Tóquio (14/03/2011) - As varetas de
combustível do reator nuclear 2 do complexo japonês
Fukushima Daiichi, atingido pelo terremoto de sexta-feira
(12), agora estão totalmente expostas, informou a operadora
da usina, a Tokyo Electric Power Co., citada pela agência de
notícias Kyodo.
As varetas, formato no qual o urânio é
moldado dentro do reator, haviam ficado expostas
parcialmente mais cedo, mas os especialistas conseguiram
estabilizar a situação, utilizando inclusive água do mar
para aumentar o nível de água do sistema de resfriamento.
A Tokyo Electric Power Co. diz que a
exposição ocorreu porque o canal de ventilação do vapor
produzido pelo aquecimento do reator foi fechada
acidentalmente nesta segunda-feira, causando uma nova e
repentina queda do nível de água de resfriamento.
Três dos seis reatores de Fukushima estão
aquecendo em níveis perigosos e as autoridades correm para
evitar um derretimento --que aumentaria o risco de danos ao
reator e de um possível vazamento nuclear, segundo
especialistas.
O maior temor é de um grande vazamento de
radiação do complexo em Fukushima, 240 quilômetros ao norte
de Tóquio.
O governo alertou as pessoas que vivem
num raio de 20 quilômetros em torno da usina a não saírem de
casa. Segundo a Kyodo, 80 mil pessoas foram retiradas da
área, somando-se a outros 450 mil desabrigados do terremoto
e do tsunami.
Os engenheiros trabalhavam
desesperadamente para resfriar as barras de combustível
nuclear na usina neste fim de semana, mas não conseguiram
evitar duas explosões no reator 3, por causa do acúmulo de
hidrogênio. A Tokyo Electric Power Co. disse que 11 pessoas
ficaram feridas na explosão.
A explosão foi similar à ocorrida no
sábado (13) no reator número 1 dessa unidade e, igual a essa
ocasião, não causou danos em seu recipiente primário nem
vazamento maciço de radiação, segundo o governo.
O porta-voz do governo, Yukio Edano,
afirmou mais cedo que os responsáveis pela unidade têm "tudo
preparado" para injetar água do mar no reator, a fim de
tentar controlar sua temperatura.
Especialistas nucleares disseram,
contudo, que é provavelmente a primeira vez em 57 anos da
indústria nuclear de que a água do mar tem sido usado desta
forma, num sinal de como o Japão pode estar próximo de um
acidente grave.
"A injeção de água do mar em um núcleo é
uma medida extrema", disse Mark Hibbs, do Fundo Carnegie
para a Paz Internacional. "Isso não está de acordo com os
manuais."
TÓQUIO (15/03/2011) - Um novo incêndio
foi declarado nesta terça-feira no reator 4 da central
nuclear de Fukushima 1, depois de uma forte explosão.
Segundo a Agência de Segurança Nuclear japonesa, duas
pessoas que trabalhavam no local para conter o vazamento
radioativo estão desaparecidas.
Detector de radiação mostra nível acima do
normal perto da estação de trem de Shibuya, em Tóquio
A usina de Fukushima 1 sofreu sérios
danos depois do terremoto de 9 graus de magnitude seguido de
tsunami que atingiu o Japão na sexta-feira. Os reatores 1 e
3 da instalação também já haviam sofrido explosões, no
sábado e na segunda-feira.
Na manhã desta terça-feira, o
primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, orientou a população
residente nos arredores da usina a ficar em casa, temendo
que estes fossem expostos à radiação. Toda a área num raio
de até 20 quilômetros do complexo foi isolada.
Antes da explosão do reator 4, a Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que, apesar
da liberação de radiação diretamente na atmosfera, a
radioatividade no entorno de Fukushima estava caindo. Em um
comunicado, o órgão disse que o nível de radiação passou de
11.900 microsieverts por hora às 9h desta terça-feira (21h
de segunda em Brasília) para 600 microsieverts seis horas
depois. A medida é usada para avaliar a radiação recebida
por pessoas.
A exposição a mais de 100 mil
microsieverts ao ano pode causar câncer, segundo a
Associação Nuclear Mundial. Segundo pesquisadores, durante
um exame de tomografia computadorizada, por exemplo, uma
pessoa recebe 12 mil microsieverts.
Segundo a Autoridade de Segurança Nuclear
Francesa (ASN), que acompanha de perto a crise, subiu de
quatro para seis - numa escala que vai até sete - a
classificação dos acidentes nucleares ocorridos no Japão. Já
o Institute of Science and International Security (Isis),
dos EUA, disse temer que o desastre atinja o nível máximo.
Em Tóquio, também foi detectado um
aumento dos níveis de radiação na região metropolitana. Os
índices não são alarmantes, mas a notícia espalhou o pânico
pela cidade. A situação também preocupou as companhias
aéreas, que cancelaram voos para a capital japonesa .
Por enquanto, não há ordem oficial de
retirada da região, mas as empresas multinacionais estão
avaliando planos de emergência para o deslocamento de
estrangeiros. Até o meio da tarde desta terça-feira (horário
local), a embaixada brasileira também não recomendava a
retirada da capital e informava estar seguindo as
orientações do governo japonês. De acordo com especialistas,
nas próximas horas o vento deve levar a radiação para o
Oceano Pacífico, atenuando os temores na capital nipônica.
(15/03/2011) Houve aumento na procura por iodeto
de potássio e outros potenciais antídotos desde
que os vazementos no reator japonês começaram.
O
medo
de
uma
precipitação
nuclear
transoceânica
por
conta
da
crise
japonesa
tem
levado
os
consumidores
a se
acotovelar
por
antídotos
à
radiação
nos
EUA
(noroeste
do
Pacífico)
e no
Canadá.
Mas
as
autoridades
norte-americanas
e
canadenses
disseram
nesta
terça-feira
que
o
medo
é
infundado
e
alertaram
que
as
pessoas
irão
se
expor
a
outros
problemas
médicos
sem
necessidade
ao
consumir
o
iodeto
de
potássio
que
elas
pensam
que
irá
protegê-las
contra
o
câncer.
