o prêmio, e é lançado o
ASPRO, a aspirina inglesa.
1922: O poeta Bastos Tigre lança o slogan "Se é Bayer, é
bom"
1930: A invenção do gastroscópio mostrou lesões, no
estômago, provocadas pela aspirina.
1969 Primeira equipe a descer na Lua leva o
remédio na bagagem
1971 Médico americano, o Nobel John Vane descobre
como funciona a droga
1989 O americano C. Hennekens prova que o princípio
ativo pode prevenir males do coração
1999: No mundo inteiro, comemora-se os 100 anos da
aspirina
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"Uma mistura preparada com 50 partes de ácido
salicílico e 75 partes de anidrido acético é aquecida por cerca de 2
horas a cerca de 500 C num balão de refluxo. Um líquido
claro é obtido do qual, quando resfriado, é extraído uma massa
cristalina, que é o ácido acetilsalicílico. O excesso de anidrido
acético é extraído por pressão e o ác. acetilsalicílico é
recristalizado em clorofórmio seco." Estas foram as
anotações do caderno de Felix Hoffmann, um químico da Bayer, que, em
1897, sintetizou o AAS a partir do ác. salicílico. A Bayer mandou o
produto para testes médicos e os resultados foram impressionantes.
Aspirina Forte = AAS + Cafeína
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Ao lançar o produto no mercado (mesmo sem patente, ainda), Bayer
mandou um livreto de 200 páginas para 30.000 médicos europeus,
mostrando as vantagens da nova droga. Foi o primeiro evento de
mala-direta da história. Em 1899, finalmente, a Bayer obteve a
patente do produto. A aspirina logo ganhou muitos adeptos, mas tinha
uma desvantagem - era pouco solúvel em água e sua forma comercial
era em pó. Mais uma inovação da Bayer: para resolver o problema,
aspirina passou a ser vendida em tabletes. Foram os primeiros
tabletes da história da medicina!
A maior caixa de Aspirina do mundo:
120 metros de altura!
Em Leverkusen , Alemanha.
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Hoje o
maior uso da aspirina é no combate de cardiopatologias e doenças
cardiovasculares. Além disso, a aspirina é utilizada no tratamento
de câncer, diabetes, mal de Alzheimer e migrainas.
Aspirina:
ORIGEM DO NOME |
"A" = acetyl
"SPIR" = ácido spireico, um composto derivado da
planta Spiraea ulmaria, e quimicamente idêntico ao
ácido acetilsalicílico. Uma lenda diz que o nome vem
do Santo Aspirinus, que era o Bispo de Nápolis, e o
padroeiro das dores de cabeça. |
Seu maior efeito colateral é a agressão ao trato gastrointestinal.
Scruton adicionou CaCO3 ao AAS, tamponando a aspirina.
Isto também foi feito com MgO e MgCO3. A tamponação da
aspirina mostrou-se eficaz na diminuição da agressão
gastrointestinal. Outra idéia foi a encapsulação da aspirina com uma
fina membrana de etil celulose, impedindo que o AAS fosse dissolvido
no estômago, mas somente no intestino.
Mesmo em um mercado altamente competitivo, e com inovações
tecnológicas aparecendo a cada dia, a aspirina continua como líder
absoluto de seu segmento, e suas vendas aumentam a cada ano. Este
fármaco merece, sem sobra de dúvida, o título dado pela revista
americana Newsweek: "A Droga Maravilha".
aspirina://VIDE-BULA:
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MECANISMO DE AÇÃO: a aspirina interfere na síntese da
prostaglandina (o hormônio responsável pela dor e
inflamação) por inibir a enzima ciclooxigenase. Os efeitos
antipiréticos resultam da inibição da síntese da
prostaglandina no hipotálamo. A aspirina também aumenta a
vasodilatação e o suor. A inibição da ciclooxigenase também
resulta numa diminuição da agregação de plaquetas no sangue,
prolongando o sangramento.
FARMACOCINÉTICA:
a aspirina é rapidamente absorvida no trato
gastrointestinal. O fármaco é parcialmente hidrolizado para
o salicilato na primeira passagem pelo fígado e amplamente
distribuida pela maioria dos tecidos. Efeitos tóxicos
relevantes somente ocorrem de a dosagem for maior que
400mg/ml de sangue. A aspirina é metabolizada para
salicilato (99%), e o tempo de meia-vida na eliminação é de
15 minutos.
Salicilato e seus metabólitos são excretados primariamente
pelos rins.
CONTRAINDICAÇÕES:
não deve ser administrada em crianças com varicela (pode
provocar a síndrome de Reye).
Pode prolongar hemorragias, pois inibe a coagulação
plaquetária; não deve ser ministrada a pacientes com
hemofilia. Pode agravar casos de úlcera gástrica ou péptica.
Se consumida com álcool, regularmente, pode vir a provocar
ulcerações. |
aspirina://
A
DOR:
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A dor é a parte mais importante do sistema de alarme de
nosso corpo que chama nossa atenção
para qualquer distúrbio de saúde ou ferimento. Distribuido
ao longo de nosso corpo, estão milhares de minúsculos
terminais nervosos, que são sensíveis estímulos mecânicos,
elétricos, térmicos e químicos. A substância química capaz
de estimular estes terminais é a prostaglandina, cuja
biossíntese é inibida pela aspirina. |
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04/03/19
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