PROFESSOR PAULO CESAR |
PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA |
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Módulo IIA visão “clássica” da ligação covalenteAula 4: Geometria e polaridade de moléculas (parte I)Metas
ObjetivoDeterminar a polaridade de moléculas de elementos representativos.
Índice 3. Introdução à teoria de repulsão dos pares eletrônicos na camada de valência (RPECV)
1. IntroduçãoVocê viu na aula passada que a eletronegatividade (X) de um elemento, como definida por Pauling, é seu “poder” de atrair elétrons numa molécula. Portanto, se dois átomos com a mesma eletronegatividade se ligarem, a distribuição de carga elétrica na ligação será simétrica (homogênea), como ocorre nas moléculas diatômicas homonucleares, como H2, O2 e Cl2. Por outro lado, quando átomos com eletronegatividades diferentes se combinam, a nuvem eletrônica da ligação é polarizada (deslocada) no sentido do elemento mais eletronegativo. Por exemplo: na molécula de cloreto de hidrogênio (HCl), o átomo de cloro (mais eletronegativo) atrai densidade eletrônica da ligação, levando à formação de um dipolo elétrico. A ligação química no HCl é covalente polar. O primeiro cientista a sugerir uma escala de eletronegatividade foi Linus Pauling em 1932; ele propôs o valor de 4,0 para a eletronegatividade do flúor (mais eletronegativo) e o valor de 0,4 para a eletronegatividade do frâncio – o menos eletronegativo. Os demais elementos exibem, por conseguinte, valores intermediários de eletronegatividade. Veja na Figura 1 alguns valores de eletronegatividade sugeridos por Pauling. Foram desenvolvidas outras escalas de eletronegatividade mais elaboradas. No entanto, para uma abordagem inicial, a proposta de Pauling é extremamente eficiente. Clique aqui para ler mais sobre outras escalas de eletronegatividade. Eletronegatividade não é uma propriedade restrita aos elementos químicos; é possível também encontrar valores tabelados de eletronegatividade para grupos de átomos (XG), como CH3 (XG = 2,34), CF3 (XG = 3,3), NH2 (XG = 1,7 - 3,4 ) e OH (XG = 2,3 - 3,9).
Figura 1. Escala de eletronegatividade de Pauling. A diferença de eletronegatividade (Δx) entre dois átomos ligados pode ser usada para estimar a natureza polar da ligação química, assim como seu caráter iônico. Você viu na aula passada que, quanto maior a diferença de eletronegatividade de Pauling, mais polar é a ligação entre os átomos e maior é a porcentagem de caráter iônico da ligação. Ligações homonucleares (entre átomos iguais) são apolares e ligações heteronucleares (entre átomos diferentes) são polares. O grau de polarização pode ser qualitativamente analisado pela diferença de eletronegatividade entre os elementos. É possível afirmar que, se essa diferença for maior ou igual a 2,0, a ligação é predominantemente iônica (grau máximo de polarização do par da ligação). Se a Δx for menor ou igual a 1,0, seguramente a ligação é covalente polar. Valores de Δx entre 2,0 e 1,0 por si só não são suficientes na determinação da natureza polar das ligações químicas. Nesses casos, é necessário lançar mão de alguma propriedade química ou física que sinalize a natureza iônica ou não da ligação. A tabela a seguir ilustra três situações distintas. Uma maneira de se verificar a predominância ou não de ligação iônica numa substância é medindo sua condutividade elétrica no estado sólido e, depois, em solução aquosa. A ausência de condutividade elétrica no sólido e uma alta condutividade em solução são características de substâncias com predominância de ligação iônica.
ATIVIDADE I1) Calcule a diferença de eletronegatividade (Δx) entre os elementos ligados e estime, se possível, a natureza polar (iônica ou covalente polar) da ligação química.
2. Polaridade de moléculasApós analisar o caráter polar (ou iônico) de uma ligação química, você vai estudar nesta seção como julgar a polaridade de uma molécula poliatômica a partir do sentido dos vetores momento de dipolo de cada ligação covalente polar. Considere que o vetor momento de dipolo () represente a polaridade de uma ligação química. É importante chamar sua atenção para o fato de que a polaridade de uma ligação ou molécula não pode ser medida; apenas o momento de dipolo é mensurável. Como uma entidade vetorial, é caracterizado pelo seu módulo (seu tamanho), direção e sentido (o lado para onde o vetor aponta). Moléculas diatômicas heteronucleares são moléculas polares, uma vez que possuem não nulo. Já as moléculas diatômicas homonucleares são apolares, pois exibem = 0. Espécies poliatômicas podem ou não ser polares. A polaridade de moléculas tri e poliatômicas depende da soma vetorial dos vetores individuais (de cada ligação). Essa soma vetorial só pode ser feita após a determinação da geometria molecular. As moléculas CO2 (geometria linear), BF3 (geometria triangular ou trigonal plana) e CCl4 (geometria tetraédrica) são apolares, embora sejam constituídas de ligações covalentes polares. Veja a Figura 2, a seguir. Nessas moléculas, os momentos de dipolo individuais são cancelados mutuamente em virtude das geometrias moleculares, fazendo com que o vetor momento de dipolo resultante, , tenha módulo igual a zero. Uma molécula apolar é caracterizada por .
Figura 2. Moléculas apolares:
Curiosamente, por causa das geometrias moleculares, muitos ânions poliatômicos (moléculas com carga negativa) são apolares, apesar de formarem compostos iônicos com cátions, como: NO3-, SO42-, PO43- etc. Nas moléculas de H2O, NF3 e CHCl3 (clorofórmio), por exemplo, os momentos de dipolo das ligações não se anulam, e as moléculas são ditas polares, já que (momento de dipolo resultante é diferente de zero) (Figura 3).
Figura 3. Moléculas polares: .
A Tabela 1 mostra alguns valores de momentos de dipolo moleculares obtidos experimentalmente.
3. Introdução à teoria de repulsão dos pares eletrônicos na camada de valência (RPECV)Nas moléculas, é possível distinguir dois tipos de pares de elétrons:
A molécula da água exibe dois pares ligados e dois isolados ao redor do átomo central (oxigênio). Na formação das moléculas, os pares eletrônicos ligantes e não ligantes vão se arranjando espacialmente de maneira a minimizar as repulsões entre si. Dessa forma, a geometria molecular é moldada em função da minimização da repulsão entre os pares eletrônicos. O modelo que preconiza esse comportamento é conhecido como teoria de repulsão dos pares eletrônicos na camada de valência (RPECV) ou VSEPR, em inglês (valence-shell electron-pair repulsion). O modelo RPECV considera que os pares ligados e isolados não se repelem entre si com a mesma intensidade. Segundo o modelo RPECV, pares isolados ocupam mais espaço que pares ligados, provocando maiores distorções nas geometrias. Considere a ordem crescente de intensidade de repulsão eletrônica a seguir. O uso da teoria RPECV na estimativa da geometria das mais variadas moléculas é o tema da próxima aula. ATIVIDADE II1) Desenhe as estruturas de Lewis para as moléculas a seguir e determine quantos pares ligados e quantos pares isolados existem ao redor do átomo central.
Este site foi atualizado em 04/03/19 |