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Reservas de petróleo em águas profundas

Presidente Lula e o presidente da Petrobras, Sergio
Gabrielli, com óleo extraído da camada pré-sal
A Petrobrás iniciou no último dia 1º de maio, Dia do Trabalho, a exploração
de petróleo no campo de Tupi, na Bacia de Santos, que abriga as maiores
jazidas na camada pré-sal. O empreendimento vai colocar o Brasil entre os
dez maiores produtores mundiais e o tornará uma das grandes potências
energéticas, comparável ao Oriente Médio.
A descoberta, anunciada em 2007, é vista pelo governo como a salvação para
os problemas econômicos do país. Porém, as dificuldades para extração do
minério - situado a uma profundidade que a companhia jamais atingiu - e a
falta de estratégias mais bem definidas para a exploração, representam
barreiras a serem superadas para que o sonho se torne realidade.
É como se tivéssemos nas mãos um bilhete premiado de loteria. Se não
soubermos como administrar a riqueza, ele se evapora de nossas mãos.
Riquezas
Pouco se sabe ainda sobre as reservas localizadas em águas ultraprofundas do
litoral brasileiro. Por isso, a companhia começou fazendo o chamado TLD
(Teste de Longa Duração). Ele consiste no levantamento de informações para
definir a quantidade de petróleo existente e qual o melhor modelo de
exploração. Esta etapa levará 1 ano e 3 meses para ser concluída.
Ao todo, os campos de pré-sal possuem 800 km de extensão e 200 km de
largura, indo desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo.
Segundo a Petrobrás, Tupi, que possui a maior reserva, deve ter entre 5 e 8
bilhões de barris de petróleo. O volume corresponde a quase metade das
reservas brasileiras, de14 bilhões de barris.
A plataforma na Bacia de Santos tem capacidade de produzir 14 mil barris de
petróleo por dia e, no próximo ano, atingir 100 mil barris/dia, de acordo
com a empresa. Para 2017, estima-se que o número chegue a 1 milhão, que é
quando finalmente dará o retorno financeiro. A empresa anunciou
investimentos de US$ 28,9 bilhões (R$ 62 bi) até 2013.
Tecnologia
Mas para chegar até as jazidas não será nada fácil. Será preciso descer a
uma profundidade de 2 km, perfurar 1 km de rocha e mais 2 km de espessura de
sal e 2 km de solo, totalizando 7 km desde a superfície.
E, além disso, serão necessários dutos para transportar o petróleo,
localizado a uma distância de 340 km da costa litorânea. Para se ter uma
ideia, a distância é três vezes maior que a que separa as plataformas da
Bacia de Campos do litoral carioca.
O país possui tecnologia, o problema são os custos elevados. O desafio é
conseguir refinar o produto e, ao mesmo tempo, garantir um valor competitivo
com o mercado. Este custo de exploração envolve não somente a tecnologia de
extração como também a logística para o transporte. Se o processo todo ficar
muito caro, o produto também ficará caro e ninguém vai querer comprar.
O risco em jogo é saber exatamente se o volume de petróleo existente na
camada pré-sal vai compensar o investimento, e quanto vai custar o barril do
petróleo daqui a 10 anos, quando serão colhidos os frutos.
O valor do barril varia conforme a demanda e a oferta, mas fatores como a
crise econômica mundial e os conflitos no Oriente Médio também influenciam
no preço. Hoje, ele é negociado a US$ 53 (R$ 113). Para a empresa, o ideal
será chegar a US$ 40 (R$ 85).
Investimento
Atualmente, o Brasil exporta petróleo do tipo pesado, que tem valor mais
baixo no mercado, e importa o tipo leve, mais caro. Isso provoca um déficit
nas receitas: em 2008, o país exportou 158,1 milhões de barris (ganho de US$
13,6 bilhões [R$ 29,2 bi]) e importou 147,9 milhões de barris (gasto de US$
16,3 bilhões [R$ 35 bi]), de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do
Petróleo).