As
farmácias
e
clínicas
holísticas
nos
estados
de
Washington,
Oregon
e
Colúmbia
Britânica
relataram
um
aumento
na
demanda
por
iodeto
de
potássio
e
outros
potenciais
antídotos
para
a
radiação
desde
que
os
vazamentos
no
reator
japonês
começaram.
"As
pessoas
estão
com
medo
e
preocupadas
pois
não
sabem
o
que
está
acontecendo",
disse
Leah
Adangfry
a
gerente
da
Rainbow
Natural
Remedies,
em
Seattle,
que
já
tem
até
lista
de
espera.
O
iodeto
de
potássio
(KI)
é
uma
forma
comum
de
sal,
similar
ao
sal
de
cozinha.
Pode
proteger
a
glândula
tireóide
da
radiação
e do
câncer
causado
por
iodo
radioativo.
Conhecido
quimicamente
como
KI,
ele
satura
a
glândula
com
iodo
não
radioativo,
reduzindo
a
quantidade
de
iodo
radioativo
que
ela
pode
absorver.
O
Japão
distribuiu
suprimentos
do
medicamento
na
área
da
usina
de
Fukushima,
onde
as
autoridades
lutam
para
evitar
um
vazamento
catastrófico
de
radiação
desde
que
foi
danificada
pelo
terremoto
de
9.0
pontos
na
semana
passada.
As
autoridades
americanas
e
canadenses
afirmam
que
há
pouco
risco
de
grande
exposição
à
radiação
na
costa
oeste
de
seus
países,
no
Havaí
ou
no
Alaska,
por
causa
da
vasta
distância
que
as
partículas
radioativas
teriam
de
viajar
por
sobre
o
oceano.
Elas
levariam
cinco
ou
seis
dias
para
alcançar
a
costa,
"tempo
suficiente
para
que
estejam
tão
dispersas
que
não
poderiam
ser
consideradas
como
risco",
afirmou
Perry
Kendall,
o
chefe
do
serviço
de
saúde
canadense.
TÓQUIO (16/03-2011) -Yukio Amano,
da AIEA, confirmou os danos em
três reatores da usina
O diretor da Agência
Internacional de Energia Atômica
da ONU (AIEA), Yukiya Amano,
confirmou nesta quarta-feira que
três reatores da usina nuclear
de Daiichi, na província
japonesa de Fukushima (leste do
país), foram danificados pelas
consecutivas explosões após o
terremoto que atingiu o país.
O tremor de magnitude 8,9 e o
tsunami que se seguiu a ele na
sexta-feira provocaram panes no
sistema de resfriamento dos
reatores e aumentaram o risco de
vazamentos de radiação.
"A situação na usina de
Fukushima Daiichi é muito séria.
Danos nos núcleos de três
unidades, os reatores número 1,
número 2 e número 3, foram
confirmados. Mas não houve
mudanças significativas desde
ontem (terça-feira). Os núcleos
permanecem cobertos", disse
Amano em uma coletiva.
"Não sabemos a situação exata
nos recipientes dos reatores,
mas a pressão de dentro se
mantém acima da pressão
atmosférica. Isso sugere que
eles permanecem praticamente
intactos."
O diretor da AIEA afirmou
ainda que irá ao Japão
pessoalmente na quinta-feira e
que, no momento, ainda não é
possível dizer que a situação
nuclear esteja fora de controle
no país - como disse na
terça-feira o comissário de
Energia da União Europeia,
Günther Oettinger.
Em pronunciamento para um
comitê do Parlamento Europeu,
Oettinger alertou para o fato de
que "nas próximas horas, podem
acontecer novos eventos
catastróficos que poderiam
ameaçar as vidas das pessoas" no
Japão.
Também nesta quarta-feira, o
secretário de energia dos
Estados Unidos, Steven Chu disse
que a situação em Daiichi
parecia mais séria do que o
derretimento do núcleo de um dos
reatores da usina de Three Mile
Island, no Estado americano da
Pensilvânia, em 1979.
Por causa de um problema no
sistema de resfriamento, o
núcleo da usina americana
derreteu, mas o vazamento de
pequenas quantidades de radiação
não foi prejudicial aos
moradores da região.
O Pentágono disse que está
distribuindo pastilhas de iodeto
de potássio ao soldados em suas
bases militares no Japão, como
medida de prevenção contra os
efeitos da exposição ao material
radioativo na região.
(16/03/2011) Os níveis de radiação no Japão continuavam a
representar uma preocupação enorme nesta quarta-feira, após
as explosões e os incêndios na usina nuclear de Fukushima.
Mas não há indicações de que pessoas que não estavam nas
redondezas imediatas da usina tenham sido expostas a níveis
prejudiciais de radiação.
Nível de radiação a qual estamos expostos e seus efeitos
Seguem
algumas
informações
sobre os perigos
da radiação para
a saúde:
* Na noite de
terça-feira, os
níveis de
radiação em
Tóquio e
redondezas eram
inferiores a 1
microsievert.
Embora isso seja
quase dez vezes
o nível normal,
especialistas
dizem que essa
quantidade de
radiação é
mínima, menor
até que a
radiação emitida
por uma
radiografia
odontológica,
que é de
aproximadamente
10 microsieverts.
* Mesmo que
uma pessoa fosse
exposta a esse
nível de
radiação em
Tóquio durante
um ano inteiro,
equivaleria a
mais ou menos um
terço da
radiação emitida
por uma única
tomografia
computadorizada
de um órgão.
* As pessoas
são
constantemente
expostas a algum
nível de
radiação
natural. São
expostas a
quantidades
muito pequenas
quando se sentam
em aviões, fazem
radiografias
rotineiras do
tórax ou
odontológicas, e
a quantidades
maiores quando
fazem exames
médicos como
tomografias
computadorizadas
e ressonâncias
magnéticas.
Dependendo da
rota de um vôo,
voar à altitude
de 12 mil metros
expõe o
passageiro a
radiação de
entre 3 e 9
microsieverts
por hora --muito
mais alta do que
os níveis
detectados em
Tóquio até
agora.
* As pessoas
geralmente são
expostas a entre
1 e 10
milisieverts de
radiação por
ano, vinda da
radiação natural
de fundo que é
provocada por
substâncias
radiativas
presentes no ar
e no solo. Mil
microsieverts
compõem 1
milisievert.
