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GRIPE SUÍNA
Moradores da Cidade do México Represetação do vírus H1N1
O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A GRIPE SUÍNA? Veja alguns dados importantes sobre a gripe suína e entenda melhor o mecanismo desta doença Porém, muito está sendo dito nos meios de comunicação, muitos termos técnicos sobre o vírus invadem a mídia e a população, pra variar, fica confusa, sem as informações realmente importantes.
O porco é o reservatório natural desta nova linhagem de vírus da gripe. Conheça, então, algumas informações relevantes que todos deveriam saber sobre esta doença:
1) O que é a gripe? A gripe é uma doença respiratória causada pelo vírus Influenza e que pode ter três tipos: A,B e C, sendo o tipo A o mais sujeito a mutações e, por consequência o tipo de vírus de gripe mais preocupante e que mais prejuízos traz à saúde humana. O Influenza é um vírus que apresenta RNA como material genético e sua cápsula protéica externa é formada principalmente por duas proteínas muito importantes, a Hemaglutinina (H) e Neuraminidase (N), cuja função é ajudar o vírus a se acoplar às células que irá parasitar para se reproduzir.
Representação artística do vírus Influenza A (H1N1). Note
o arranjo das proteínas na parte externa da cápsula A identificação do tipo de vírus é feita de acordo com os diferentes tipos destas proteínas em cada vírus, por isso as linhagens do Influenza são nomeadas pelas letras HN, como H1N1, H3N2, H5N1, etc.
Micrografia de transmissão eletrônica do vírus Influenza H1N1 do tipo A.
2) Qual a característica desta gripe suína? O vírus Influenza H1N1 tipo A é o responsável pelo surto atual de gripe no México e está sendo chamado de “gripe suína” pois o RNA viral possui trechos iguais ao H1N1 que afeta os porcos, além de ter traços também do RNA viral da linhagem das aves e da linhagem humana. Tudo indica que houve o que os biólogos denominam de “shift”, quando dois vírus Influenza de linhagens diferentes entram numa célula, misturam seu material genético e se recombinam criando uma linhagem nova, totalmente estranha ao nosso sistema imunológico, fazendo com que as vacinas não funcionem. E são justamente as células dos porcos e das galinhas que são responsáveis por intermediar essa recombinação dos vírus da gripe.
3) Por que o atual surto de gripe suína é perigoso? Como foi citado, a recombinação viral ocorrida nos porcos e nas aves gera variedades novas e estranhas ao nosso sistema imunológico e por isso mesmo a ocorrência de uma epidemia é tão preocupante pois não há tempo hábil para se desenvolver uma vacina que seja eficaz rapidamente. A Organização Mundial de Saúde alerta que outro fator preocupante é a agressividade do vírus que tem atacado pessoas jovens com o sistema imunológico forte, ao contrário da maioria das epidemias de gripe que afetam principalmente crianças e idosos.
4) Existe risco de pandemia de gripe suína?
A
pandemia ocorre quando se perde o controle sobre o surto de uma doença e
esta se espalha por todo o mundo. Quando uma nova cepa de gripe começa
infectar pessoas e quando ela adquire a capacidade de passar de pessoa a
pessoa, ela pode iniciar uma pandemia. A última pandemia foi registrada em
1968 e matou cerca de 1 milhão de pessoas.
5) O vírus já chegou ao Brasil? Não há registros da entrada do vírus no Brasil e o Ministério da Saúde já está tomando as medidas necessárias para impedir a entrada do vírus no país e colocou equipes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nos aeroportos que controlarão os passageiros vindos do México e dos Estados Unidos. Por isso, não há motivo para pânico!
6) Existe risco de infecção por ingestão de carne suína? Não! Os especialistas afirmam ser praticamente improvável a infecção pela ingestão de carne de porco ou de qualquer um de seus produtos derivados. A veiculação do vírus é pelas vias aéreas e ele se dissemina através do contato com secreções de pessoas contaminadas.
7) Existe tratamento para este tipo de vírus? Não existem muitos medicamentos antivirais eficazes, pois os vírus facilmente se tornam resistentes a essas drogas e os remédios que existem são caros e não estão acessíveis para a maioria da população. Como os vírus da gripe sofrem mutações frequentes, a criação em tempo hábil de uma vacina que faça efeito e que possa ser aplicada em toda a população também não é um processo simples de ser feito.
8) As pessoas podem se prevenir de alguma forma?
Primeiramente, repetindo, não se deve entrar em pânico!
Evite
aglomerações de pessoas, lugares fechados e sem ventilação.
9) Quais os sintomas da gripe suína? Os sintomas são praticamente os mesmos de uma gripe comum: febre repentina, tosse, fortes dores musculares e de cabeça, cansaço extremo, irritação nos olhos e secreção nasal. No surto atual de gripe suína os pacientes também apresentam diarréia e vômitos.
10) Resumindo temos...
