GASES
1. Transformações Gasosas
1.1. Introdução
Todo gás é constituído de partículas (moléculas)
que estão em contínuo movimento desordenado. Esse movimento de um grande
número de moléculas provoca colisões entre elas e, por isso, sua trajetória
não é retilínea num espaço apreciável, mas sim caminham em ziguezague. Essas
colisões podem ser consideradas perfeitamente elásticas.
O estado em que se apresenta um gás, sob o ponto
de vista microscópico, é caracterizado por três variáveis: pressão, volume e
temperatura. São denominadas variáveis de estado.
I. Volume
O volume de qualquer substância é o espaço
ocupado por esta substância. No caso dos gases, o volume de uma dada amostra
é igual ao volume do recipiente que a contém.
As unidades usuais de volume são: litro (L),
mililitro (mL), metro cúbico (m3), decímetro cúbico (dm3)
e centímetro cúbico (cm3).

II. Temperatura
É a medida do grau de agitação térmica das
partículas que constituem uma substância.
No estudo dos gases, é utilizada a escala
absoluta ou Kelvin (K) e, no Brasil, a escala usual é a Celsius ou
centígrada (°C). Portanto, para transformar graus Celsius (t) em Kelvin,
temos:

III. Pressão
A pressão é definida como força por unidade de
área. No estado gasoso, a pressão é o resultado do choque de suas moléculas
contra as paredes do recipiente que as contém.
A medida da pressão de um gás é feita através de
um aparelho chamado manômetro.
O manômetro é utilizado na medida da pressão dos
gases, dentro de recipientes fechados. É formado por um tubo em U, contendo
mercúrio.
Encontramos dois tipos de manômetro:
1. Com extremidade aberta

2. Com extremidade fechada

As unidades de pressão usuais são:
atmosfera (atm), centímetros de mercúrio (cmHg), milímetros de mercúrio (mmHg);
Torricelli (torr).
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg
1 mmHg = 1 torr
1.2. Leis Físicas dos Gases
Uma dada massa de gás sofre uma transformação
quando ocorrem variações nas suas variáveis de estado. Começamos o estudo
modificando-se apenas duas das grandezas e a outra se mantém constante.
I. Lei de Boyle-Mariotte
“À temperatura constante, uma determinada
massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional à pressão exercida
sobre ele”.
Esta transformação gasosa, onde a temperatura é
mantida constante, é chamada de transformação isotérmica.
Experiência da Lei de Boyle-Mariotte

A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por
um gráfico pressão-volume. Neste gráfico, as abscissas representam a pressão
de um gás, e as ordenadas, o volume ocupado.

A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação
representativa é PV = constante. Portanto, podemos representar:

II. Lei de Charles/Gay-Lussac
“À pressão constante, o volume ocupado por uma
massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta."
Esta transformação gasosa, onde a pressão é
mantida constante, é chamada de transformação isobárica.
As relações entre volume e temperatura podem ser
representadas pelo esquema:

Graficamente, encontramos:

A reta obtida é representada pela equação:
V = (constante) · T ou V/T = constante
Com isso, ficamos com:

III. Lei de Charles/Gay-Lussac
“A volume constante, a pressão exercida por
uma determinada massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura
absoluta.”
Esta transformação gasosa, onde o volume é
mantido constante, é denominada de transformação isocórica,
isométrica ou isovolumétrica.
As relações entre pressão e temperatura são
representadas a seguir:

Graficamente, encontramos:

A reta obtida é representada pela equação:
P = (constante) · T ou P/T = constante
Com isso, ficamos com:

1.3. Gás Perfeito ou Ideal
Obedece rigorosamente às Leis Físicas dos Gases
em quaisquer condições de temperatura e pressão.
1.4. Gás Real
Não segue o comportamento do gás ideal,
principalmente em pressões muito altas e/ou em temperaturas baixas, porque
ocorre alta redução de volume e as partículas, muito próximas, passam a
interferir umas no movimento das outras.
Um gás real aproxima-se do comportamento de um
gás ideal à medida que diminui a pressão e aumenta a temperatura.
2. Equação Geral dos Gases
Esta equação é utilizada quando ocorre
transformação gasosa em que as três variáveis de estado (P, V e T)
se modificam simultaneamente.
Ela é obtida por meio da relação matemática entre
as transformações gasosas estudadas anteriormente.


3. Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP, CN ou
TPN)
São definidas como condições normais de
temperatura e pressão quando o gás é submetido a uma pressão de 1 atm e à
temperatura de 0 °C. Portanto, podemos colocar:
P = 1 atm = 760 mmHg
T = 0 °C = 273 K
4. Lei de Avogadro
“Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma
temperatura e pressão, encerram o mesmo número de moléculas."

Sendo n a quantidade em mols de cada gás,
podemos concluir:

Determinou-se experimentalmente o volume ocupado
por 1 mol de qualquer gás nas CNTP e foi encontrado o valor aproximadamente
igual a 22,4 L. Portanto, podemos dizer que:

6.
Equação de Clapeyron
As leis de Boyle e Charles/Gay-Lussac podem ser
combinadas com a lei de Avogadro para relacionar volume, pressão,
temperatura e quantidade em mols de um gás.
Tal relação é chamada de equação de estado de um
gás. Ela pode ser encontrada das seguintes formas:
I. Lei de Boyle-Mariotte
V é proporcional a
quando T e n são constantes.
II. Lei de Charles/Gay-Lussac
V é proporcional a T onde P
e n são constantes.
P é proporcional a T onde V
e n são constantes.
III. Lei de Avogadro
V é proporcional a n quando T
e P são constantes. Agrupando as quatro expressões encontramos:
V é proporcional a
· (T) · (n) ou
V = R ·
· (T) · (n), onde R representa a constante de proporcionalidade e
é chamada de constante universal dos gases. A equação de estado pode então
ser representada por:
P · V = n ·R · T
Esta equação também é denominada de equação de
Clapeyron, em homenagem ao físico francês que a determinou.
A constante R pode assumir vários valores
dentre os quais destacamos:

Saiba Mais...
Lei dos Gases Ideais causa queda de
um LearJet

A lei
dos gases ideais, PV=nRT, diz que o número de moléculas de gás em um
determinado volume é proporcional à pressão do gás. No dia 25 de outubro de
1999, um LearJet caiu em Mina, South Dakota, USA. A causa do acidente foi a
depressurização da cabine. O avião estava a 10 mil pés de altura (~3 km).
Nesta altitude, a pressão atmosférica é menor e, consequentemente, o ar é
menos denso, mais rarefeito. Dentro do avião, que deve ser selado, a pressão
é controlada pelo bombeamento de oxigênio. Durante o vôo, houve uma
depressurização - todos os passageiros e tripulação rapidamente ficaram
inconscientes e, provavelmente, mortos, por falta de oxigênio: menor P
resulta em menor n. Por mais de 3 horas voaram nesta situação, guiados pelo
piloto automático. Uma das evidências de que a depressurização, de fato,
ocorreu, era de que as janelas do avião estavam cobertas de gelo. A 10 mil
pés, o avião pode ser encarado como um grande cilindro de ar comprimido. Se
estiver vazando, o ar estará sofrendo uma expansão. PV=nRT diz que este é um
processo endotérmico e, portanto, retira calor das vizinhanças - levando até
mesmo ao congelamento do vapor de água!
A perda de
consciência é tão rápida porque o sangue perde oxigênio com se estivesse em
ebulição. As células cerebrais ficam sem oxigênio e morrem em poucos
minutos.
7. Densidade dos Gases
A densidade gasosa pode ser trabalhada sob duas
formas: a densidade absoluta e a densidade relativa.
7.1. Densidade Absoluta
A densidade absoluta é uma relação entre a massa
e o volume ocupado por um gás, em determinadas condições de temperatura e
pressão.

Esta densidade pode ser encontrada, levando-se em
consideração a pressão e a temperatura absoluta, partindo-se da equação de
estado do gás ideal:
P · V = n · R · T


Sabendo que: d = m/V
P · M = d · R · T

A unidade utilizada é o g/L.
Trabalhando-se nas CNTP (P = 1 atm e T = 273 K),
encontramos a seguinte equação:

7.2. Densidade Relativa
A densidade relativa é encontrada através da
relação entre as densidades absolutas de dois gases, medidas nas mesmas
condições de temperatura e pressão.