* Uma
tomografia
computadorizada
de corpo
inteiro, por
exemplo, emite
uma dose de
radiação de 20 a
30 milisieverts,
enquanto uma
tomografia
computadorizada
de um único
órgão envolve
uma dose de
menos de 10
milisieverts.
* A radiação
é medida usando
a unidade
sievert, que
quantifica a
quantidade de
radiação
absorvida pelos
tecidos humanos.
Um sievert
equivale a 1.000
milisieverts.
* Na manhã da
quarta-feira, os
níveis de
radiação na
usina de
Fukushima
atingiram 10
milisieverts, e
uma hora mais
tarde caíram
para cerca de 3
milisieverts,
teria dito a
agência japonesa
de segurança
nuclear, segundo
a agência de
notícias Kyodo.
Na manhã da
terça-feira o
nível chegou a
400 milisieverts
por hora, o
máximo atingido
na crise atual
-- 20 vezes a
exposição anual
a radiação
sofrida por
alguns
profissionais da
indústria
nuclear e
mineiros que
trabalham na
extração de
urânio.
Seguem abaixo
alguns níveis
diferentes de
exposição a
radiação, todos
medidos em
milisieverts, e
seus efeitos
prováveis em
humanos. Os
dados são da
Agência de
Proteção
Ambiental dos
EUA.
* Exposição a
entre 50 e 100
milisieverts:
mudanças na
composição do
sangue.
* 500: náusea
que se manifesta
em questão de
horas.
* 700:
vômitos.
* 750: queda
de cabelos que
se manifesta em
entre 2 a 3
semanas.
* 900:
diarreia.
* 1.000:
hemorragia.
* 4.000:
possível morte
no prazo de dois
meses, se a
vítima não
receber
tratamento.
* 10.000:
destruição da
parede
intestinal
interna,
hemorragia
interna e morte
em entre 1 e 2
semanas.
* 20.000:
danos ao sistema
nervoso central,
perda de
consciência em
questão de
minutos e morte
no prazo de
horas ou dias.
Fontes:
Conselho de
Energia Atômica
de Taiwan,
Associação
Nuclear Mundial,
Departamento de
Transportes dos
EUA e Agência de
Proteção
Ambiental dos
EUA.
(17/03/2011) O Japão informou nesta quinta-feira que
engenheiros conseguiram colocar um cabo de energia da rede
externa do reator 2 da usina nuclear de Fukushima Daiichi,
em meio a uma bem sucedida operação para esfriar o reator 3.
Os avanços são uma boa notícia em meio aos esforços do
governo japonês para conter uma catástrofe nuclear.
"Eles planejam religar a energia na unidade
2 assim que o lançamento de água sobre o
reator 3 estiver finalizado", disse a AIEA
(Agência Internacional de Energia Atômica),
em um comunicado, com base em informações
cedidas pelo governo japonês.
O cabo, de mil metros de extensão, ligará
a rede principal de energia ao reator para
tentar reativar o funcionamento das bombas
de água responsáveis pelo resfriamento do
reator 2 --que foram desligadas depois do
terremoto e tsunami da última sexta-feira
(11).
A agência nuclear do Japão disse que o
reator 2 foi o primeiro a receber
eletricidade porque sua cobertura não foi
afetada.
Segundo a agência de notícias japonesa
Kyodo, a tentativa inédita de esfriar a
piscina de combustível usado do reator com
toneladas de água também foi bem sucedida.
As equipes lançaram cerca de 64 toneladas
de água com helicópteros e caminhões de
combate a incêndio das Forças de Autodefesa
(equivalente ao Exército). Um caminhão com
jato de água da Polícia Metropolitana,
utilizado para conter motins, também foi
utilizado na operação.
A companhia disse que o vapor que saía do
reator 3, parcialmente destruído, estava
menos tóxico, o que sugere que a piscina foi
efetivamente resfriada. Caso a temperatura
não tivesse diminuído, a piscina emitiria um
número maior de materiais radioativos.
Em outro sinal do sucesso da operação, a
empresa não registrou mudanças
significativas nos níveis de radioatividade.
A Kyodo informa que os funcionários passaram
por exames e que nenhum problema de saúde
foi registrado.
Durante a reunião da cúpula da
força-tarefa o primeiro-ministro japonês,
Naoto Kan, agradeceu a equipe pelo empenho
nas "operações tão perigosas".
MAIS ÁGUA
Diante do sucesso da operação, o
secretário do Gabinete Yukio Edano disse a
repórteres que o lançamento de água deve
continuar nesta sexta-feira. O objetivo
primário é impedir qualquer vazamento
massivo de materiais radioativos da piscina
para o ar.
A mesma fumaça branca vista no reator 3
foi confirmada no reator 2, sugerindo que a
piscina de combustível usado também pode
estar em ebulição.
O aumento da temperatura da água desta
piscina, normalmente de 40ºC, faz com que a
água se dissipe e exponha as varetas de
combustível nuclear usado. Sem o líquido,
que as isola do exterior, elas ficam então
suscetíveis às altas temperaturas e podem
derreter. No pior dos cenários, podem
liberar material altamente radioativo.
Apesar das boas notícias, cresce a
preocupação que o mesmo processo esteja
ocorrendo no reator 4, já que a piscina
teria ficado exposta com a explosão de
hidrogênio no começo da semana. Segundo a
agência nuclear japonesa, os esforços de
injeção de água fria vão focar também neste
reator.
SÉRIO, MAS ESTÁVEL
Mais cedo, A AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica) informou que a situação
nos reatores danificados da usina nuclear
continua sendo "muito séria", embora não
tenha piorado desde a última quarta-feira
(16).
Graham Andrew, assessor do diretor-geral
da AIEA, declarou à imprensa que a situação
no reator quatro da usina é a 'de maior
preocupação', já que não se sabe nada sobre
o nível de água nos reservatórios de
combustível nuclear e nem sobre sua
temperatura desde 14 de março. Os
especialistas da AIEA não descartam que
esteja fervendo, o que aumentaria
drasticamente a temperatura e pressão e
poderia causar uma explosão.
