CICLOS
BIOGEOQUÍMICOS

ÍNDICE
1. ECOLOGIA
2. ECOSSISTEMAS
2.1. INTRODUÇÃO
2.2. BIOSFERA
vs.FOTOSSÍNTESE
2.3. OS
COMPONENTES DO ECOSSISTEMA
2.4. A
PIRÂMIDE DE ENERGIA
2.4.1. FLUXO
DE ENERGIA
2.4.2. FLUXO
DE MATÉRIA
3. OS CICLOS
BIOGEOQUÍMICOS
3.1.
INTRODUÇÃO
3.2. A
ENERGIA NO ECOSSISTEMA
3.3.
NUTRIENTES
3.4. TIPOS DE
CICLOS
3.4.1. CICLO
DA ÁGUA
3.4.2. CICLO
DAS ROCHAS
3.4.3. CICLO
DO CARBONO
3.4.4. CICLO
DO OXIGÊNIO
3.4.5. CICLO
DO NITROGÊNIO
3.4.6. CICLO
DO CÁLCIO
3.4.7. CICLO
DO FÓSFORO
3.4.8. CICLO
DO ENXOFRE
4. FATORES DE
DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL
4.1.
INTRODUÇÃO
4.2.
CONCENTRAÇÃO DE POLUENTES NOS NÍVEIS TRÓFICOS
5. METAIS
PESADOS
5.1. EFEITOS
TÓXICOS CAUSADOS PELO MERCÚRIO
5.2. USO DO
MERCÚRIO NO BRASIL
5.2.1.
HISTÓRICO
5.2.2.
MERCÚRIO COMO CONTAMINANTE AMBIENTAL
5.2.3. A
CONTAMINAÇÃO POR GARIMPOS DE OURO
5.2.4. O
ACIDENTE DA BAÍA DE MINAMATA
5.2.5. AS
DIFERENÇAS ENTRE A AMAZÔNIA E MINAMATA
5.3. EFEITOS
TÓXICOS CAUSADOS PELO CHUMBO
6. POLUIÇÃO
DA ÁGUA
6.1. A CHUVA
ÁCIDA
7. POLUIÇÃO
DA ATMOSFERA
7.1. EFEITO
ESTUFA
8. POLUIÇÃO
DO SOLO
9. BIBLIOGRAFIA
1. ECOLOGIA
O termo ecologia foi
utilizado pela primeira vez em meados de 1870 pelo biólogo alemão Ernst
Haeckel, discípulo de Charles Darwin, para designar a ciência das relações
dos organismos com o meio ambiente.
A palavra ecologia
deriva de duas palavras de origem grega: olkos, que significa casa, ou em um
sentido mais amplo, ambiente, e logos, que quer dizer ciência ou estudo.
Dessa forma, ecologia significa ciência do ambiente, ou, em uma definição
mais completa, pode ser entendida como a ciência que estuda as relações
entre os seres vivos e o ambiente onde vivem. Atualmente, a designação que
tem sido mais utilizada, define a ecologia como sendo a ciência que estuda
os ecossistemas.

Os níveis de organização e os âmbitos da ecologia
Nos dias atuais, a
ecologia passou a ser um dos temas de maior destaque nos meios de divulgação. Isso se deve em grande parte aos desastres ecológicos que se
sucedem não apenas em nosso país mas também em vários outros, de tal
maneira, que a ecologia passou a adquirir grande importância prática.
O Homem é o ser vivo
que mais agride o ambiente em que vive, sendo que até certo tempo atrás ele
acreditava que poderia interferir no meio ambiente da maneira que lhe fosse
mais conveniente. Aos poucos, porém, ele foi percebendo que o descarte
inadequado dos subprodutos de suas indústrias, o uso indiscriminado de
agrotóxicos, e o descuido com rios, lagos e fontes não só acabava com a vida
existente nesses meios, mas também trazia enormes transtornos a ele próprio,
pois uma vez que o Homem alterava o meio onde vivia, a natureza lhe
respondia cada vez mais de uma maneira mais ríspida e rápida.
Hoje em dia se faz
necessário conhecer as noções básicas da ecologia, ou seja, aprender como os
seres interagem com o ambiente e verificar o papel deles no equilíbrio
ecológico.
Sem sombra de dúvida,
o Homem já fez progressos consideráveis na tentativa de recuperar os
ecossistemas que foram destruídos e de preservar aqueles que poderiam ser
atacados. Um exemplo disso foi o encontro da comunidade científica
internacional em conjunto com políticos em junho de 1992, na cidade do Rio
de Janeiro, na conferência que ficou conhecida como ECO-92, durante a qual
foram discutidas soluções e responsabilidades de problemas que são comuns
aos países. O ponto alto desse encontro foi a elaboração da Carta da Terra.
Em contrapartida, a saída dos Estados Unidos, um dos maiores poluidores do
meio ambiente, do Tratado de Kioto foi uma prova cabal que não são todos que
aprenderam com as respostas da natureza. A defesa americana é simplesmente
insustentável, pois alega que com a assinatura do Tratado, a indústria
americana teria que se adequar a uma nova política de controle de emissão de
gases poluentes, e isso levaria a indústria a ter gastos extras e a ter que
fazer cortes de pessoal, o que poderia gerar uma crise na indústria
americana e, conseqüentemente, levaria a uma crise na economia mundial.
2. ECOSSISTEMAS
2.1. INTRODUÇÃO
No início da
formação do planeta, existia uma grande camada de gases, constituída
basicamente de metano, amônia, vapor de água e hidrogênio. Com o passar do
tempo, o planeta foi se resfriando, o que permitiu um acúmulo maior de água,
originando os primeiros mares, ou mares primitivos.
Paralelamente a
isso, a Terra ía sendo bombardeada constantemente pelos raios solares que
faziam com que transformações físicas e químicas nos componentes da
atmosfera e da crosta terrestre fossem ocorrendo. A partir desse momento, a
vida se originou e nunca mais deixou de existir no planeta.
Com o
aparecimento dos seres vivos, uma nova entidade passou a fazer parte da
constituição do planeta, ou seja, além da litosfera, hidrosfera e atmosfera,
a Terra passou a contar com a biosfera. A biosfera compreende todos os
lugares do planeta onde existe vida. As camadas que envolvem o planeta
recebem a terminação “sfera” devido ao formato esférico da Terra. Assim
sendo, pode-se montar uma tabela para ilustrar o nome e o significado de
cada um.

2.2. BIOSFERA
vs FOTOSSÍNTESE
Uma afirmação que se
pode fazer a respeito da biosfera é que a sobrevivência de todos os seres
vivos que a compõem, com exceção de um pequeno grupo de seres procariontes
quimiossintetizantes, depende, em uma última análise, dos organismos
clorofilados. Estes, por meio da fotossíntese, produzem o alimento que é
utilizado por todos os outros seres vivos. Como subproduto da fotossíntese,
as plantas liberam oxigênio, que é fundamental para a respiração de todos os
seres vivos, sejam eles animais ou vegetais. Esse tipo de dependência que
existe entre animais e vegetais é apenas um dos muitos exemplos de
interações que ocorrem na biosfera.