Esta relação indica quantas vezes um gás é mais
denso ou menos denso que outro gás. Por exemplo, uma bexiga com gás
hidrogênio mantém-se suspensa no ar porque o gás hidrogênio é menos denso
que o ar.

8. Mistura Gasosa
A mistura entre dois ou mais gases sempre
constitui um sistema homogêneo.
Consideremos inicialmente dois recipientes
contendo, o primeiro, gás nitrogênio (N2) e o segundo, gás hélio
(He).
Os dois gases são misturados em um terceiro
recipiente, conforme o esquema representado abaixo.

Para a mistura gasosa, é possível estabelecermos
as seguintes relações:
8.1. Equação de Estado
P · V =
n
· R · T
onde:

Não esquecer que
, portanto a mistura apresentada fica:

Para uma mistura gasosa qualquer, a quantidade em
mols fica:
n = n1 + n2 + n3 + ...
8.2. Equação Geral dos gases
Partindo de:

e sabendo que;

A soma das quantidades em mols fica:

Podemos representar a equação geral para mistura
gasosa:

Para a equação representada, utilizamos a mistura
de dois gases, portanto, para uma mistura qualquer, contendo mais de dois
gases, a equação fica assim representada:

onde P1, V1,T1,P2,V2,T2
, … representam a situação inicial de cada gás.
8.3 Pressão Parcial
Utilizando o mesmo esquema do módulo anterior,
temos:

A pressão da mistura gasosa (P) corresponde à
soma das pressões exercidas pelo hélio e pelo nitrogênio dentro do
recipiente. A pressão que cada gás exerce na mistura gasosa é chamada de
pressão parcial. Portanto, podemos enunciar a lei de Dalton (das pressões
parciais) que diz: a pressão total corresponde à soma das pressões parciais
dos gases componentes da mistura gasosa.
P = pHe + pN2
Para o cálculo da pressão parcial podemos
utilizar:
a) Equação de estado
pN2 · V = nN2
· R · T e pHe · V = nHe · R · T
onde V e T são da mistura gasosa.
b) Equação geral
Como a quantidade em mols de cada gás não varia,
podemos escrever:

Utilizando a equação de estado, temos:
Inicial

mistura

Estabelecendo a igualdade:

Para o hélio, a equação fica:

c) Relação entre pressão da mistura gasosa e
pressão parcial
Inicialmente, definimos uma forma de
concentração, denominada de fração molar (x).
A fração molar corresponde a razão entre a
quantidade em mols do gás presente na mistura e a quantidade total, em mols,
de gás. Portanto, a equação fica:



Para estabelecer a relação entre as pressões,
recorremos à equação de estado:
pHe · V = nHe · R · T
(pressão parcial)
P · V =
n
· R · T (mistura gasosa)
Dividindo uma equação pela outra:

encontramos:
ou

Para o nitrogênio: PN2 = P
· xN2
9. Efusão e Difusão Gasosa
Considerando que um recipiente contenha gás, se seu
cheiro se espalhar todos que estarão ao redor, iram sentir o cheiro forte do
gás (fato muito conhecido). Esse fato ocorre, pois as moléculas de um gás se
movimentam com facilidade através dos espaços vazios entre as moléculas,
fazendo com que elas se misturem uniformemente com eles.
Podemos pensar também que essas moléculas podem atravessar as paredes
porosas, porém nem todas na mesma velocidade, independente se os gases estão
ou não nas mesmas condições de temperatura e pressão.
Difusão gasosa – é a forma na
qual, os gases atravessam uma parede porosa, e nesse mesmo processo se
misturam de maneira uniforme com outros gases.
Porém, a efusão gasosa é
conceituada como uma forma em que um gás escapa de um recipiente, por meio
de um pequeno furo, para o vácuo.
Thomas Graham foi um químico britânico, que estudou a efusão gasosa, ele
criou a lei que o explica.
“As velocidades de efusão dos gases são inversamente proporcionais às
raízes quadradas de suas massas específicas, quando submetidos à mesma
pressão e temperatura.”
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04/03/19