LÂMPADAS
FLUORESCENTES

Estrutura e Funcionamento

Uma lâmpada fluorescente típica é composta por um tubo selado de
vidro preenchido com gás argônio à baixa pressão (2,5 Torr) e vapor
de mercúrio, também à baixa pressão parcial. O interior do tubo é
revestido com uma poeira fosforosa composta por vários elementos. A
Tabela 1 relaciona a concentração desses elementos em mg/kg da
poeira fosforosa.
Tabela 1 - Composição da poeira fosforosa de uma lâmpada
fluorescente.
Elemento |
Concentração |
Elemento |
Concentração |
Elemento |
Concentração |
Alumínio |
3.000 |
Chumbo |
75 |
Manganês |
4.400 |
Antimônio |
2.300 |
Cobre |
70 |
Mercúrio |
4.700 |
Bário |
610 |
Cromo |
9 |
Níquel |
130 |
Cádmio |
1.000 |
Ferro |
1.900 |
Sódio |
1.700 |
Cálcio |
170.000 |
Magnésio |
1.000 |
Zinco |
48 |
Fonte:
Mercury Recovery Services, in TRUESDALE et al.
Espirais de tungstênio, revestidas com uma substância emissora de
elétrons, formam os eletrodos em cada uma das extremidades do tubo.
Quando uma diferença de potencial elétrico é aplicada, os elétrons
passam de um eletrodo para o outro, criando um fluxo de corrente
denominado de arco voltaico ou descarga elétrica. Esses elétrons
chocam-se com os átomos de argônio, os quais, por sua vez, emitem
mais elétrons. Os elétrons chocam-se com os átomos do vapor de
mercúrio e os energizam, causando a emissão de radiação ultravioleta
(UV). Quando os raios ultravioleta atingem a camada fosforosa, que
reveste a parede do tubo, ocorre a fluorescência, emitindo radiação
eletromagnética na região do visível. A lâmpada fluorescente mais
usada é a de 40 watts (4 pés de comprimento = 1,22 m; diâmetro de
1.1/2"), embora outras de diferentes formas e tamanhos sejam também
procuradas. O tubo usado numa lâmpada fluorescente padrão é
fabricado com vidro, similar ao que é utilizado para a fabricação de
garrafas e outros itens de consumo comum.

Os terminais da lâmpada são de alumínio ou plástico, enquanto os
eletrodos são de tungstênio, níquel, cobre ou ferro. A camada
branca, normalmente chamada de fósforo, que reveste o tubo de uma
lâmpada fluorescente, é geralmente um clorofluorfosfato de cálcio,
com antimônio e manganês (1 a 2%). A quantidade desses componentes
menores pode mudar ligeiramente, dependendo da cor da lâmpada. Uma
lâmpada padrão de 40 watts possui cerca de 4 a 6 gramas de poeira
fosforosa.
A vida útil de uma lâmpada de mercúrio é de 3 a 5 anos, ou um
tempo de operação de, aproximadamente, 20.000 horas, sob condições
normais de uso.

O Problema da Reciclagem das Lâmpadas
Em localidades onde existe a separação de resíduos recicláveis, é
importante manter os produtos que contêm mercúrio separados do lixo
comum. Tais produtos são, freqüentemente, classificados como
resíduos perigosos se excederem o limite regulatório de toxicidade
(0,2 mg.L-1).
Uma vez segregados e/ou separados, os resíduos mercuriais podem,
então, ser tratados objetivando a recuperação do mercúrio neles
contidos. As opções de aterramento e incinerações não são as mais
recomendadas. Com a finalidade de minimizar o volume de mercúrio
descarregado ao meio ambiente, a opção de reciclagem, com a
conseqüente recuperação do mercúrio, é considerada a melhor solução.
O principal argumento é que tecnologias comprovadamente bem
sucedidas para esta finalidade já existem.
As principais empresas mundiais para reciclagem de mercúrio estão
localizadas nos EUA, enquanto que os fabricantes de equipamentos
estão localizados na Suécia e Alemanha. Esse último foi o precursor
na fabricação de equipamentos para a desmercurização de lâmpadas
fluorescentes, em meados da década de 80.