Como regra, populações de espécies diferentes devem viver em constante
interação, formando as comunidades bióticas, ou biocenose. A biocenose
depende do conjunto de fatores físicos e químicos do meio, freqüentemente
chamado de biótopo. Uma comunidade biótica em interação com o conjunto de
condições físicas e químicas, da região onde ela habita, constitui um
ecossistema. Assim, temos:
BIOCENOSE + BIÓTOPO
= ECOSSISTEMA
2.3. OS COMPONENTES DO ECOSSISTEMA
Um conjunto de seres
vivos e o meio onde eles vivem, com todas as interações que estes organismos
mantêm entre si, formam um ecossistema. Qualquer ecossistema apresenta dois
componentes básicos: o componente biótico, que é representado pelos seres
vivos, e o componente abiótico, que é representado pelas condições químicas
e físicas do meio.
Em qualquer
ecossistema, os representantes do componente biótico podem ser divididos em
outros dois grupos: os autótrofos e os heterótrofos. O termo autótrofo é
usado para designar os seres fotossintetizantes que conseguem captar a
energia luminosa e utilizá-la para suprir suas necessidades energéticas. Já
o termo heterótrofo é usado para denominar os organismos que necessitam
captar, do meio onde vivem, o alimento que lhes forneça energia e
matéria-prima para a sua sobrevivência. Dessa forma, os seres autótrofos são
ditos produtores dos ecossistemas, pois são eles que produzem toda a matéria
orgânica e energia que será utilizada como alimento por outros seres vivos.
É por meio deles que toda a energia necessária para a manutenção da
comunidade biótica entra no ecossistema.

Estrutura básica do ecossistema
Os heterótrofos são os
consumidores dos ecossistemas: eles apenas utilizam o alimento produzido
pelos autótrofos para assim sobreviver. Um grupo muito particular de
heterótrofos são os decompositores, pois estes se utilizam de matéria
orgânica morta como fonte de alimentação. Os decompositores são de grande
importância, pois é a partir deles que muitos nutrientes são devolvidos ao
meio ambiente, tornando assim cíclica a permanência desses nutrientes,
conforme será visto mais adiante.
Em termos de fatores
abióticos, estes podem ser classificados em físicos e químicos, sendo que
temperatura, luminosidade e umidade são exemplos de fatores físicos. Entre
os fatores químicos, pode ser citada a presença de água e de minerais no
solo.


Ambiente terrestre (esquerda) e ambiente aquático (direita).
Dentre os fatores
físicos, a radiação solar é a que ocupa lugar de destaque, pois ela é quem
comanda a maioria dos outros fatores. Dela provém toda a energia necessária
para a sobrevivência dos seres vivos, além de ser ela a responsável pela
manutenção da temperatura no planeta. Essa manutenção da temperatura é fator
fundamental na distribuição dos seres vivos na superfície da Terra. Além
disso, a radiação solar também afeta outros fatores climáticos como umidade
relativa do ar, pluviosidade, etc.
Com relação aos
fatores químicos, pode-se dizer que a presença ou ausência de um determinado
elemento na água é decisiva para a manutenção da vida em um dado ambiente.
Por exemplo, a presença de fósforo, encontrado na forma de fosfato em alguns
tipos de rochas, é fundamental, pois o fósforo é constituinte importante da
matéria viva. Outros elementos, como o cálcio, o boro, o carbono, o
nitrogênio e o oxigênio, são essenciais para a manutenção da vida, tanto
animal quanto a vegetal, sendo que esses elementos ficam presentes no meio
ambiente em uma forma cíclica, ou seja, de alguma maneira eles são retirados
do meio, cumprem o seu papel, seja formar uma proteína ou um ácido nucléico,
como no caso do nitrogênio, seja a de um fosfolipídio no caso do fósforo, e,
de alguma forma, eles devem retornar ao meio para novamente se tornarem
parte do ciclo.

Pela figura anterior, fica evidente a forma como a energia
solar é transferida e utilizada por todos os seres vivos. Inicialmente, a
energia que é produzida pelo sol e que chega à Terra é suficiente para que
as plantas consigam realizar a síntese de matéria orgânica por meio do
processo de fotossíntese, ou seja, esse processo fornece toda a energia
necessária para os processos vitais e para que as plantas possam crescer e
se desenvolver. Nesse processo de crescimento e desenvolvimento, as plantas
vão produzindo e armazenando energia, sais minerais e matéria orgânica, que
vão ser posteriormente passados para os organismos superiores, via cadeia
alimentar.
A matéria orgânica que foi sintetizada pelas plantas
contém energia, que por sua vez vai servir de alimento para manutenção de
processos vitais e de crescimento para os animais. Inicialmente, essa
energia é passada aos herbívoros e, em seguida, é passada via cadeia
alimentar a todos os outros organismos superiores, inclusive o Homem. Caso
esse mecanismo de transporte seja interrompido em algum ponto, a
decomposição da matéria orgânica por ação de bactérias e fungos, faz com que
todos os nutrientes voltem ao solo e possam ser reabsorvidos novamente,
dando continuidade ao ciclo.
O esquema apresentado ilustra o conceito de cadeia
alimentar, e inerente a esse conceito está o conceito de nível trófico, que
será discutido um pouco mais tarde, mas de antemão já é possível perceber
que cada organismo ocupa um lugar pré-determinado na cadeia alimentar, e em
virtude de sua colocação na cadeia dependerá a sua colocação em um nível
trófico ou não.
2.4. A PIRÂMIDE DE ENERGIA
A pirâmide de energia
mostra uma conseqüência natural das leis da termodinâmica, ou seja, parte da
energia é dissipada ao passar de um nível trófico para outro, e em cada
nível a energia é transformada, nunca criada. Além disso, ela indica os
níveis de aproveitamento ou produtividade biológica da cadeia alimentar.


Exemplos de pirâmides de energia
2.4.1. FLUXO DE ENERGIA
Uma das
características mais marcantes dos ecossistemas é que os organismos que os
compõem podem ser agrupados de acordo com seus hábitos alimentares. Nesse
caso, cada grupo em particular constitui aquilo que costuma se denominar
nível trófico. De acordo com essa definição, o nível trófico nada mais é que
o lugar onde cada grupo de organismos ocupa em um determinado ecossistema. A
seqüência dos níveis tróficos representa o caminho que tanto a energia como
a matéria percorre em um ecossistema.
A fonte de energia que
mantém qualquer ecossistema é o Sol. Assim, a energia luminosa proveniente
do Sol é captada e metabolizada pelos produtores, que na sua maioria são
seres fotossintetizantes, portanto autótrofos. Incluem-se nesse grupo os
vegetais clorofilados e os organismos quimiossintetizantes (algumas
bactérias). Posteriormente, os herbívoros, ao se alimentarem dos produtores,
obtêm parte dessa energia e, assim sucessivamente, a energia vai passando de
nível trófico até a sua chegada aos organismos que estão no topo da cadeia
alimentar.

Do total de energia
armazenada pelo autótrofo na matéria orgânica produzida pela fotossíntese,
parte é consumida por ele mesmo na respiração, o que lhe mantém vivo.
Portanto só é passado para o nível trófico seguinte aquilo que o produtor
não consumiu, e desse, uma parte é eliminada pelos excrementos e uma parcela
considerável da energia do alimento é consumida como forma de energia de
movimento. As sobras são incorporadas aos tecidos permanecendo à disposição
do nível trófico seguinte. Assim, a cada nível trófico, vai ocorrendo uma
perda de energia, principalmente na forma de calor, forma essa que os seres
vivos não tem condições de reaproveitar. Portanto, a energia flui de um
nível trófico a outro se possibilidade de retrocesso, numa única
direção; daí vem a denominação de que o fluxo de energia é unidirecional.
O esquema a seguir
ilustra o que foi dito. Os raios solares, assim que chegam às plantas, que
são os produtores da cadeia alimentar e por isso se encontram na parte
debaixo da pirâmide, transformam essa energia em matéria orgânica, que, por
sua vez, vão servir de alimento e fonte de energia para todos os
consumidores que estão na parte superior da cadeia, transferindo, assim, a
energia para esses consumidores. Uma vez que os animais do topo da cadeia
não tem como reciclar essa energia, uma parte dela se perde na forma de
calor para o ambiente.