A situação dos reatores 1, 2 e 3 é
"relativamente estável", disse Andrew. Já a
temperatura nas piscinas de resíduos
nucleares dos reatores 4, 5 e 6 é muito
superior ao permitido, chegando ao triplo do
recomendado.
Em todo caso, o especialista da AIEA
advertiu que ainda é 'muito cedo' para poder
dizer que há esperança para a crise nuclear
em Fukushima.
"É provável que [a situação] não tenha
piorado, mas ainda é possível que piore. Não
quero especular", disse Andrew, que está a
caminho do Japão, onde o diretor-geral,
Yukio Amano, pretende visitar pessoalmente o
local.
(18/03/2011) Vazamento de radiação em Fukushima preocupa
autoridades europeias.
Especialistas
franceses
afirmam que uma
nuvem radioativa
causada pelas
explosões na
central de
Fukushima
Daiichi, no
Japão, deverá
chegar à Europa
na próxima
semana, mas
estimam, no
entanto, que ela
não será nociva
à saúde.
Segundo
Jean-Marc Peres,
chefe do serviço
de fiscalização
da
radioatividade
no meio ambiente
do Instituto de
Radioproteção e
Segurança
Nuclear (IRSN)
da França, "é
muito provável"
que a nuvem seja
detectada a
partir da
próxima semana
no território
francês".
O IRSN criou
o site "Criter
Japon", que
permite à
população ter
acesso ao nível
de radiação na
França. A
radiação é
medida por
sensores
espalhados pelo
país quase em
tempo real, com
apenas uma hora
de defasagem em
relação à coleta
dos dados.
O site mostra
as áreas do país
onde estão
situados os
sensores, e
legendas em
cores explicam
os níveis de
radioatividade.
O site "Criter
Japon" tem tido
"um número tão
grande de
acessos" que tem
ficado fora do
ar, informa o
IRSN.
O
especialista do
instituto
afirma, no
entanto, que em
razão do
fenômeno de
dispersão das
partículas
radioativas
durante o
trajeto de
vários milhares
de quilômetros
entre o Japão e
a Europa, " é
certo que o
nível de
radioatividade
da nuvem ficará
abaixo do limite
nocivo à saúde".
Em um debate
no Parlamento
francês na
quarta-feira, a
ministra do Meio
Ambiente,
Nathalie
Kosciusko-Morizet,
também não
excluiu a
possibilidade de
que a Europa
seja afetada
pelo acidente
nuclear em
Fukushima, mas
afirmou que o
impacto
radioativo "não
deverá causar
problemas".
O governo
francês pediu na
quarta-feira ao
órgão
responsável por
urgências de
saúde no país
para fazer um
levantamento do
estoque de
pastilhas de
iodo na França,
substância que
impede que a
radioatividade
tenha efeitos
sobre a tiroide.
O objetivo,
segundo as
autoridades, é
determinar se a
França está
pronta para
enfrentar a
passagem de uma
nuvem
radioativa, ou
mesmo uma
catástrofe
nuclear.
Segundo
jornais
franceses,
várias pessoas
já procuraram
comprimidos de
iodo em
farmácias.
O presidente
francês, Nicolas
Sarkozy,
organizou na
quarta-feira uma
reunião
ministerial de
crise sobre a
ameaça nuclear
no Japão.
"A situação é
extremamente
preocupante,
muito grave",
disse Sarkozy.
O ministro do
Interior, Claude
Guéant, anunciou
nesta
quinta-feira que
a França "está
pronta" para
acolher
japoneses que
precisem de
cuidados médicos
por conta de
exposição à
radiação.
"Temos
hospitais
especializados,
com serviços de
hematologia
adaptados. Os
franceses que
foram
repatriados do
Japão também
terão, claro, um
acompanhamento
médico
específico",
disse o
ministro.
TÓQUIO (19/03/2011) - O
chefe de gabinete Yukio Edano declarou neste
sábado que o governo japonês foi informado,
na sexta-feira, que níveis mais altos de
radiação foram detectados no leite fresco de
vacas em uma fazenda de Fukushima. Na
quinta-feira (e só anunciado hoje) o governo
soube que iodo radioativo (131) além do
limite-padrão também foi encontrado na água
de torneira da cidade. Em Kawamata, a 45
quilômetros a noroeste da usina nuclear, o
leite também estava contaminado, o que
aumenta a preocupação com contaminação na
região.
Mulher coleta água em
vazamento, que pode estar contaminada em
iodo-137 radioativo, na cidade de Ishimaki,
na província de Miyagi.
Na manhã deste sábado, o
governo recebeu informação que seis amostras
de espinafre testadas por um instituto de
pesquisa em Ibaraki estavam contaminadas com
alto nível de radiação. Níveis de iodo no
espinafre excederam limites de segurança em
três a sete vezes, afirmou uma autoridade.
Testes no leite feitos na quarta-feira
detectaram pequenas quantidades de iodo-131
e césio-137, este último um elemento que
pode causar muitos tipos de câncer. Mas
apenas iodo foi detectado na quinta-feira e
na sexta-feira, segundo um funcionário do
Ministério da Saúde.Uma amostra de água
em Tóquio também apontou um pequeno nível de
iodo radioativo: 1,5 becquerel por quilo de
iodo 131 - bem abaixo do limite tolerável
para alimentos e bebidas de 300 becquerels
por quilo.
A substância também foi
encontrada na água das províncias de Tochigi,
Gunma, Niigata, Chiba e Saitama, sendo que
traços de césio-137 também foram encontrados em
duas delas (Tochigi e Gunma), mas o
Ministério da Educação, Cultura, Esportes,
Ciência e Tecnologia declarou que os níveis
não afetam a saúde humana, mesmo se a
substância for ingerida.
O Comitê de Segurança
Nuclear do Japão limita a ingestão do iodo
radioativo em 300 becquerels por quilograma
de água e de césio em 200 becquerels.
O Ministério da Saúde
japonês pediu à Prefeitura de Ibaraki para
determinar a procedência das amostras de
espinafre e sua rota de distribuição. A
prefeitura também foi convidada a tomar
medidas no âmbito da Lei de Higiene
Alimentar, incluindo, se necessário, a
proibição das vendas. Edano disse que o
governo vai realizar testes adicionais para
que possa rapidamente determinar se deve
tomar medidas de restrição sobre a
distribuição e o consumo.
