Ônibus sem poluentes
O hidrogênio é considerado o combustível mais
promissor quando se estudam alternativas ao petróleo para uso em
transportes. A célula a combustível é um dispositivo que utiliza o
hidrogênio para gerar eletricidade. A eletricidade alimenta os
motores elétricos do veículo, emitindo apenas água como subproduto -
não há poluentes.
O primeiro ônibus movido a célula de combustível
a hidrogênio tem 12 metros de comprimento,
três portas do lado direito, capacidade para 63 passageiros -
incluindo espaço e rampa para cadeirantes -, autonomia de 300km,
consumo de 15kg de hidrogênio a cada 100km, ar condicionado e bancos
estofados
Sistema igual ao da Fórmula 1
A tração elétrica do ônibus é alimentada de forma
híbrida, usando tanto a energia de baterias recarregáveis quanto a
eletricidade provinda das células a combustível.
Ele possui ainda um sistema regenerativo para
recuperação de energia cinética durante as frenagens (KERS), o mesmo
sistema utilizado nos carros de Fórmula 1.
A potência total do sistema é de 230 kW e o
consumo de hidrogênio deverá ficar em cerca de 15 quilogramas para
cada 100 quilômetros rodados. A autonomia do ônibus a hidrogênio é
de 300 km.
O combustível para o ônibus - o hidrogênio - será
produzido em São Bernardo do Campo, por meio de uma parceria com a
Petrobras. O hidrogênio é produzido por eletrolisadores da água, que
têm a função de separar as moléculas de oxigênio e hidrogênio,
aproveitando este último como combustível.
Vilão
Embora os projetos de veículos movidos a
hidrogênio tenham sido alvo de grande interesse no período recente,
quando o petróleo superou a barreira dos US$100,00 por vários meses,
a queda atual do preço do barril torna economicamente inviáveis
todas as alternativas disponíveis para sua substituição em veículos.
Ainda assim, o uso do hidrogênio como combustível
é uma alternativa interessante do ponto de vista ambiental e as
pesquisas devem continuar para que se possa baratear a tecnologia e
chegar a opções mais interessantes também do ponto de vista
econômico.
Como funciona
A estação de
abastecimento de hidrogênio usará eletricidade para separar as
moléculas de água em oxigênio e hidrogênio por meio do processo de
eletrólise. As moléculas de oxigênio serão liberadas para atmosfera
e o hidrogênio será armazenado e comprimido para abastecer o ônibus.

Da água utilizada no
processo de produção de hidrogênio, 50% são liberados na atmosfera
em forma de vapor e o restante pode ser reaproveitada para lavagem
dos ônibus da garagem e em serviços de jardinagem.
Hidrogênio de fontes sujas
Outro grande problema dos veículos a hidrogênio é
a produção do hidrogênio. A eletrólise da água é um processo
intensivo em energia, tornando o combustível caro demais e deixando
negativo o balanço geral de consumo de energia dessa alternativa de
combustível.
Além disso, a maioria do hidrogênio produzido
industrialmente hoje no mundo é fabricado a partir do gás natural,
um combustível fóssil como o petróleo.

Uma das alternativas mais promissoras para
resolver esse impasse é a chamada "fotossíntese artificial", por
meio da qual os cientistas estão tentando produzir hidrogênio com a
utilização da luz solar (veja
Célula fotoeletroquímica faz fotossíntese artificial e gera
hidrogênio e
Hidrogênio produzido por fotossíntese artificial já não depende de
metal nobre).
Ônibus nacional movido a hidrogênio
O primeiro ônibus nacional movido a hidrogênio
vai trafegar no Corredor Metropolitano ABD (São Mateus - Jabaquara),
um ponto ideal para este tipo de experimento devido à alta
concentração de emissões.
Além disso, na via exclusiva o veículo pode
desenvolver velocidade média superior a 25 km/h, o que favorece
atingir rapidamente a quilometragem que permite avaliar seu
desempenho de forma mais aproximada. Este trabalho será feito ao
longo de 2009 e 2010.
Tecnologia nacional
O projeto de construções de ônibus a hidrogênio
no Brasil é uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e conta com a parceria da EMTU (Empresa
Metropolitana de Transportes Urbanos, de São Paulo), a GEF (Global
Environment Facility) e da FINEP (Financiadora de Estudos e
Projetos).
Este é o primeiro de quatro ônibus a hidrogênio
previstos no projeto.
O Brasil é o quarto país no mundo a deter a
tecnologia de fabricação de ônibus de transporte de passageiros
movido a hidrogênio (os outros são os EUA, Alemanha e China).