2.4.2. FLUXO DE MATÉRIA
Ao contrário do que
acontece com o fluxo de energia, o fluxo de matéria não é unidirecional; ele
segue o caminho inverso, ou seja, o caminho cíclico. Principiamos o
raciocínio pelos produtores, que são os seres que transformam a energia
radiante do sol em alimento, inicialmente para si, e depois para os demais
organismos vivos que compõem os níveis tróficos superiores através da
alimentação. Assim que qualquer um desse seres que compõem os níveis
tróficos morre, a matéria orgânica é absorvida pelos microrganismos
decompositores que trazem de volta ao solo os sais minerais e outros
elementos, tornando-os disponíveis para serem reaproveitados novamente por
outros organismos.

3. OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
3.1. INTRODUÇÃO
Os ciclos biogeoquímicos
são processos naturais que por diversos meios reciclam vários elementos em
diferentes formas químicas do meio ambiente para os organismos, e depois,
fazem o processo contrário, ou seja, trazem esses elementos dos organismos
para o meio ambiente. Dessa forma, a água, o carbono, o oxigênio, o
nitrogênio, o fósforo, o cálcio, entre outros elementos, percorrem esses
ciclos, unindo todos os componentes vivos e não-vivos da Terra.
Sendo a Terra um sistema
dinâmico, e em constante evolução, o movimento e a estocagem de seus
materiais afetam todos os processos físicos, químicos e biológicos. As
substâncias são continuamente transformadas durante a composição e a
decomposição da matéria orgânica, sem escapar da biosfera, sendo, portanto
recicláveis.
Um ciclo biogeoquímico
pode ser entendido como sendo o movimento ou o ciclo de um determinado
elemento ou elementos químicos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e
biosfera da Terra.
Os ciclos estão
intimamente relacionados com processos geológicos, hidrológicos e
biológicos. Como exemplo, pode-se lembrar que um modesto conhecimento sobre
o ciclo geológico (aqui referido como um conjunto dos processos responsáveis
pela formação e destruição dos materiais da Terra, subdividido em ciclo
hidrológico e ciclo das rochas) é valioso para o conhecimento e compreensão
de nosso ambiente, que está intimamente relacionado aos processos físicos,
químicos e biológicos.
Os caminhos percorridos
ciclicamente entre o meio abiótico e o biótico pela água e por elementos
químicos conhecidos, como C, S, O, P, Ca e N, constituem os chamados ciclos
biogeoquímicos.
O estudo desses ciclos se
torna cada vez mais importante, como, por exemplo, para avaliar o impacto
ambiental que um material potencialmente perigoso, possa vir a causar no
meio ambiente e nos seres vivos que dependem direta ou indiretamente desse
meio para garantir a sua sobrevivência.
Portanto podemos denominar de
ciclos biogeoquímicos
ao movimento contínuo dos elementos
químicos, do meio físico para os seres vivos e destes novamente para o meio
físico. Assim sendo, os átomos dos elementos químicos presentes na natureza
e nos seres vivos não são criados nem destruídos, mas constantemente
reciclados.

Como já fora visto
anteriormente, a matéria pode ser constantemente
reaproveitada na natureza, ou seja, quando uma planta ou um animal
morre, as
bactérias e fungos que estão presentes nos solos dão início ao
processo de
decomposição desses seres, e nesse processo de decomposição são
trazidos de volta
ao solo sais minerais, água e outros elementos, como Na, K, P, N.
Uma vez que esses elementos
estão disponíveis novamente no solo, ar ou no
ambiente de maneira geral, o processo todo se reinicia, como se fosse
uma grande
engrenagem, ou seja, o nitrogênio que está no ar atmosférico é
utilizado por algumas
bactérias que se encontram nas raízes de algumas plantas, o fósforo é
novamente
incorporado pelos seres vivos para compor os fosfolipídios e assim
sucessivamente.
Os ciclos biogeoquímicos estão
intimamente relacionados com os processos
geológicos, de tal forma que é praticamente impossível tentar
entender um ciclo
biogeoquímico sem antes saber o que se passou com o planeta, as
transformações
que ele sofreu e que ainda hoje continua a sofrer, visto que a Terra
é um sistema que
prima pelo equilíbrio dinâmico que possui.
3.2. A ENERGIA NO ECOSSISTEMA
A existência da
comunidade de um ecossistema está ligada à energia necessária à
sobrevivência dos seres vivos a ela pertencentes. De maneira geral, num
ecossistema, existem vegetais capazes de realizar fotossíntese. Deles
dependem todos os demais seres vivos. O Sol é a fonte de energia utilizada
pelos vegetais fotossintetizantes, que transformam a energia solar em
energia química contida nos alimentos orgânicos. Durante a realização das
reações metabólicas dos seres vivos, parte da energia química se transforma
em calor, que é liberado para o ecossistema. Assim a energia segue um fluxo
unidirecional.

A
energia flui unidirecionalmente ao longo do ecossistema e é sempre renovada
pela luz solar. A matéria orgânica, porém, precisa ser reciclada e nesse
processo participam os seres vivos. Em qualquer ciclo existe a retirada do
elemento ou substância de sua fonte, utilização por seres vivos e devolução
para a sua fonte. Como os recursos na Terra são finitos e a vida depende do
equilíbrio natural desse ciclo, esse processo de reciclagem da matéria é de
suma importância.
3.3. NUTRIENTES
São elementos essenciais à vida,
disponível para os produtores, em forma molecular ou iônica.
Participam da trajetória, desde o meio inanimado, passando pelos organismos
vivos e retornando ao meio original.
Aproximadamente 40 elementos são incorporados aos organismos na forma de
compostos orgânicos complexos ou participam de uma série de reações químicas
essenciais às atividades dos seres vivos.
GRUPOS DE NUTRIENTES
Macronutrientes
- Participam em quantidades superiores a 0,2% do peso orgânico seco (p.o.s.)
:
O carbono (C), o hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N) e o
fósforo (P), participam em quantidades superiores a 1 % do p.o.s. dos seres
vivos, além do enxofre (S), do cloro (Cl), do potássio (K), do sódio (Na),
do cálcio (Ca), do magnésio (Mg) e do ferro (Fe).
Micronutrientes
- Participam em quantidades
inferiores a 0,2% do p.o.s. do ser vivo :
O alumínio (Al), o boro (B), o cromo (Cr), o zinco (Zn), o molibdênio (Mo),
o vanádio (V) e o cobalto (Co).