O governo japonês planeja
compilar dados dos níveis de radiação na
água de torneira de todas as províncias uma
vez por dia, a princípio. Além disso, serão
anunciados os níveis de precipitação
atmosférica, como chuva e poeira.
Em nota, a Agência
Internacional de Energia Atômica (IAEA, na
sigla em inglês) declarou que "embora o iodo
radioativo (131) tenha uma vida média curta
de cerca de oito dias e o declínio natural
aconteça em semanas, há um risco a curto
prazo para a saúde humana se o iodo-131 for
absorvido através da comida".
(21/03/2011) Densas nuvens de fumaça
sobre a usina de Fukushima aumentaram o medo
de um colapso e fizeram trabalhos serem
suspensos temporariamente. Tóquio proibiu a
venda de leite e espinafre originados dos
arredores da central.
Reatores voltam a fumegar em Fukushima
A densa fumaça sobre a usina nuclear de
Fukushima aumentou na segunda-feira
(21/03) os receios de um colapso no
Japão. Após os trabalhos terem sido
suspensos temporariamente devido a uma
nuvem de fumaça proveniente do reator 3,
outra coluna começou a sair do reator 2.
Os funcionários, no entanto, afirmaram
ser improvável que a fumaça tenha
conexão com os esforços para reativar o
fornecimento de energia dos reatores.
Enquanto a população teme uma chuva
ácida, o governo proibiu a venda de
leite e espinafre em quatro províncias
nos arredores da usina. Soldados e
bombeiros continuaram na usina suas
tentativas para resfriar os reatores com
água. Os técnicos conseguiram no fim de
semana que a unidade 2 fosse reconectada
à rede elétrica. Os sistemas de
refrigeração, entretanto, ainda não
haviam entrado novamente em operação.
Alimentos e água
contaminados
Alimentos e água contaminados
representam agora problemas adicionais
para a população japonesa. Em quatro
províncias, o governo proibiu a venda e
a exportação de leite e espinafre,
devido à contaminação com radiação. Um
porta-voz da Organização Mundial da
Saúde (OMS) disse, no entanto, que os
alimentos que foram brevemente expostos
à radioatividade não representam um
risco para a saúde a curto prazo.
Tóquio
proibiu venda alimentos
de áreas próximas a
Fukushima
Depois que sábado foram atestados níveis
ligeiramente elevados de iodo radioativo
e césio na água potável em Tóquio, foi
detectada na segunda-feira uma cota de
iodo radioativo mais de três vezes
superior ao limite legal em uma aldeia
situada a 40 quilômetros da central de
Fukushima. Como precaução, o Ministério
da Saúde do Japão aconselhou os
moradores da região a não beberem a
água.
Uma chuva prolongada e forte prejudicou
os trabalhos de resgate e alimentou os
temores de contaminação radioativa.
Devido às condições meteorológicas, o
primeiro-ministro japonês, Naoto Kan,
cancelou uma visita aos sítios do
desastre no nordeste do Japão. "Não
podemos voar com helicópteros sob uma
chuva como esta", disse um representante
da província de Miyagi, a mais atingida
pelo desastre.
Custos de até 166
bilhões de euros
O número oficial de mortos e
desaparecidos após o terremoto e o
tsunami alcança quase 22 mil. O Banco
Mundial estimou os prejuízos em
consequência das catástrofes naturais no
Japão em até 166 bilhões de euros.
Leite e espinafre
apresentaram altos
níveis de contaminação
Entretanto, segundo o economista-chefe
da instituição, Vikram Nehru, a economia
japonesa deve se recuperar de forma
relativamente rápida. Ele disse que os
japoneses contam com a experiência do
terremoto de Kobe, em 1995. A agência
americana de classificação de risco
Moody's vê o país retomando o
crescimento já no segundo semestre de
2011.
Porém os esforços de reconstrução podem
provocar a alta dos preços do petróleo,
gás e outras matérias-primas, alertou o
Banco Mundial, ao apresentar, em
Cingapura, uma nova análise de
conjuntura econômica para o Leste
Asiático e a região do Oceano Pacífico.
No entanto, é cedo demais para avaliar
os efeitos sobre a economia das usinas
nucleares danificadas e da contaminação
radioativa.
Segundo o estudo da Moody's, as
consequências mais sérias do desastre
deverão se limitar ao primeiro semestre
do ano. Devido ao enorme investimento na
reconstrução, o Produto Interno Bruto
japonês deverá crescer novamente no
segundo semestre. É possível um
crescimento de 1% neste ano e de 2,3% em
2012.
Veja abaixo uma lista de palavras e
expressões usadas no vocabulário atômico que pode ajudar a
entender melhor a crise nuclear no Japão após terremoto e
tsunami.
FUSÃO DO NÚCLEO: É uma
avaria grave do núcleo do reator devido a um
superaquecimento. A fusão do núcleo ocorre quando uma falha
grave no sistema da central impede a refrigeração adequada.
Sem esse resfriamento, os suportes que contêm o combustível
nuclear se aquecem até chegar a um derretimento. Essa
situação gera um perigo enorme, pois acarreta o risco de que
o material radioativo (o combustível nuclear) seja expelido
para a atmosfera. Além disso, a fusão deixa o reator
instável.
REATOR NUCLEAR:
Instalação em que se inicia, se mantém e se controla uma
reação nuclear em cadeia. Existem dois tipos: o reator
(nuclear) de água a pressão, que é um reator refrigerado com
água natural a uma pressão superior à da saturação, para
impedir a ebulição; e o reator de água em ebulição,
resfriado com água natural que é levada a ferver no núcleo,
em grande quantidade.
CONTENÇÃO: É a estrutura
que envolve o núcleo, construído com paredes de concreto
armado e aço.
VASO DE PRESSÃO:
Recipiente que contém o núcleo de um reator nuclear, com
cápsulas de combustível, refletor (que reduz o escapamento
de nêutrons, aumentando a eficiência do reator), água
radioativa e parte do refrigerador, entre outros.
VARETA DE COMBUSTÍVEL:
Invólucro que contém as barras de combustível. É um
recipiente hermético que abriga o combustível nuclear.