Saiba mais.... O que significa a sigla A (H1N1), atribuída ao vírus da “gripe suína”? O vírus da influenza (gripe) é uma partícula esferoidal revestida por um envelope de dupla camada lipídica, proveniente da membrana plasmática da célula em que foi produzido. Dois tipos de espículas projetam-se para fora da superfície do envelope: um deles é formado pela proteína hemaglutinina (H) e o outro pela proteína neuraminidase (N). Em um único vírus, há cerca de 500 espículas H e 100 N. Abaixo do envelope há uma camada de proteína da matriz, que envolve o nucleoca-psídeo, conjunto que contém o material genético (8 segmentos de RNA) e também diversas proteínas. A infecção pelo vírus acontece quando espículas H ligam-se a receptores específicos da membrana plasmática das células hospedeiras. Após a ligação, o vírus entra na célula por endocitose e seu material genético é liberado no citoplasma. A estrutura celular é mobilizada para a produção de cópias do vírus, que “brotam” da membrana plasmática, levando consigo um envelope formado por trechos dessa membrana. (A destruição das células epiteliais respiratórias não se deve diretamente ao ciclo viral, mas a uma resposta imune do organismo, após reconhecer que tais células foram infectadas.) As proteínas H e N são fundamentais na infecção. É por meio da proteína H que ocorre o reconhecimento e a ligação à célula hospedeira. A proteína N atua em pelo menos dois eventos cruciais: 1. Para chegar às células hospedeiras, o vírus deve atravessar uma camada de muco protetor, produzido pelo sistema respiratório, com grande quantidade de proteínas que se ligam às espículas H. A proteína N é uma enzima que catalisa o rompimento dessa ligação, liberando o vírus para que atravesse o muco e atinja as células. 2. Quando novos vírus “brotam” da membrana plasmática, eles permaneceriam ligados a ela pelas espículas H, se não fosse pela atuação da enzima N, que catalisa o rompimento dessa ligação e libera os vírus.
Os vários vírus da influenza são classificados em três tipos A, B e C, de acordo com a composição química de proteínas internas (proteína da matriz e proteínas do nucleocapsídeo). Assim, os vírus de cada tipo compartilham antígenos que não existem nos outros dois tipos. Vírus B e C infectam apenas humanos. Entre os vírus A, há os que infectam humanos, os que infectam outras espécies de mamíferos e os que infectam aves. Os vírus do tipo A são divididos em subtipos, conforme a composição química das espículas ex- ternas, H e N. Já foram descritas 15 variedades de hemaglutinina (H1 até H15) e 9 de neuraminidase (N1 até N9). Na influenza humana ocorrem somente H1 a H3 e N1 e N2. Assim, por exemplo, há vírus humanos H1N1, H2N2 e H3N2. Os subtipos aviários ocorrem em diversas combinações. O surto de gripe aviária que figurou nas manchetes em 2005, por exemplo, foi de H5N1.
Como atuam as duas drogas que reduzem o progresso da infecção pelo A (H1N1)?
O oseltamivir e o zanamivir são inibidores de uma enzima importante no ciclo viral O vírus da “gripe suína” tem um diâmetro aproximado de 100 nm. De sua superfície projetam-se cerca de 600 espículas proteicas, cada uma com cerca de 10 nm de comprimento. Mais de 3/4 delas são da proteína hemaglutinina e as demais da proteína neuraminidase, ou sialidase.* O vírus se fixa à superfície de uma célula hospedeira do sistema respiratório (num primeiro passo para adentrá-la e infectá-la) por meio da ligação entre espículas de hemaglutinina e receptores específicos existentes na membrana plasmática, longas moléculas contendo uma extremidade de ácido siálico (ou ácido N-acetilneuramínico). Para chegar até uma célula hospedeira, o vírus deve atravessar uma camada de muco protetor, rico em glicoproteínas (proteínas associadas a carboidratos) e glicolipídios (lipídios associados a carboidratos) que têm extremidades de ácido siálico. A ligação das espículas de hemaglutinina do vírus com essas extremidades aprisionaria o vírus nesse muco. Aí entra em cena a neuraminidase viral. Ela atua como enzima na hidrólise da extremidade de ácido siálico, o que libera o vírus para chegar às células hospedeiras.
A atividade catalítica da neuraminidase também é importante quando novos vírus produzidos dentro de uma célula estão prontos para deixá-la. Ao sair, esses novos vírus ficariam aderidos aos receptores de ácido siálico da membrana plasmática. Mas isso não ocorre, graças à hidrólise dessas extremidades de ácido siálico sob ação da neuraminidase. Os dois únicos fármacos recomendados pela OMS para atenuar a infecção pelo A (H1N1) são o oseltamivir (comercializado como Tamiflu®) e o zanamivir (comercializado como Relenza®). O primeiro é administrado oralmente e o segundo por inalação. A utilização de tais fármacos deve ser realizada estritamente sob orientação e supervisão médica. No mês passado, a OMS enviou carregamentos de oseltamivir para 72 países, em quantidade para tratar 2,4 milhões de pacientes.
As moléculas de oseltamivir e de zanamivir têm certa semelhança tridimensional com a de ácido siálico e interagem eficientemente com a neuraminidase, ligando-se a ela e inibindo sua atividade catalítica. Assim, esses fármacos comprometem as etapas do ciclo viral que dependem da neuraminidase, reduzindo o progresso da infecção e dando maiores condições para que as defesas do organismo combatam o vírus. .
Este site foi atualizado em 04/03/19 |