Os elementos essenciais que fazem parte desses ciclos recebem o nome de
biogeoquímicos.
Portanto temos:

3.4. TIPOS DE CICLOS
3.4.1. CICLO DA ÁGUA
3.4.2. CICLO DAS ROCHAS
3.4.3. CICLO DO CARBONO
3.4.4. CICLO DO OXIGÊNIO
3.4.5. CICLO DO NITROGÊNIO
3.4.6. CICLO DO CÁLCIO
3.4.7. CICLO DO FÓSFORO
3.4.8. CICLO DO ENXOFRE
4. FATORES DE DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL
4.1. INTRODUÇÃO
O equilíbrio encontrado na natureza foi alcançado através
de um lento e gradual processo de ajuste entre os seres vivos e o ambiente.
O longo processo evolutivo que resultou na adaptação dos organismos ao
ambiente é responsável pela harmonia das relações entre os seres vivos e o
ambiente físico.
Os ciclos biogeoquímicos mostram como essa harmonia é
facilmente identificada. Mesmo retirando grandes quantidades de elementos do
ambiente, os seres vivos acabam, de uma forma ou de outra, devolvendo esses
elementos ao meio, o que permite uma contínua renovação da vida.
A visão de uma natureza equilibrada capaz de resistir a
tudo não mais faz parte do pensamento do homem moderno. É preciso que se
tenha um bom senso, aliado a um pensamento crítico, de que a natureza aceita
as mudanças impostas pelo homem até um certo ponto, e a partir desse ponto
ela começa a sua reação, seja de uma forma ou de outra.
É provável que por causa da visão de que a natureza é uma
fonte de recursos inesgotáveis e sempre capaz de se renovar, o homem tenha
interferido de maneira tão abusiva, pondo em risco a sua própria
estabilidade.
O lançamento de substâncias dos mais variados tipos no
ambiente envolve dois tipos de problemas. Em um primeiro caso, ele pode ser
tóxico ao próprio homem, chegando a ele pelos mais diversos meios, como ar,
água ou pelos alimentos. Em um segundo caso, ele pode constituir ameaças
indiretas ao homem, pois afetando o equilíbrio dos ecossistemas naturais, o
homem põe em risco a sua vida, uma vez que ele depende diretamente desses
ecossistemas para conseguir sobreviver.
Substâncias poluentes são aquelas que,
quando lançadas no meio, representam um perigo em potencial à saúde dos
organismos vivos. Dessa forma, é possível se classificar as substâncias
poluentes em dois grandes grupos: poluentes quantitativos e qualitativos.
• Poluentes Quantitativos
São aqueles já existentes na natureza, mas também são liberados pelo homem
em quantidades significativamente maiores do que aquelas que ocorrem
naturalmente.
• Poluentes Qualitativos
São substâncias sintéticas, isto é, não ocorrem na natureza; a única forma
delas entrarem no ambiente é pela produção em fábricas e sua posterior
liberação para o ambiente.
Em termos dos perigos representados pelos
poluentes quantitativos, sabe-se que quantidades adicionais de certas
substâncias podem ser nocivas por causarem desequilíbrio nos ciclos
biogeoquímicos, ou por sua concentração, acima dos níveis naturais,
determinar toxidez para os seres vivos.
4.2. CONCENTRAÇÃO DE POLUENTES NOS NÍVEIS TRÓFICOS
Mesmo em pequenas quantidades no ambiente,
os poluentes podem causar sérios desastres ecológicos ao ambiente, em grande
parte devido à capacidade que esses poluentes têm de se concentrarem ao
longo da cadeia alimentar e assim serem passados a níveis tróficos
diferentes.
Enquanto grande parte da matéria e da
energia que é transferida de um nível trófico para outro se perde, isso não
acontece com certos tipos de poluentes. A esse processo de concentração
dá-se o nome de magnificação trófica. Um dos exemplos mais marcantes é o DDT
(diclorodifeniltricloroetano). O DDT é um pesticida organoclorado não
biodegradável, largamente utilizado desde a década de 40. A ação efetiva do
DDT fez com que as aplicações do produto fossem realizadas de uma forma cada
vez mais generalizada e indiscriminada. Como conseqüência disso, muitas
espécies inofensivas ou até úteis de insetos foram sumindo. O problema é que
com o uso indiscriminado do DDT, com o passar do tempo, algumas classes de
insetos começaram a desenvolver uma resistência a esse inseticida.
Iniciou-se, então, o uso de uma nova
classe de inseticidas, os organofosforados, que embora sejam mais tóxicos
que os primeiros e dotados de menor efeito residual, apresentam a vantagem
de não criarem resistência.
Percebeu-se, com o passar do tempo, que o
efeito residual, tido no começo como sendo muito vantajoso, era extremamente
danoso ao ambiente e, conseqüentemente, ao Homem, pois os organoclorados não
sendo biodegradáveis, tendem a se acumular no meio. A partir daí ocorre o
fenômeno de magnificação trófica, mencionado antes, ou seja, as plantas
incorporam esses organoclorados, que vão sendo passados, via alimentação
para os mais diversos níveis tróficos.
O grande problema é que esses
organoclorados têm a capacidade de se concentrarem no tecido adiposo dos
animais, potencializando a sua ação, de tal forma que é muito comum
encontrar animais com grandes concentrações de DDT.