As reservas da camada pré-sal são, principalmente, de hidrocarbonetos leves
(óleo e gás), o que vai reduzir as importações do produto e aumentar os
ganhos com a exportação. É por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse, no último dia 4 de maio, que o Brasil vai conquistar sua
"segunda independência": a primeira, de 1822, foi política, enquanto essa
será econômica.
Política
Além das questões financeiras envolvidas, existe uma decisão a ser adotada
com urgência, que diz respeito à definição de um novo marco regulatório. Ele
é importante porque vai dizer como investir e administrar o "prêmio" da
loteria da natureza. A nova regulamentação vai dizer quem vai poder explorar
os campos, quais serão os ganhos dos governos (Federal e Estadual) e para
que áreas os recursos serão destinados (educação, por exemplo). Enfim, como
será a partilha do bolo.
A decisão é fundamental porque um planejamento mal feito pode transformar o
sonho num pesadelo. Um exemplo é o que os economistas chamam de "doença
holandesa", que é quando a exploração de riquezas naturais afeta outros
setores da indústria.
O conceito surgiu nos anos de 1970. Na época, a descoberta de uma fonte de
gás natural na Holanda aumentou as receitas com exportação e valorizou a
moeda nacional. Com isso, outros produtos perderam competitividade no
mercado internacional e as indústrias quebraram.
Nações ricas em petróleo, como países da África e Oriente Médio, tem um
histórico de mazelas sociais, guerras e instabilidade política. O bilhete de
loteria também pode se tornar uma maldição. Por isso, tão importante quanto
extrair da riqueza é saber o que fazer com ela para manter o crescimento a
longo prazo.
ENTENDA MAIS
SOBRE O PRÉ-SAL
Pré-sal
A camada do pré-sal já foi manchete, polêmica
e até bandeira da próxima campanha presidencial. Apesar dos bilhões de
barris de petróleo alardeados pelo governo, que estão supostamente
encobertos por espessas camadas de sal abaixo do leito do mar brasileiro,
muito do que se falou até hoje são meras conjecturas. O que realmente
significa o pré-sal para o país? Como essa riqueza será explorada? Quais são
as garantias de que a extração de petróleo nessas áreas é um bom
investimento? Essas e outras respostas irão ajudar você a entender a
questão.
1. O que é a camada do pré-sal e onde ela está situada?
É uma porção do subsolo que se encontra sob uma
camada de sal situada alguns quilômetros abaixo do leito do mar.
Acredita-se que a camada do pré-sal, formada há 150 milhões de
anos, possui grandes reservatórios de óleo leve (de 28º API –
óleo de melhor qualidade e que produz petróleo mais fino). De
acordo com os resultados obtidos através de perfurações de
poços, as rochas do pré-sal se estendem por 800 quilômetros do
litoral brasileiro, desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e
chegam a atingir até 200 quilômetros de largura. |

2. Qual é o potencial da exploração de pré-sal no Brasil?
Estima-se que a camada do pré-sal guarde o
equivalente a cerca de 100 bilhões de boe (medida que inclui
óleo e gás). O número supera em mais de cinco vezes as reservas
atuais do país, da ordem de 12 a 14 bilhões de boe. Só no campo
de Tupi (porção fluminense da Bacia de Santos), de acordo com
análises de testes de formação, estima-se que haja entre 5
bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, isto é, o suficiente
para elevar as reservas de petróleo e gás da Petrobras em 40% a
60%. Soma-se a isso o fato de que a Petrobras é uma das empresas
pioneiras no tipo de perfuração exigida para essa extração. |
4. Como o
Brasil vai explorar essa riqueza?
A grande polêmica está justamente na tecnologia
que será necessária para a extração. Ainda não se sabe, por
exemplo, o que será preciso para retirar o óleo de camadas tão
profundas e muito menos se o país dispõe desses recursos. Tupi,
por exemplo, a parte que realmente interessa na área do pré-sal,
encontra-se a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de
7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. É de lá e dos blocos
contíguos que o governo espera que vá jorrar aproximados 50
bilhões de barris de petróleo. Além disso, não se sabe se a real
quantidade de petróleo no pré-sal irá compensar os custos
tecnológicos. |

5. Quanto deverá
custar o projeto?
