DERIVADOS
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Desde o
isolamento, a partir do óleo de baleia, vários
derivados naturais do benzeno
foram encontrados. Muitos destes benzenos substituidos
possuem intensa atividade biológica; a mescalina é muito
conhecida por seus efeitos psicotrópicos. Durante muitas
décadas, as tribos nativas da américa do norte se utilizavam
desta substância em seus ritos e cerimônias religiosas. É
uma droga alucinógena, e um parente próximo de algumas
versões sintéticas, como a anfetamina ou o ecstasy. Outro
exemplo de derivado natural do benzeno é a adrenalina: uma
substância que, nos humanos, atua como um hormônio e, no SNC,
como um neurotransmissor. O cloranfenicol, assim como vários
outros antibióticos, também apresenta o benzeno na sua
estrutura.
O cacto PEYOTE
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Por
muitos séculos, o culto com o peyote existia
entre os Aztecas, no México; mais tarde,
várias tribos norte-americanas passaram a
fazer uso do peyote em seus cultos
religiosos. Os seguidores destas religiões
acreditavam que o peyote fosse um ente
divino que facilitasse a comunicação com o
mundo imortal. O peyote é rico no alcalóide
mescalina.
Hoje,
somente os membros da Native American
Church são legalmente autorizados a
utilizar esta planta em seus rituais.
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Além de versões naturais, também existem muitos
derivados sintéticos do
benzeno. A fenfluramina, por exemplo, é um
derivado fluorado do benzeno bastante popular, utilizado em
várias formulações de fármacos dietéticos. O 2,4-D era um
dos principais ingredientes do Agent Orange, uma
droga desfoliante utilizada, pelos EUA, na guerra do Vietnã.
Além do 2,4-D, o Agent Orange também continha outros
derivados do benzeno, tal como a dioxina, que era a
responsável pelas graves sequelas deixadas nas pessoas
expostas ao veneno. Baseado na poderosa ação da mescalina e
da adrenalina, várias drogas sintéticas de estrutura similar
foram preparadas pelos químicos. Entre elas, o speed, uma
droga muito consumida por jovens e adolescentes, graças ao
efeito estimulante que possui. Praticamente todos os
leitores do QMCWEB já fizeram uso de outra droga: a
aspirina. Esta também é derivada do benzeno, tal como a
sacarina, um adoçante artificial não calórico. E,
finalmente, para o alimento durar mais tempo, os fabricantes
adicionam vários derivados do benzeno, tal como o BHA - já
visto, anteriormente, no QMCWEB. Estes são apenas alguns dos
milhares de benzeno-derivados sintéticos atualmente
utilizados para o benefício do homem.
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Neste artigo, aprenderemos um pouco mais sobre os derivados
do benzeno e sobre as reações químicas que estes participam.
>Benzenos
mono-substituídos
Uma substituição no anel benzênico significa a troca de um
hidrogênio por outro elemento ou grupo de átomos qualquer. O
número máximo de substituições possíveis em um anel
benzênico é seis, embora os derivados mais comuns sejam os
mono e di-substituídos. Os nomes de alguns monossubstituídos
são simplesmente a combinação do nome do grupo + benzeno.
Como exemplo, o clorobenzeno, o nitrobenzeno ou o
propilbenzeno.
Outros mono-substituídos, entretanto, recebem nomem
especiais. Isto se deve a origem histórica da descoberta de
cada uma das substâncias. O ácido benzóico, por exemplo, foi
isolado antes que o próprio benzeno; o fenol vem do tempo em
que o benzeno era chamado de feno. Como não existem regras
na nomenclatura destes compostos, o estudante de química,
geralmente, deve decorar esta curta lista de nomes; parece
uma tarefa difícil e entediante mas, com o passar das aulas,
o uso repetitivo destas estruturas acaba tornando-a
automática.
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O único alquil-derivado do benzeno que recebe um nome
especial é o tolueno. Os outros derivados alquílicos podem
ser chamados como derivados do benzeno ou, ainda, como um
alcano substituído. Neste caso, o grupo benzeno torna-se um
radical. Curiosamente, na forma de radical o benzeno é
chamado de grupo fenil - e não benzil! De fato, o grupo
benzil representa outro radical, correspondente tolueno.
Os químicos costumam inventar símbolos que facilitem a sua
vida e a sua escrita; da mesma forma que um grupo alquil é
genéricamente chamado de R,
um grupo aromático pode ser chamado de
Ar. Desta forma, um composto ROH é um álcool
qualquer, enquanto que ArOH é um fenol - não necessariamente
o próprio fenol, mas qualquer um de seus derivados.
>Benzenos
di-substituídos
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A localização relativa dos dois substituintes é utilizada na
nomenclatura de benzenos di-substituídos. As posições
relativas podem ser indicadas por números (correspondentes
ao carbonos do anel) ou, mais comumente, pelos prefixos
gregos orto, meta e para. Os orto
são substituintes adjacentes; se são separados por 1 carbono
são meta, e se forem separados por dois carbonos são
para. Muitas vezes, bastam as abreviaturas o, m
e p para nomear estes compostos. Em geral, prefere-se
a nomenclatura por prefixos quando os substituintes são
iguais; mesmo assim, a nomenclatura com números não é
errada. Algumas vezes, utiliza-se a nomenclatura relativa a
substituições de mono-derivados especiais, como o caso do
orto-etilfenol.
Quando os substituintes são diferentes, opta-se pela ordem
alfabética do nome de cada substituintes. Por isso, o
correto é 1-cloro-3-iodobenzeno, e não 1-iodo-3-clorobenzeno!
Da mesma forma, o correto é para-nitroanilina, e não
para-aminonitrobenzeno!
Alguns di-substituídos recebem, também, nomes especiais, que
precisam ser memorizados. É o caso da família dos xilenos,
das toluidinas, e do cresol, entre outros (como o catecol).
>Benzenos
poli-substituídos
Quando o anel tem mais de dois substituintes, a única
nomenclatura permitida é a com números. Neste caso, os
substituintes são numerados na maneira em que a menor soma
possível é obtida. No nome, os substituintes são listados em
ordem alfabética. Como no caso dos di-substituídos, se um
substituinte pode ser incoporado em um nome, este nome é
usado e é atribuído ao substituinte a posição 1. É o caso,
por exemplo, do 3,4-dibromo-tolueno ou do 2-etil-3-propil-fenol.
Em ambos, a posição 1 foi reservada para o grupo que
caracteriza o nome do derivado do benzeno.
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