Como pode ser visto no esquema acima, o
destino final do DDT é o Homem, e de acordo com o fenômeno da magnificação
trófica, é no Homem onde deverá ser encontrada a maior concentração de DDT,
ou seja, o Homem usa o DDT para matar as pragas que atacam as culturas, mas
sem se dar conta, ele acaba por provocar a sua morte também, de uma maneira
lenta, gradual e dolorosa.
Um outro efeito do uso indiscriminado
desses tipos de inseticidas é a destruição de um número muito grande de
espécies consideradas úteis, ou seja, o pesticida não acaba somente com a
praga, mas também com outras espécies. Um dos efeitos estudados em relação
ao DDT é o fato de que algumas aves apresentaram uma queda acentuada em sua
taxa de reprodução. Isso se deve à má formação das cascas das aves, o que as
torna extremamente frágeis. Nesse caso, verificou-se que o DDT tinha uma
ação decisiva e nociva no balanço hormonal das aves.
Entre os herbicidas mais utilizados
atualmente, estão os compostos do ácido fenóxiacético (2,4D, 2,4,5T), as
triazinas (atrazina, simazina), os compostos de uréia (diuron), os compostos
de bipiridilo (diquat e paraquat), as piridinas cloradas (picloran). Todos
esses herbicidas, além de potentes destruidores de vegetais, são extremante
persistentes no solo.
Alguns herbicidas como a dioxina, também
conhecida como agente laranja, possuem propriedades teratogênicas, ou seja,
possuem ação deformante do feto em mulheres que se alimentem de vegetais
contaminados. Esse efeito pode ser observado nas populações do Vietnã, onde
durante o período em que ocorreu a guerra, o agente laranja foi usado
indiscriminadamente e em larga escala pelos americanos, com o intuito de
desfolhar as matas, para fins de observação e combate do avanço das tropas
vietnamitas.
5. METAIS PESADOS
A contaminação por metais pesados é, sem
dúvida alguma, umas das formas mais terríveis de poluição, pois os metais
pesados apresentam, além de um grande efeito tóxico, um poder de acumulação
nos seres humanos altíssimo, ou seja, além de contaminarem o ambiente de uma
forma geral, contaminam o próprio Homem, causando efeitos danosos em grande
extensão.
Dentre os metais pesados mais conhecidos,
será dada uma ênfase maior ao mercúrio e ao chumbo.
5.1. EFEITOS TÓXICOS CAUSADOS PELO MERCÚRIO
A toxicidade dos sais inorgânicos de
mercúrio é proporcional a sua solubilidade. O calomelano (Hg2Cl2)
é um sal pouco solúvel que foi durante muito tempo utilizado como purgativo.
Os íons de mercúrio têm a capacidade de formarem complexos muito fortes com
os grupos –SH das proteínas (presentes no aminoácido cisteína) e sua
toxicidade provavelmente se relaciona com a inativação das proteínas nas
membranas celulares. Assim parece, pois os efeitos são particularmente
notáveis nos rins e no cérebro, ambos nos quais a função das membranas
celulares é muito importante, e também porque muitas bactérias e fungos
morrem em contato com compostos de mercúrio. A atividade bactericida não
específica tem sido freqüentemente relacionada com danos à membrana celular.
Os compostos inorgânicos de mercúrio,
remédios, fungicidas, bactericidas etc, foram totalmente substituídos pelos
chamados mercuriais orgânicos. É comum pensar nos metais como elementos
formadores unicamente de sais (compostos iônicos), mas muitos deles podem
formar compostos covalentes. O estanho e o chumbo são bons exemplos, e o
mercúrio em particular tem a capacidade de formar ligações covalentes
facilmente e em especial com compostos aromáticos. Um bom exemplo é o
semesan, muito utilizado como fungicida e praguicida.
A vantagem de seu uso está na possibilidade de se
controlar sua solubilidade pela inclusão nos substituintes apropriados ao
mesmo tempo em que a ligação Hg-benzeno é tão estável que ela forma o íon
R-Hg+, ainda capaz de reagir com grupos –SH e formar derivados do
tipo R-Hg-SH-proteína.
Compostos insolúveis, como o semesan, têm sido amplamente
utilizados para impregnar sementes e protegê-las no solo dos ataques de
pragas. O problema é que numerosos acidentes têm ocorrido quando essas
sementes foram usadas por pessoas desavisadas na preparação de alimentos.
Em 1969, houve um decréscimo acentuado da população de
pássaros em torno dos lagos na Suécia central. Foram afetados especialmente
os pássaros que se alimentavam de peixes. Seus tecidos continham níveis
surpreendentemente altos de mercúrio, mas a natureza de sua dieta não
indicava que se tivessem envenenado por sementes tratadas com compostos de
mercúrio. Suspeitou-se, então, da poluição industrial causada pelas fábricas
ao redor do lago, que produziam derivados da polpa da madeira. A princípio
suspeitou-se de que os fungicidas com mercúrio, adicionados para a
preservação da madeira, teriam sido concentrados ao longo da cadeia
alimentar; depois, suspeitou-se do próprio mercúrio elementar liberado
acidentalmente pela fábrica de soda cáustica. Assim, a história seria
paralela à de Minamata (que será vista adiante).
5.2. USO DO MERCÚRIO NO BRASIL
5.2.1. HISTÓRICO
O mercúrio foi usado pela primeira vez no
Brasil em meados do ano de 1850, durante o início do ciclo de exploração do
ouro. Durante o ciclo do ouro, estima-se que a emissão total de mercúrio no
ambiente foi algo em torno de 500 toneladas, ou seja, cerca de 2 a 5 t/ano.
Com o acelerado processo industrial
brasileiro em meados da década de 50, o mercúrio teve seu uso bastante
difundido, chegando ao ápice na década de 70, com uma média de utilização em
torno de 100 t/ano.
Com a demanda da atividade de garimpo a
partir de 1984, o consumo de mercúrio praticamente dobrou, em particular nos
estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia, onde essa atividade era mais
intensa devido à presença de imensas jazidas de ouro.
Os garimpeiros usam o mercúrio devido à
sua alta capacidade de solubilizar outros metais a frio, inclusive o ouro,
formando amálgamas. Misturado ao solo, ou a sedimentos de fundo de rio, o
mercúrio consegue ligar-se a minúsculas partículas de ouro ali presentes,
permitindo dessa maneira a sua separação. Em seguida, queimase o amálgama,
volatilizando o mercúrio e recuperando-se todo o ouro que venha estar
presente. Esse processo é bastante atraente devido à sua simplicidade e mais
ainda pelo seu baixo custo.
5.2.2. MERCÚRIO COMO CONTAMINANTE AMBIENTAL
Entre os metais potencialmente danosos ao
ambiente, o mercúrio destaca-se dos outros por suas características químicas
ímpares. O mercúrio pode existir no ambiente sob inúmeras formas, o que
torna sua distribuição ambiental bastante complexa.
Quando emitido na forma de vapor, o
mercúrio tem um tempo de residência na atmosfera que pode variar de alguns
dias até anos. Parte desse mercúrio deposita-se no local e parte se
incorpora à circulação atmosférica. A oxidação do metal Hg0
→ Hg2+, por diversos processos, o torna
altamente solúvel, o que facilita a sua deposição pela ação da gravidade ou
por intermédio das chuvas. Dessa forma, quando se fala no impacto causado
pelo mercúrio, deve sempre ser levado em conta a sua forma química.
O mercúrio inorgânico liberado nas formas
metálica ou gasosa pode originar compostos organometálicos como o
dimetilmercúrio ((CH3)2Hg) e o íon metilmercúrio (CH3Hg+),
sendo essas as mais danosas formas de contaminação.
A síntese do CH3Hg+
a partir do Hg2+ é mediada por diversos tipos de microrganismos
presentes em organismos aquáticos.
Por muito tempo pensou-se que o sedimento
do fundo de rios e lagos fosse o principal local da formação do CH3Hg+,
mas essa reação já havia sido observada em outros tipos de substrato, como
em algas que crescem em raízes de plantas aquáticas, outras superfícies
submersas e também no próprio solo. Além disso, existem bactérias capazes de
fazer a conversão do mercúrio orgânico a metilmercúrio. Embora o CH3Hg+
represente uma parcela muito pequena em sistemas aquáticos, ele é a forma
dominante em organismos superiores, devido ao efeito da biomagnificação.
Em certas bacias hidrográficas, a produção
e a disponibilidade de CH3Hg+ são maiores, mesmo não
havendo fontes próximas de liberação de mercúrio, como os garimpos. Isso se
dá em águas que apresentam uma natureza ácida, pois são ricos em matéria
orgânica dissolvida e são pobres em nutrientes. Dessa forma, a água poderia
funcionar como uma espécie de reator biogeoquímico, aumentando
consideravelmente a concentração e a atividade tóxica do agente
contaminante.
5.2.3. A CONTAMINAÇÃO POR GARIMPOS DE OURO
Os garimpos de ouro na Amazônia empregam
diretamente entre 400 a 600 mil pessoas, sendo que nessa região são
produzidos algo em torno de 100 toneladas de ouro anualmente.
O ouro encontrado nessa região ocorre como
partículas finas, em terraços sedimentares e sedimentos ativos de rios. Os
garimpeiros utilizam várias técnicas de pré-concentração gravimétrica e
amalgamação com mercúrio. O amálgama é então queimado e, dessa forma, o
mercúrio é liberado para a natureza.
Uma vez formado, o CH3Hg+,
que é altamente solúvel e estável na água, apresenta um longo tempo de
residência em organismos, com altos teores de bioacumulação na biota
aquática.
O mapa da figura a seguir apresenta as
localidades potencialmente afetadas pelo uso do mercúrio. Observa-se que a
grande maioria das localidades afetadas se encontra em regiões onde a
atividade garimpeira é mais intensa. Uma exceção é a região do vale do
Paraíba, onde não se tem uma atividade garimpeira muito intensa.


