PROFESSOR PAULO CESAR |
PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA |
|
|
Sonho dos alquimistas é realizado com zinco
Os alquimistas tentaram por séculos transformar chumbo em ouro. Manipular um elemento até transformá-lo em outro logo tornou-se uma estória pitoresca. Menos crédulos, muitos físicos acreditam, entretanto, que seja possível ajustar as propriedades de um material, fazendo-o comportar-se como se fosse outro.
Alquimia do zinco Foi justamente isso o que conseguiram agora pesquisadores do Laboratório Ames, nos Estados Unidos. Deixando de lado os elementos puros, como chumbo e ouro, os cientistas descobriram uma nova família de compostos de zinco que podem ser "tunados", manipulados e configurados até adquirir as propriedades físicas e o comportamento de outros materiais. No experimento, o zinco assumiu algumas características específicas de vários outros metais, incluindo o cobre e elementos mais exóticos, como o paládio. Mas foi possível ir mais longe, duplicando comportamentos magnéticos e eletrônicos de compostos que se tornam até mesmo supercondutores. A versatilidade da nova família de compostos de zinco torna-a ideal para utilização na pesquisa básica de fundamentos da ciência até hoje pouco compreendidos pelos cientistas, como a origem do magnetismo. Tal como no sonho dos alquimistas, a técnica parte de um material extremamente barato, gerando compostos que simulam outros muito mais caros.
Terras raras O composto de zinco é uma liga composta por zinco, um metal de transição e um elemento da família conhecida como terras raras. Daí sua fórmula genérica RT2Zn20, onde o R representa as terras raras e o T o metal de transição. O cristal da foto é o YFE2Zn20 - ítrio, ferro e zinco. Ou seja, 85% do novo material é zinco. A variação dos outros dois elementos é o que dá aos cientistas a flexibilidade para criar elementos com propriedades inteiramente ajustáveis. "Nós podemos fazer compostos com mais de 10 metais de transição e para cada um deles nós podemos incluir entre sete e 14 terras raras," explica Paul Canfield. "Então temos entre 70 e 140 compostos." O YFE2Zn20, por exemplo, é mais ferromagnético do que o paládio, um metal muito utilizado em pesquisas que procuram entender melhor o magnetismo.
O que é magnetismo Metais como ferro, cobalto e níquel tornam ferromagnéticos a temperaturas muito altas, o que torna difícil estudá-los em detalhes. O paládio está um passo antes. Com isto, os cientistas têm algo como que uma foto do "antes de se tornar magnético" e uma foto do "já magnético". Falta a foto do meio. Só que o paládio é um elemento puro, tendo propriedades muito estáveis e difíceis de se ajustar. O novo composto RT2Zn20 é um pouco mais magnético, o que já dá uma foto intermediária. Como os cientistas conseguem ajustá-lo, agora eles esperam conseguir fazer um verdadeiro filme da transformação de um material não magnético em um material magnético. Aí então, quem sabe a ciência poderá dar o salto, da atual compreensão de "como funciona o magnetismo", para um perfeito entendimento de "o que é o magnetismo." Referências Bibliográficas
Este site foi atualizado em 04/03/19 |