Impede a saída dos produtos da fissão e garante a
resistência mecânica que assegura a integridade do
combustível. É localizada no interior do vaso de pressão.
BARRAS DE COMBUSTÍVEL: É
o combustível nuclear disposto em forma de barra, formado
por pastilhas; situada no interior da vareta.
FUSÃO NUCLEAR: Reação
entre núcleos de átomos leves que resulta em formação de
outro núcleo, mais pesado. O processo é acompanhado da
emissão de partículas elementares e energia.
FISSÃO NUCLEAR: Reação
nuclear na qual ocorre a ruptura de um núcleo pesado,
geralmente originando dois fragmentos cujos tamanhos são da
mesma ordem de magnitude. Nesse processo, executado
rotineiramente em usinas nucleares, são emitidos nêutrons e
é liberada grande quantidade de energia.
CIRCUITO DE REFRIGERAÇÃO EXTERNO:
Circuito de água que se extrai de uma fonte natural, usado
para condensar o vapor de água uma vez que esse movimentou a
turbina (de forma semelhante à de qualquer outra central
térmica de carvão, óleo combustível ou gás). A água, que
nunca entra em contato com o combustível nuclear, é
devolvida ao rio, à barragem ou ao mar, a uma temperatura
superior à que foi extraída.
Qual é a escala do vazamento de material radioativo?
O governo japonês afirmou que os níveis de radiação após as explosões na usina de Fukushima podem afetar a saúde humana. Foram detectados níveis de radiação mais altos ao sul da instalação. Moradores que vivem em um raio de 30 km da usina foram aconselhados a deixar suas residências ou permanecer em casa a portas fechadas para evitar exposição. Em Tóquio, os níveis estariam acima do normal, mas sem apresentar riscos à saúde. Na segunda-feira, as autoridades em Fukushima haviam informado que 190 pessoas foram expostas a radiação e um navio militar americano, o porta-aviões USS Ronald Reagan, havia detectado baixos níveis de radiação a uma distância de 160 km da usina de Fukushima.
O vazamento pode se espalhar para os países vizinhos?
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) descreveu o vazamento como um evento de nível quatro em uma escala internacional, o que significa um incidente "com consequências locais". Na Rússia, por exemplo, não foram detectados níveis anormais de radiação e por ora o problema não representa um problema para outras partes do mundo.
Que tipo de material radioativo escapou?
As informações são de que houve vazamento de isótopos de césio e iodo nas redondezas da usina. Especialistas dizem que seria natural haver também um escape de isótopos de nitrogênio, argônio e estrôncio. Mas não há evidências de que tenham escapado plutônio ou urânio.
Qual é o risco destas substâncias radioativas para a saúde?
Em um primeiro momento, a exposição a níveis moderados de radiação pode resultar em náusea, vômito, diarreia, dor de cabeça e febre. Em altos níveis, essa exposição pode incluir também danos possivelmente fatais aos órgãos internos do corpo. No longo prazo, o maior risco do iodo radioativo é o câncer, e as crianças são potencialmente mais vulneráveis. A explicação para isso é que, nas crianças, as células estão se multiplicando e reproduzindo mais rapidamente os efeitos da radiação. O desastre de Chernobyl, em 1986, resultou em um aumento de casos de câncer de tireóide (região em que o iodo radioativo absorvido pelo corpo tende a se concentrar) na população infantil da vizinhança da usina.
Há prevenção e tratamento?
Sim, é possível prevenir o problema com pastilhas de iodo não-radioativo, porque o corpo não absorve iodo da atmosfera se já estiver "satisfeito" com todo o iodo de que necessita. Especialistas dizem que a dieta dos japoneses já é rica em iodo, o que ajuda na prevenção. Césio, urânio e plutônio radioativos são prejudiciais, mas não atacam nenhum órgão do corpo em particular. O nitrogênio radioativo se dissipa em segundos após a sua liberação, e o argônio não apresenta riscos para a saúde.
Como se deu o vazamento do material radioativo?
A usina de Fukushima teve problemas com o sistema de resfriamento de seus reatores, que superaqueceram. A produção de vapor gerou um acúmulo de pressão dentro do reator e a consequente liberação de pequenas quantidades de vapor. Para especialistas, a presença de vapores de césio e iodo - que resultam do processo de fissão nuclear - sugere que o invólucro de metal que guarda alguns dos bastões de combustível pode ter se quebrado ou fundido. Mas o combustível de urânio em si tem um altíssimo ponto de fusão e é improvável que tenha se liquefeito, e ainda mais improvável que tenha se convertido em vapor.
Apesar de alarme, especialistas dizem que 'novo Chernobyl' é improvável
De que outras formas pode haver vazamento?
Como plano de contingência, os técnicos estão usando água do mar para resfriar os reatores. Na passagem pelo reator, esta água é contaminada. Ainda não está claro se o líquido ou parte dele foi liberado na natureza.
Quanto tempo vai durar a contaminação?
O iodo radioativo se dissipa rapidamente e a estimativa é de que a maior parte terá se dissipado em um mês. O césio radioativo não permanece no corpo por muito tempo - a maior parte terá saído em um ano. Entretanto, a substância fica no ambiente e pode continuar a representar um risco por muitos anos.
Pode haver um desastre nos moldes de Chernobyl?
Especialistas dizem que essa possibilidade é improvável. As explosões ocorreram do lado de fora do compartimento de aço e concreto que envolve os reatores, que aparentemente permanecem sólidos. Foram danificados apenas o teto e os muros erigidos ao redor dos compartimentos de proteção. No caso de Chernobyl, a explosão expôs o núcleo do reator ao ar. Por vários dias, seguiu-se um incêndio que lançou na atmosfera nuvens de fumaça carregadas de conteúdo radioativo.
Panorama de
utilização da
energia nuclear no
Japão para gerar
eletricidade[1]
54 reatores
nucleares
operacionais (30
BWR e 24 PWR)
38633 MW
elétricos
29 % da energia
elétrica gerada
no País
Usina
Fukushima Daiichi 1[1]
Menor usina
integrante da
Central Nuclear
Fukushima
Daiichi,
constituída por
seis usinas BWR
que geram
conjuntamente
4696 MW
elétricos,
situada em
região próxima
ao epicentro do
forte sismo
ocorrido em
11/03/2011
(sexta-feira).