A figura a seguir ilustra mais detalhadamente o efeito da
atividade garimpeira e o uso do mercúrio no ambiente. Como foi apresentado
anteriormente, devido à atividade de garimpo ser muito concentrada na região
Norte do país, o mapa apresenta um destaque maior nessa área.

As principais cidades ribeirinhas ficam no caminho do mercúrio, ou seja,
todo o mercúrio liberado das atividades de garimpo tende a seguir para o Rio
Madeira ou para o Amazonas. Como o mercúrio sofre o processo de
biomagnificação, a população ribeirinha fica exposta a riscos de
contaminação por mercúrio, pois sua principal fonte de alimentação são os
pescados retirados desses rios, que podem estar contaminados pelo mercúrio
que foi jogado a muitos quilômetros de distância das populações. A partir da
década de 80, com o reconhecimento dos danos causados pelo mercúrio,
diversos trabalhos foram realizados visando fazer um levantamento da real
contaminação da região, sendo que em certos pontos observou-se índice três
vezes superior ao permitido por lei.

Logo a seguir são ilustradas as reações
que ocorrem com o mercúrio quando o metal atinge um reservatório.

5.2.4. O ACIDENTE DA BAÍA DE MINAMATA
A saga de Minamata remonta ao início do
ano de 1908, quando a Nippon Nitrogen Fertilizer instalou-se na cidade. A
empresa produzia acetaldeído e derivados de ácido acético e logo começou a
se destacar no cenário nacional. Em 1941, a empresa começou a produzir
cloreto de vinila, tornando-se um dos alicerces do Japão na Segunda Guerra
Mundial. A empresa utilizava sulfato de mercúrio como catalisador na
produção do ácido acético e de seus derivados, além de cloreto de mercúrio
para a catálise do cloreto de vinila.
Durante o processo químico de metilação do
acetileno, parte do mercúrio também era metilado, liberando grandes
quantidades do metal nos efluentes da fábrica. O detalhe é que todos os
rejeitos da fábrica eram lançados diretamente na baía de Minamata.
Na época, pouco se sabia acerca da
toxicidade do metal, bem como a sua capacidade de se acumular na cadeia
alimentar, e foi exatamente essa falta de informação o que ocasionou as
proporções gigantescas que o acidente tomou, pois uma vez que as pessoas não
sabiam o mal que as acometia, nem a sua causa, procurar uma solução era
complicado.
Abaixo está representado o esquema de
operação que a indústria utilizava em sua planta industrial na cidade de
Minamata.