Devido à falta de informações sobre os campos,
ainda é muito cedo para se ter uma estimativa concreta de
custos. No entanto, alguns estudos já dão uma idéia do tamanho
do desafio. Uma pesquisa elaborada pelo banco USB Pactual, por
exemplo, diz que seriam necessários 600 bilhões de dólares (45%
do produto interno bruto brasileiro) para extrair os 50 bilhões
de barris estimados para os blocos de exploração de Tupi,
Júpiter e Pão de Açúcar (apenas 13% da área do pré-sal). A
Petrobras já é mais modesta em suas previsões. Para a companhia,
o custo até se aproxima dos 600 bilhões de dólares, mas engloba
as seis áreas já licitadas em que é a operadora: Tupi e Iara,
Bem-Te-Vi, Carioca e Guará, Parati, Júpiter e Carambá. |
6.
Há alguma garantia que justifique o investimento?
Ainda não existe na área do pré-sal uma única
gota de petróleo que possa ser classificada como “reserva
provada”, ou seja, quantidade de petróleo de cuja existência se
tem certeza e que seja passível de extração. O que se encontrou
até agora foram indícios em diferentes pontos do litoral. Já
foram perfurados poços das três bacias que compreendem o
pré-sal: a do Espírito Santo (ES), a e Campos (RJ) e a de Santos
(RJ, SP, PR e SC). |
7.
Quando haverá uma perspectiva mais concreta?
A Petrobras e seus sócios internacionais
agendaram para março de 2009 o primeiro Teste de Longa Duração (TLD)
no campo de Tupi, a grande aposta do país no pré-sal. A partir
de então, a previsão é de que o campo produza 30.000 barris
diários de petróleo. |
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8. Quais são
os riscos desse investimento?
Fora o risco de não haver os alardeados bilhões
de barris de petróleo no pré-sal, a Petrobras ainda poderá
enfrentar outros problemas. Existe a chance de a
rocha-reservatório, que armazena o petróleo e os gás em seus
poros, não se prestar à produção em larga escala a longo prazo
com a tecnologia existente hoje. Como a rocha geradora de
petróleo em Tupi possui uma formação heterogênea, talvez também
sejam necessárias tecnologias distintas em cada parte do campo.
Além disso, há o receio de que a alta concentração de dióxido de
carbono presente no petróleo do local possa danificar as
instalações. |
9. Onde será usado o dinheiro obtido com a exploração?
Uma das principais promessas do governo com
relação ao pré-sal é de que irá aplicar seus dividendos na área
da Educação. Mas já se falou de tudo, desde usar o dinheiro no
combate à miséria até para a construção de um submarino nuclear.
Os lucros com a exploração, no entanto, não devem vir antes de
2014. |
10. O que acontecerá com os contratos de concessão do local já
licitados e assinados?
Embora tenha inicialmente se falado na
desapropriação de blocos já licitados na camada do pré-sal, o
governo já anunciou que serão garantidos os resultados dos
leilões anteriores e honrados os contratos firmados. Porém, não
haverá mais concessão de novos blocos à iniciativa privada ou a
Petrobrás na área do pré-sal. Ao invés disso, será adotado o
regime de partilha de produção, com a criação de uma empresa
estatal, mas não operacional, para gerir os contratos de
exploração. |
11. O que é unitização e por que isso está sendo cogitado?
A unitização é um acordo de gerenciamento
compartilhado entre as concessionárias de diferentes áreas em
casos de as reservas de dois ou mais blocos serem ligadas, em
decorrência de uma maior extensão dos reservatórios para além
dos limites licitados pela ANP. Esse recurso, previsto em lei,
foi trazido à tona, pois ainda não se sabe se na área de 14 mil
quilômetros quadrados já concedida, onde estão os blocos de
Tupi, Júpiter e Carioca, entre outros, existe apenas um campo
gigantesco e contínuo de petróleo. Nesse caso, a União terá
direito a parte da exploração, pois as áreas limítrofes a esses
blocos ainda não foram concedidas.
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