Botulismo Infantil
O MEL NÃO DEVE
SER DADO A
CRIANÇAS MENORES DE 01 ANO DE IDADE
Presença da bactéria causadora do botulismo no
mel de abelhas
O botulismo infantil é uma doença que acomete lactente e é causada pela
ingestão de alimentos contaminados com a bactéria Clostridium botulinum.
Embora tenha sido comprovada a contaminação de bebês que consumiram
alimentos industrializados e formulações próprias, pesquisas indicam que um
terço dos casos de botulismo infantil ocorridos no mundo tem histórico de
ingestão de mel, fazendo com que esse alimento seja contra-indicado para
crianças com menos de 1 ano de idade (Aron, 1979; Europen Commission, 2002).
Só compre mel com certificação
Apesar de mais de mil casos de botulismo infantil já ter sido relatado em
todo mundo, menos na África, devido à semelhança com outras síndromes,
acredita-se que os diagnósticos errôneos encobrem grande parte da ocorrência
dessa doença. Cerca de 4,5 a 15% doa vítimas da "Síndrome da Morte Súbita do
Bebe" ou "Morte do Berço" foram posteriormente confirmados como botulismo
infantil (Mugnol, 1997; Europen Commission, 2002). Devido à crença de que o
mel tem propriedades terapêuticas, esse alimento é fornecido para crianças
em substituição ao açúcar e mesmo como remédio. Por isso, acredita-se que os
casos de botulismo de lactentes decorrentes da contaminação de mel é maior
do que o revelado.
As análises de amostras de méis indicam que entre 2% e 15% do mel em todo o
mundo está contaminado com esporo de Clostridium botulinum, havendo uma
incidência maior de contaminação em amostras coletadas nos próprios apiários
(até 23%; Midura et al., 1979; Nevas et al., 2006). Segundo pesquisas
realizadas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), cerca de 7% do mel
brasileiro de Apis mellifera está contaminado com Clostridium botulinum (Schocken-Iturrino
et al. 1999; Rall et al., 2003). Na Finlândia, estudos demonstraram que essa
bactéria não está presente somente no mel, mas também nas abelhas, na cera e
no pólen (Nevas et al. 2006).
Como o Clostridium botulinum está amplamente distribuído no meio-ambiente, a
contaminação do mel pode ocorrer a partir do néctar e pólen, pela própria
abelha, ar, etc. Nesses casos não existe forma de evitar a contaminação. Por
outro lado, por ser resistente ao calor, a pasteurização do mel não elimina
o Clostridium botulinum. Somente temperaturas superiores a 100oC podem
afetar o agente causador do botulismo e aquecer o mel a essa temperatura
destrói suas propriedades físico-químicas.
Algumas práticas de manejo podem aumentar ou diminuir a presença do
Clostridium botulinum nas colônias. A utilização das Boas Práticas de
Fabricação (BPF) durante todas as etapas da colheita, extração e
beneficiamento podem evitar a contaminação posteriormente. Chamo atenção
para essa observação: a contaminação pode ser reduzida, mas não evitada.
Além disso, como um mel que sai da colméia sem conter os esporos, pode ser
contaminado durante a extração, ou mesmo posteriormente, no processo de
envase, incluir a análise de detecção do Clostridium botulinum.
Criança com botulismo
Por outro lado, não existem dados sobre a presença desse esporo em mel de
abelhas sem ferrão (Melipona). Como essas espécies utilizam barro na
construção dos ninhos, é possível que a quantidade de Clostridium
botulinum nesses méis seja maior do que a existente no mel de Apis
mellifera. Sendo assim, é necessário que sejam realizadas pesquisas neste
aspecto para nortear as ações dos órgãos competentes sobre o assunto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arnon, S. S. Honey and other
environmental risk factors for infant botulism. The Journal of Pediatrics,
v. 94, n. 2, p. 331-336, 1979.
Europen Commission. Opinion of the
Scientific Committee on Veterinary Measures Relting to Public Health on
Honey and Microbiological Hazards. 2002, 38p.
Midura, T. F.; Snowden, S.; Wood, R.
M.; Arnon, S. S. Isolation of Clostridium botulinum from honey. Journal of
Clinical Microbiology, v. 9, n.2, p. 282-283, 1979.
Mugnol, K. C. U. Botulismo infantil,
um estudo preliminar. Mogi das Cruzes (SP). 1997. 24p. Monografia
(Especialização em Biotecnologia). Universidade de Mogi das Cruzes.
Nevas, M.; Lindström, M. Hörman, A.;
Keto-Timonen, R.; Korkeala, H. Contamination routes of Clostridium botulinum
in the honey production environment. Environmental Microbiology, v. 8, n. 6,
p. 1085-1094, 2006.
Rall, V. L. M.; Bombo, T. F.; Lopes,
T. F.; Carvalho, L. R.; Silva, M. G. Honey consumption in the state of São
Paulo: risk to human health: Anaerobe, n. 9, p. 299-303, 2003.
Schocken-Iturrino, R. P.; Carneiro,
M. C.; Kato, E.; Sorbara, J. O. B.; Rossi, O. D.; Gerbasi, E. R. Study of
the presence of the spores Clostridium botulinum in honey in Brazil. FEMS
Immunology and Medical Microbiology, n. 24, p. 79-382, 1999.
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10/06/09