Em 1956, foi notificado o primeiro de uma
série de casos que configurar-se-ia como o maior desastre envolvendo
população humana e contaminação por metais pesados. Meses depois, as
autoridades sanitárias organizaram um comitê de estudos sobre a doença.
Inicialmente, eles suspeitaram de alguma doença infecto- ontagiosa.
Pesquisas preliminares apontaram uma grande mortandade de peixes na baía,
além de distúrbios neurológicos em gatos, que eram semelhantes aos que foram
encontrados nas pessoas de Minamata.
As pesquisas indicaram que não se tratava
de uma doença infecto-contagiosa, mas sim de algo que estaria relacionado
com peixes e frutos do mar contaminados. Os primeiros elementos apontados
como possíveis agentes da doença foram o selênio, manganês e o tálio. Só no
primeiro ano, foram computados 52 casos da doença com 17 mortes. Meses
depois, a companhia afirmava que os níveis de metal na baía estavam dentro
dos padrões e que, portanto, os testes realizados não podiam comprovar
contaminação por metais pesados.
Em dezembro de 1960, a Associação de
Vendedores de Produtos do Mar decidiu boicotar todo e qualquer tipo de
produto marinho proveniente da região de Minamata.
Em 1977, começou o processo de dragagem
dos sedimentos do fundo da baía. Aterrou-se a região e instalaram-se redes
para que se pudesse impedir o acesso de peixes contaminados para o mar
aberto e vice-versa.
Em 1987, começou a dragagem da segunda
área. Removeram-se os rejeitos do fundo da baía que em análise posterior
registraram mais de 25 ppm de mercúrio.
O projeto de despoluição só terminou em
1991, mas somente há pouco, as redes que separavam a parte limpa da
contaminada foram retiradas.
5.2.5. AS DIFERENÇAS ENTRE A AMAZÔNIA E MINAMATA
O CH3Hg+, devido à
sua rápida absorção e migração pelos tecidos dos organismos e também devido
à sua forte ligação com proteínas que contêm enxofre, acumula-se muito
facilmente nos organismos inferiores e depois é passado para os superiores
na cadeia alimentar.
Um fator importante a respeito da
toxicologia do CH3Hg+ é que sua difusão pelas
barreiras biológicas é muito rápida, sendo que praticamente 95% da amostra
ingerida é absorvida pela corrente sanguínea. Outro fator que merece
destaque é o fato de sua grande seletividade pelo sistema nervoso central,
atacando principalmente as áreas corticais do cérebro.
Outro agravante que ocorreu em Minamata,
foi o fato de que mesmo depois do aparecimento da primeira vítima,
transcorreram-se quase dez anos até a identificação do agente causador da
doença. Já na Amazônia, as autoridades têm pleno conhecimento do potencial
efeito tóxico do CH3Hg+.
A via preferencial de contaminação do CH3Hg+
é o consumo de peixes, o que torna o problema ainda mais terrível, pois os
peixes são a base da dieta das populações ribeirinhas.
Há ainda outro terrível agravante. No caso
da baía de Minamata, o efluente industrial já continha o mercúrio sob a
forma metilada, enquanto que na Amazônia, o mercúrio é lançado no ambiente
como mercúrio elementar, líquido ou na forma de vapor. A forma de vapor do
mercúrio, após sofrer oxidação na atmosfera volta sob Hg2+. Essa
forma é bastante reativa, podendo sofrer metilação principalmente em lagos
de várzea, reservatórios hidrelétricos e rios de água negra.
5.3. EFEITOS TÓXICOS CAUSADOS PELO CHUMBO
A toxicidade do chumbo é conhecida há
muito tempo. Antigamente, as principais fontes de envenenamento por chumbo
eram tintas, muitas vezes ingeridas por crianças, além dos reservatórios e
encanamentos de água potável feitos à base de chumbo ou pintados com tintas
à base de chumbo.
O grau de dissolução do chumbo é função da
dureza da água Entende-se como água dura aquela com concentração de CaCO3
acima de 50mg/L. Alta concentração de chumbo pode ser encontrado em água
mole e ligeiramente ácida, principalmente se nela estiverem presentes
agentes quelantes naturais (ácidos húmicos), derivados da turfa.
Embora o chumbo seja pouco absorvido nos
intestinos, ele é um metal tóxico de efeito cumulativo, concentrando-se nos
ossos.
Com o advento do motor a explosão e a
intensificação do uso desse tipo de motor, pode-se verificar a partir de
1910 um aumento na concentração de chumbo nas neves polares.
O motor a gasolina é muito exigente em
relação ao seu combustível; esse deve se vaporizar facilmente quando
aspirado para dentro do cilindro, porém deve queimar devagar quando da
ignição. Hidrocarbonetos que não sejam ramificados e tenham relativa
volatilidade, tais com heptano, são combustíveis pobres, principalmente
porque as reações iniciais com o oxigênio produzem radicais livres. Em
contrapartida, os hidrocarbonetos ramificados, como o isooctano, queimam
muito mais vagarosamente porque a formação múltipla de radicais livres pára
nos pontos de ramificações.
A solução adotada foi diminuir a
velocidade de combustão pelo uso de substâncias que interrompem a série de
reações (os chamados agentes antidetonantes), sendo que uma das mais bem
sucedidas tentativas como agentes antidetonantes foi a utilização do
chumbo-tetraetila e chumbo-tetrametila.
O problema da gasolina foi resolvido, mas
o preço disso ficou muito alto. Estima-se que aproximadamente 0,8 mL dos
compostos citados eram adicionados a cada litro de gasolina, o que
correspondia a aproximadamente 2 gramas de chumbo por litro de gasolina. A
quantidade de chumbo utilizada foi estarrecedora: 300.000 toneladas por ano
nos EUA e cerca de 50.000 toneladas por ano no Reino Unido. O Brasil foi o
primeiro país a abolir o uso do chumbo na gasolina.
As chumbo-tetralquilas são compostos
voláteis extremamente venenosos que afetam diretamente o sistema nervoso
central, mas é o chumbo inorgânico dos produtos de combustão que causa a
maior preocupação, pois partículas finas de chumbo metálico ou de haletos de
chumbo são emitidas e chegam aos pulmões. O chumbo parece ser absorvido pela
corrente sangüínea muito mais eficiente a partir dos pulmões.
A poluição causada por partículas
transportadas pelo ar, é, portanto, um fenômeno tipicamente urbano, já que
são nos grandes centros industriais que estão a maioria da frota de veículos
automotivos e as grandes indústrias, que também podem, dependendo do tipo de
matéria com que trabalha, ser responsável pela liberação de fuligem ou algum
tipo de efluente não tratado que porventura possa vir a conter chumbo.
Recentemente, no interior de São Paulo, um
caso ganhou destaque na mídia. Nesse caso, a empresa responsável tinha em
seu pátio escória de chumbo, o que comprometeu enormemente a área ao redor.
O caso registrado ocorreu em Bauru, onde a empresa Acumuladores Ájax Ltda.,
uma das maiores fábricas de baterias automotivas do país, foi multada por
poluição ambiental. Laudos de diversos órgãos comprovaram a contaminação por
chumbo no solo, vegetação, animais e também em crianças nas proximidades da
empresa. A CETESB realizou várias campanhas de amostragem de chumbo nas
chaminés, no solo, águas subterrâneas, na vegetação e ainda no solo no
entorno da indústria. Na última inspeção, foram constatadas emissões de
poeiras fugitivas nas operações de fusão em fornos e no refino de lingotes
de chumbo, além de derrames de resíduos de chumbo pelo pátio da indústria,
propiciando emissão de material particulado para o ambiente, atingindo
inclusive áreas fora dos limites da fábrica.
Os efluentes resultantes de lavagem de
pátios, da operação de desmonte de baterias e do processo industrial, não
eram totalmente captados pelas canaletas que os conduziam à estação de
tratamento. Também foi constatada deficiência na armazenagem de resíduos
contaminados com chumbo, propiciando a contaminação do solo, tanto na área
interna, como externa da fábrica. Pelas análises feitas nos laboratórios da
CETESB, observou- e que as concentrações de chumbo na atmosfera foram
extremamente elevadas, com média de 9,7 μg/m3, chegando a alcançar valores
de até 37,7 μg/m3. O padrão de Pb adotado pela CETESB na
atmosfera é de 1,5 μg/m3.
Com isso, animais e hortaliças em
propriedades próximas à fábrica, também ficaram contaminadas por chumbo. De
acordo com pesquisas e estudos médicos, a contaminação por chumbo causa
sintomas como anorexia, vômitos, convulsão, dano cerebral permanente e lesão
renal irreversível, caracterizando uma doença chamada saturnismo. A empresa
teria de elaborar um plano de recuperação total das áreas contaminadas,
internas e externas, abrangendo solo, águas superficiais e subterrâneas e
vegetação.
As demais exigências dizem respeito à
instalação de equipamentos de controle de efluentes líquidos e gasosos,
limpeza de roupas, equipamentos e máquinas, cuidados com o armazenamento,
sistemas de ventilação, reprocessamento ou destinação final adequada de
todos os resíduos gerados, cuidados com as operações de carga e descarga dos
produtos manipulados e, até mesmo, a obrigatoriedade de se implantar uma
"cortina" de árvores no perímetro do terreno da fábrica, para diminuir o
arraste de poluentes pela ação dos ventos.
6. POLUIÇÃO DA ÁGUA
Considera-se que a água está poluída quando ela deixa de
ser adequada ao consumo humano, quando os animais aquáticos não podem viver
nela, quando as impurezas nela contidas a tornam desagradável ou nociva seu
uso como recreativo ou quando não pode ser mais utilizada em nenhuma
atividade industrial, pois seus uso implicaria em sérios danos.
Os rios, os mares, os lagos e os lençóis subterrâneos de
água são o destino final de todo poluente solúvel lançado no ar ou no solo.
O esgoto doméstico é o poluente orgânico mais comum da água doce e das águas
costeiras, quando em alta concentração. A matéria orgânica transportada
pelos esgotos faz proliferar os microrganismos, entre os quais bactérias e
protozoários, que utilizam o oxigênio existente na água para oxidar seu
alimento, e em alguns casos o reduzem a zero. Os detergentes sintéticos, nem
sempre biodegradáveis, impregnam a água de fosfatos, reduzem ao mínimo a
taxa de oxigênio e são objeto de proibição em vários países, entre eles o
Brasil.
Ao serem carregados pela água da chuva ou
pela erosão do solo, os fertilizantes químicos usados na agricultura
provocam a proliferação dosmicrorganismos e a conseqüente redução da taxa de
oxigênio nos rios, lagos e oceanos. Os pesticidas empregados na agricultura
são produtos sintéticos, que se incorporam à cadeia alimentar, inclusive à
cadeia alimentar humana.
Os casos mais dramáticos de poluição
marinha têm sido originados por derramamentos de petróleo, seja em acidentes
com petroleiros ou em vazamentos de poços petrolíferos submarinos. Uma vez
no mar, a mancha de óleo, às vezes de dezenas de quilômetros, espalha-se,
levada por ventos e marés, e afasta ou mata a fauna e as aves aquáticas. O
maior perigo do despejo de resíduos industriais no mar reside na
incorporação de substâncias tóxicas aos peixes, moluscos e crustáceos que
servem de alimento ao Homem. Exemplo desse tipo de intoxicação foi o
ocorrido na cidade de Minamata. A poluição marinha tem sido objeto de
preocupação dos governos, que tentam, no âmbito da Organização das Nações
Unidas, estabelecer controles por meio de organismos jurídicos
internacionais.
A poluição da água tem causado sérios
problemas ecológicos no Brasil, em especial em rios como o Tietê, no estado
de São Paulo, e o Paraíba do Sul, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. A maior responsabilidade pela devastação da fauna e pela
deterioração da água nessas vias fluviais cabe às indústrias químicas, com
tratamento inadequado, instaladas em suas margens, e ao despejo de esgoto
doméstico não tratado.
Os rios vão lentamente sofrendo um
processo de degradação até o ponto em que esse quadro se torna praticamente
irreversível, ou seja, o rio torna-se impraticável tanto para recreação,
consumo ou mesmo como fonte produtora de alimentos. Quando isso acontece,
costuma-se dizer que o rio está morto, pois não existe vida aquática e os
poucos organismos que estão presentes no rio, são seres anaeróbios.
6.1. A CHUVA ÁCIDA
A Revolução industrial, ocorrida na
Inglaterra em meados do século XVIII, se caracterizou pela passagem da
manufatura à indústria mecânica. A introdução de máquinas fabris multiplicou
o rendimento do trabalho e aumentou a produção global. A Inglaterra, berço
da revolução, adiantou sua industrialização em 50 anos em relação ao
continente europeu e saiu na frente na expansão colonial.
Assim, o mundo assistiu a uma mudança sem
precedentes na história. O mundo seria mais mecanizado do que jamais fora, a
era da produção mecanizada viria a substituir a manufatura.
Juntamente com a Revolução Industrial, o
mundo conheceu através dos tempos a outra face do progresso, a poluição e a
destruição do meio ambiente. Um dos grandes vilões é sem dúvida a destruição
ocasionada pela chuva ácida. Como se não bastasse provocar um buraco na
camada de ozônio da alta atmosfera e ameaçar o planeta de superaquecimento,
a poluição, nas suas diversas modalidades, também envenena a chuva, algo tão
essencial à vida como o próprio ar. Em conseqüência, 10 mil lagos na Suécia
estão praticamente mortos. Na Noruega, outros 2 mil perderam seus peixes. E
na Alemanha, mais de 35% das florestas estão doentes. O Taj Mahal, um dos
mais belos monumentos hindus, está perdendo a sua cor branca. E na Península
de Yucatán, ao sul do México, a chuva está rapidamente destruindo obras da
civilização Maia, que floresceu ali pelo menos 1500 anos antes da chegada do
homem branco.
Como sempre, em todos os lugares onde a
chuva está servindo de meio de transporte para a poluição, os vilões da
história são as indústrias e os veículos que despejam no ar, todos os dias,
toneladas de dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio. Esses gases reagem
com o vapor de água e outros compostos químicos da atmosfera para formar o
perigoso ácido sulfúrico e o ácido nítrico. Apesar dos compostos serem
perigosos, o problema da chuva ácida está associado à degradação do meio
ambiente a longo prazo.
Além de poluir rios, lagos e acabar com a
flora e a fauna aquática, a chuva ácida se infiltra no solo liberando certos
metais potencialmente tóxicos, como alumínio, chumbo e cádmio. Esses podem
se introduzir na cadeia alimentar pelas plantas e acabar prejudicando o
homem.
O raciocínio a ser empregado é bastante
simples: existe uma relação direta entre a acidez das chuvas e a morte de
peixes e plantas. A acidez mata algas, plâncton e insetos. Sem esta vida
microscópica, os lagos não têm como oferecer alimento aos habitantes desse
nicho; em conseqüência, desaparecem os peixes. Por fim, os pássaros, que sem
ter o que comer, também desaparecem.
A chuva ácida é uma causa direta do
desequilíbrio que ocorre no ciclo do enxofre. Com o aumento da poluição,
aumenta a concentração de enxofre no ambiente e, por conseqüência, o nível
de acidez da chuva. Esse acréscimo no nível de acidez é responsável direto
pela lenta e gradual destruição do meio ambiente de uma forma geral.
7. POLUIÇÃO DA ATMOSFERA
O ar é formado por uma mistura de vários
elementos e compostos distintos e, embora historicamente a sua composição
tenha sofrido um processo de evolução, pode-se considerar que, para fins
práticos, a sua composição permanece invariável, pelo menos em relação aos
seus componentes principais.
Os elementos e compostos representados na
tabela a seguir, com exceção do gás carbônico, são considerados invariáveis
no gás atmosférico.