Reator BWR
Operacional
desde 17/11/1970
(a segunda usina
mais antiga do
País)
Eficiência
térmica
aproximadamente
igual a 35 %[2]
460 MW elétricos
Estimativa da
potência
resultante do
decaimento dos
produtos de
fissão
radioativos
cerca de 10
segundos após o
desligamento do
reator
460 MW elétricos
1315 MW térmicos
53 MW térmicos
Usina Fukushima
Daiichi 2[1]
Segunda usina
integrante da
Central Nuclear
Fukushima
Daiichi,
constituída por
seis usinas BWR
que geram
conjuntamente
4696 MW
elétricos,
situada em
região próxima
ao epicentro do
forte sismo
ocorrido em
11/03/2011.
Reator BWR
Operacional
desde 24/12/1973
Eficiência
térmica
aproximadamente
igual a 35 %[2]
784 MW elétricos
Estimativa da
potência
resultante do
decaimento dos
produtos de
fissão
radioativos
cerca de 10
segundos após o
desligamento do
reator
784 MW elétricos
2240 MW térmicos
90 MW térmicos
Usina Fukushima
Daiichi 3[1]
Terceira usina
integrante da
Central Nuclear
Fukushima
Daiichi,
constituída por
seis usinas BWR
que geram
conjuntamente
4696 MW
elétricos,
situada em
região próxima
ao epicentro do
forte sismo
ocorrido em
11/03/2011.
Reator BWR
Operacional
desde 26/10/1974
Eficiência
térmica
aproximadamente
igual a 35 %[2]
784 MW elétricos
Estimativa da
potência
resultante do
decaimento dos
produtos de
fissão
radioativos
cerca de 10
segundos após o
desligamento do
reator
784 MW elétricos
2240 MW térmicos
90 MW térmicos
Estas estimativas
foram efetuadas com
base em que,
decorridos 10
segundos após o
desligamento do
reator, o valor da
potência resultante
do decaimento dos
produtos de fissão
radioativos totaliza
aproximadamente 4 %
da potência térmica
do reator antes do
desligamento[2].
Os valores
expressivos
resultantes destas
estimativas servem
para ilustrar uma
característica muito
importante de um
reator nuclear,
particularmente se o
mesmo esteve em
operação durante um
período de tempo
muito longo: apesar
do sistema de
controle poder
cessar a reação de
fissão nuclear em
cadeia muito
rapidamente, ainda
há uma liberação de
energia considerável
pelo combustível
nuclear devida ao
decaimento dos
produtos de fissão
radioativos
acumulados.
Nada pode ser feito
para controlar a
taxa de liberação de
energia devida ao
decaimento dos
produtos de fissão
radioativos
acumulados,
tornando, portanto,
essencial a remoção
do calor gerado.
Esta energia precisa
ser retirada do
cerne do reator por
intermédio da
circulação contínua
de refrigerante
(que, em reatores
BWR, é água), pois
caso contrário a
temperatura do
combustível nuclear
subirá, podendo
causar derretimento
de componentes do
cerne e/ou reações
químicas que ocorrem
a temperaturas
elevadas[2].
Portanto, um aspecto
importante relativo
à segurança de
qualquer reator de
potência é que, após
o desligamento, o
refrigerante deve
continuar a circular
através do cerne
para remover o calor
resultante do
decaimento dos
produtos de fissão
radioativos. Na
eventualidade de
falha no
fornecimento de
energia elétrica
para as bombas de
refrigeração (o que
causa o desligamento
automático imediato
do reator), deve
haver fontes de
emergência
disponíveis. Caso
todas as bombas de
refrigeração venham
a falhar
simultaneamente, a
circulação natural
de refrigerante
através do cerne do
reator deve ser
suficiente para
remover o calor de
decaimento.
Porém, nas três
usinas mencionadas,
por motivos ainda
não totalmente
esclarecidos, a
circulação de
refrigerante pelo
cerne do reator não
foi suficiente para
remover o calor
resultante do
decaimento dos
produtos de fissão
radioativos.
Degradação do cerne
do reator
Em condições usuais
de operação da
usina, a superfície
externa do
revestimento das
varetas
combustíveis, feito
de Zircaloy-2 (liga
metálica cujo
componente principal
é o elemento químico
zircônio), atinge
temperatura média de
aproximadamente 3300C[3].
Entretanto,
configurando-se um
acidente em que, por
quaisquer motivos, a
circulação de
refrigerante pelo
cerne do reator não
for suficiente para
remover o calor
resultante do
decaimento dos
produtos de fissão
radioativos, a
temperatura do
combustível nuclear
aumentará até
atingir valores
consideravelmente
maiores do que os
especificados em
projeto, situação na
qual pode ocorrer
degradação do cerne
do reator[4].
Nestas
circunstâncias,
embora a maior parte
dos dados
disponíveis sejam
referentes a
reatores tipo PWR[4],
há duas temperaturas
que podem ser
consideradas
cruciais[4]:
1204 0C –
Quando o
revestimento das
varetas
combustíveis, feito
de Zircaloy-2,
excede esta
temperatura, a
velocidade da reação
química entre
zircônio e vapor de
água[2, 4]:
Zr + 2 H2O
® ZrO2
+ 2 H2
aumenta muito
rapidamente[4],
fenômeno que, além
de acelerar a
corrosão do
revestimento em si,
produz hidrogênio,
acarretando risco
adicional de
explosão química[2].
Em uma mistura
gasosa a 25 0C
e 1 atm contendo ar
e hidrogênio, sempre
que a proporção em
volume deste último
estiver entre 4% e
75%, poderá ocorrer
de maneira explosiva
a reação química[5]:
2 H2 + O2
® 2
H2O
que libera a elevada
energia de 286
kJ/mol[6].
Esta sequência de
eventos pode ser a
causa das explosões
que ocorreram nas
usinas Fukushima
Daiichi 1 em
12/03/2011 (sábado)
e Fukushima Daiichi
3 em 13/03/2011
(domingo) durante
operações para
liberação controlada
de vapor de água com
a finalidade de
diminuir a pressão
no cerne do reator
de cada uma destas
usinas. Mesmo não
causando a ruptura
do vaso de pressão
onde estão contidos
os elementos
combustíveis, estas
explosões, em
conjunto com a
liberação limitada
de radioatividade
para o meio ambiente
– já detectada –
constituem
indicativos de que o
processo de
degradação do cerne
do reator está em
curso.