Processo de Reciclagem de Lâmpadas
O termo reciclagem de lâmpadas refere-se à recuperação de alguns de
seus materiais constituintes e a sua introdução nas indústrias ou
nas próprias fábricas de lâmpadas. Existem vários sistemas de
reciclagem em operação em diversos países da Europa, EUA, Japão e
Brasil.
Um processo típico de reciclagem inclui desde um competente
serviço de informação e esclarecimentos junto aos geradores de
resíduos, explicitando como estes devem ser transportados para que
não ocorra a quebra dos bulbos durante o seu transporte, até a
garantia final de que o mercúrio seja removido dos componentes
recicláveis e que os vapores de mercúrio serão contidos durante o
processo de reciclagem. Analisadores portáteis devem monitorar a
concentração de vapor de mercúrio no ambiente para assegurar a
operação dentro dos limites de exposição ocupacional (0,05 mg.m~3,
de acordo com a Occupational Safety and Health Administration
-OSHA).
O processo de reciclagem mais usado e em operação em várias
partes do mundo envolve basicamente duas fases:
a) Fase de esmagamento
As lâmpadas usadas são introduzidas em processadores especiais
para esmagamento, quando, então, os materiais constituintes são
separados por peneiramento, separação eletrostática e ciclonagem, em
cinco classes distintas:
 | terminais de alumínio |
 | pinos de latão; |
 | componentes ferro-metálicos; |
 | vidro, |
 | poeira fosforosa rica em Hg; |
 | isolamento baquelítico. |
No início do processo, as lâmpadas são implodidas e/ou quebradas em
pequenos fragmentos, por meio de um processador (britador e/ou
moinho). Isto permite separar a poeira de fósforo contendo mercúrio
dos outros elementos constituintes. As partículas esmagadas
restantes são, posteriormente, conduzidas a um ciclone p r um
sistema de exaustão, onde as partículas maiores, tais como vidro
quebrado, terminais de alumínio e pinos de latão são separadas e
ejetadas do ciclone e separadas por diferença gravimétrica e por
processos eletrostáticos. A poeira fosforosa e demais particulados
sãocoletados em um filtro no interior do ciclone. Posteriormente,
por um mecanismo de pulso reverso, a poeira é retirada desse filtro
e transferida para uma unidade de destilação para recuperação do
mercúrio. O vidro, em pedaços de 15 mm, é limpo, testado e enviado
para reciclagem. A concentração média de mercúrio no vidro não deve
exceder a 1,3mg/kg. O vidro nessa circunstância pode ser reciclado,
por exemplo, para a fabricação de produtos para aplicação não
alimentar. O alumínio e pinos de latão, depois de limpos, podem ser
enviados para reciclagem em uma fundição. A concentração média de
mercúrio nesses materiais não deve exceder o limite de 20 mg/kg. A
poeira de fósforo é normalmente enviada a uma unidade de destilação,
onde o mercúrio é extraído. O mercúrio é, então, recuperado e pode
ser reutilizado. A poeira fosforosa resultante pode ser reciclada e
reutilizada, por exemplo, na indústria de tintas. O único componente
da lâmpada que não é reciclado é o isolamento baquelítico existente
nas extremidades da lâmpada.
No que se refere à tecnologia para a reciclagem de lâmpadas, a de
maior avanço tecnológico é apresentada pela empresa Mercury Recovery
Technology - MRT, estabelecida em Karlskrona Suécia. O processador
da MRT trabalha a seco, em sistema fechado, incorporado em um
"container" de 20 pés de comprimento (6,10 m). Todo o sistema opera
sob pressão negativa (vácuo) para evitar a fuga de mercúrio para o
ambiente externo (emissões fugitivas).
b) Fase de destilação de mercúrio
A fase subseqüente nesse processo de reciclagem é a recuperação
do mercúrio contido na poeira de fósforo. A recuperação é obtida
pelo processo de reportagem, onde o material é aquecido até a
vaporização do mercúrio (temperaturas acima do ponto de ebulição do
mercúrio, 357° C). O material vaporizado a partir desse processo é
condensado e coletado em recipientes especiais ou decantadores. O
mercúrio assim obtido pode passar por nova destilação para se
removerem impurezas. Emissões fugitivas durante esse processo podem
ser evitadas usando-se um sistema de operação sob pressão negativa.
A MRT utiliza uma câmara de vácuo para o processo de destilação.
Para se conseguir uma pureza de mercúrio da ordem de 99,99%, as
partículas orgânicas carreadas pelos gases durante a vaporização do
mercúrio são conduzidas a uma câmara de combustão onde são oxidadas.

Custos para Descontaminação de Lâmpadas
O custo para a reciclagem e a conseqüente descontaminação do gerador
de resíduos depende do volume, distância e serviços específicos
escolhidos pelo cliente.
Nos EUA, o custo para pequenos geradores de lâmpadas usadas varia
de US$ 1.08 a US$2.00 por lâmpada. Para grandes geradores, o preço
final é da ordem de US$0.36 por lâmpada de 4 pés, mais custos com
frete e acondicionamento para transporte. No Brasil, uma tradicional
empresa do ramo cobra pelos serviços de descontaminação valores de
R$0,60 a R$0,70 por lâmpada. A esse preço, deve-se acrescentar os
custos de frete (transporte), embalagem e seguro contra acidentes. O
ônus envolvido no processo de reciclagem tem sido suportado, até o
presente momento, pelas empresas e indústrias mais organizadas, que
possuem um programa ambiental definido.
Os subprodutos reaultantes do processo de reciclagem, tais como
vidro, alumínio, pinos de latão e mercúrio, possuem baixo valor
agregado: R$20,00/tonelada para o vidro; R$900,00/tonelada para o
alumínio; R$900,00/tonelada para o latão e R$0,04 a R$ 1, l2/grama
para o mercúrio, dependendo do seu grau de pureza. |