Os eventos nas
usinas Fukushima
Daiichi 1 e
Fukushima Daiichi 3
foram classificados
na INES[7]
(Escala
Internacional de
Eventos Nucleares e
Radiológicos, com
gradações de 0 a 7
em ordem crescente
de agravamento) como
sendo de Nível 4 -
Acidente com
Consequências
Locais,
caracterizado por
liberação limitada
de radioatividade
para o meio
ambiente, danos
importantes à
instalação nuclear e
existência de
funcionários da
instalação afetados
diretamente pelo
acidente.
1800 0C –
Ao atingir esta
temperatura, o
Zircaloy-2 funde e,
uma vez derretido,
apresenta a
propriedade de
dissolver o
combustível nuclear
sólido constituído
por dióxido de
urânio (UO2)[4].
Este fenômeno pode
agravar
consideravelmente a
degradação do cerne
do reator mesmo a
temperaturas
bastante inferiores
ao ponto de fusão
tanto do UO2
(2730 0C)
quanto do carbeto de
boro (B4C)
de que são feitas as
barras de controle
(2375 0C)[4].
O grau de dissolução
do UO2
pode atingir
localmente até 40%[4].
Os acontecimentos
relacionados com
este acidente podem
ser acompanhados por
intermédio da página
da Agência
Internacional de
Energia Atômica (IAEA)
na internet (http://www.iaea.org).
Estimativa da
energia total
liberada no sismo
ocorrido no Japão em
11/03/2011
A energia total
liberada em um
terremoto pode ser
calculada por
intermédio da
seguinte equação
empírica[8]:
onde E é a energia
total liberada (dada
em ergs) e M é a
magnitude do sismo
medida na escala
Richter[8].
A magnitude do sismo
em questão atingiu
8,9, portanto:
energia total que
equivale à liberada
na explosão de
aproximadamente 137
milhões de toneladas
de trinitrotolueno (TNT).
Segundo o Serviço de
Vigilância Geológica
(USGS) dos EUA, este
foi o sétimo maior
terremoto já
registrado no mundo
e aquele com maior
magnitude a atingir
o Japão até hoje.
Referências
bibliográficas
[1] Power
Reactor Information
System (PRIS),
International Atomic
Energy Agency (IAEA),
Vienna (2010).
[2] D. J. Bennet and
J. R. Thomson, The
Elements of Nuclear
Power, Longman
Scientific &
Technical, London
(1989).
[3] R. T. Lahey Jr.
and F. J. Moody, The
Thermal-Hydraulics
of a Boiling Water
Nuclear Reactor,
American Nuclear
Society (ANS),
Washington D. C.
(1977).
[4] H. Bailly, D.
Ménessier and C.
Prunier (Editors), The
Nuclear Fuel of
Pressurized Reactors
and Fast Reactors –
Design and Behavior,
Intercept Ltd.,
Andover (1999).
[5] J. Bond, Sources
of Ignition –
Flammability
Characteristics of
Chemicals and
Products,
Butterworth-Heinemann
Ltd., Oxford (1991).
[6] G. Castellan, Fundamentos
de Físico-Química,
LTC – Livros
Técnicos e
Científicos Editora
Ltda., Rio de
Janeiro (1986).
[7] INES - The
International
Nuclear and
Radiological Event
Scale,
International Atomic
Energy Agency
(IAEA), Vienna
(2008).
[8] C. Lomnitz, Global
Tectonics and
Earthquake Risk,
Elsevier Scientific
Publishing Company,
Amsterdam (1974).
Não apenas o temor de um
desastre nuclear está entre as consequências do
terremoto e do tsunami do Japão de 11 de março
de 2011. Junto com a ameaça de uma catástrofe
radioativa, Fukushima Daiichi começa a erguer a
dúvida do futuro da energia atômica em escala
planetária. Confira abaixo a distribuição dos
reatores por países e a reação de nações
estratégicas no uso dessa tecnologia.
Cenário
Segundo dados da Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) disponíveis no site do
Ministério de Ciência e Tecnologia, o mundo
possui, atualmente, 439 reatores nucleares
operantes. Destes, mais da metade está
concentrada em quatro países, todos do
hemisfério norte: os Estados Unidos, com 104; a
França, com 59; o Japão, com 55; e a Rússia, com
31. Somadas, estas nações comportam 249
reatores.
Um segundo grupo, composto
principalmente por países asiáticos em
desenvolvimento e, principalmente, nações
europeus desenvolvidas, concentra 172 retores.
Neste conjunto estão países como Coreia do Sul
(com 20 reatores), Alemanha e Índia (ambas com
17), China (11) e Finlândia (4). Na mesma faixa
está o Canadá, vizinho do líder Estados Unidos,
com 18 reatores nucleares.
Por fim há países
latinoamericanos, europeus e asiático e
africanos em desenvolvimento que possuem a
tencologia, mas em escala bem menor. São
exemplos Brasil, Argentina, Paquistão e África
do Sul, cada um com 2 reatores, e Holanda e
Eslovênia, países no coração da Europa, com 1
reator somente. Este grupo final compreende 18
reatores atômicos.
Reação
Embora a situação de Fukushima ainda seja
incerta, ela já gerou repercussões no globo. O
país em que a discussão sobre o futuro do uso da
energia nuclear mais está se desenvolvendo é a
Alemanha. Poucos dias depois do acidente, a
chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou a
moratória do projeto de estender a vida útil de
usinas nacionais. Circula inclusive a ideia de
um plebiscito para votar o fim da energia
atômica na Alemanha.
Na França, país vizinho e o
segundo maior usuário da energia atômica, a
reação foi simetricamente inversa. O presidente
francês, Nicolas Sarkozy, se pronunciou, dizendo
que Paris não abrirá mão da energia atômica. Nos
Estados Unidos, a reação foi similar: a Casa
Branca anunciou que a tecnologia nuclear
persistirá como parte fundamental do plano
estratégico do presidente Barack Obama.