A poluição do ar é hoje uma das grandes
preocupações do homem. A emissão de gases poluentes chegou a tal ponto que
compromete seriamente a qualidade de vida dos seres vivos. Essa poluição
pode ser mais sentida em áreas de grande concentração industrial e/ou
populacional.
Embora a poluição do ar sempre tenha
existido, como nos casos das erupções vulcânicas ou da morte de homens
asfixiados por fumaça dentro de cavernas, foi somente na era industrial que
esse tipo de poluição se tornou um problema mais grave. Ela ocorre a partir
da presença de substâncias estranhas na atmosfera, ou de uma alteração
importante dos constituintes desta, sendo facilmente observável, pois
provoca a formação de partículas sólidas de poeira e de fumaça.
Em 1967, o Conselho da Europa definiu a
poluição do ar nos seguintes termos: “Existe poluição do ar quando a
presença de uma substância estranha ou a variação importante na proporção de
seus constituintes pode provocar efeitos prejudiciais ou criar doenças”.
Essas substâncias estranhas são os chamados agentes poluentes, e podem ser
classificados em quatro grupos principais:
• monóxido de carbono;
• material particulado;
• óxidos de enxofre;
• hidrocarbonetos.
As causas mais comuns de poluição do ar
são as atividades industriais, combustões de todo tipo, emissão de resíduos
de combustíveis por veículos automotivos e a emissão de rejeitos químicos,
em sua maioria, tóxicos e extremamente danosos, por fábricas e laboratórios.
O principal poluente atmosférico produzido
pelo homem (o dióxido de carbono é elemento constitutivo do ar) é o dióxido
de enxofre, formado pela oxidação do enxofre no carvão e no petróleo, como
ocorre nas fundições e nas refinarias. Lançado no ar, ele dá origem a
perigosas dispersões de ácido sulfúrico. Às vezes, à poluição se acrescenta
o mau odor, produzido por emanações de certas indústrias, como curtumes,
fábricas de papel e celulose, entre outras. O dióxido de carbono, ou gás
carbônico, importante regulador da atmosfera, pode causar modificações
climáticas consideráveis se tiver alterada a sua concentração. É o que
ocorre no chamado efeito estufa, em que a concentração excessiva desse gás
pode provocar, entre outros danos, o degelo das calotas polares, o que
resultaria na inundação das regiões costeiras de todos os continentes. O
monóxido de carbono é emitido sobretudo pela queima de combustíveis fósseis.
Outros poluentes atmosféricos são: hidrocarbonetos, aldeídos, óxido de
nitrogênio, óxido de ferro, chumbo e derivados, silicatos, flúor e
derivados, entre outros.
No final da década de 1970, descobriu-se
uma nova e perigosa conseqüência da poluição: a redução da camada de ozônio
que protege a superfície da Terra da incidência de raios ultravioleta.
Embora não esteja definitivamente comprovado, atribuiu-se o fenômeno à
emissão de gases industriais conhecidos pelo nome genérico de
clorofluorcarbonos (CFC). Quando atingem a atmosfera e são bombardeados pela
radiação ultravioleta, os CFC, muito usados em aparelhos de refrigeração e
em sprays, liberam o cloro, elemento que ataca e destrói o ozônio. Além de
prejudicar a visão e o aparelho respiratório, a concentração de poluentes na
atmosfera provoca alergias e afeta o sangue e os tecidos ósseo, nervoso e
muscular.
Os efeitos desses poluentes sobre a saúde
humana podem ser danosos. O monóxido de carbono liberado pelos automóveis
tem a capacidade de se ligar à hemoglobina do sangue. Isso leva a uma
inutilização de parte da hemoglobina no transporte dos gases respiratórios,
ocorrendo asfixia e como conseqüência a morte.
Um dos agravantes dos problemas causados
pelos poluentes atmosféricos é a chamada inversão térmica. Em condições
normais, a temperatura da atmosfera diminui proporcionalmente à medida que a
altitude aumenta, havendo portanto um gradiente de temperatura desde o solo
até as camadas superiores da atmosfera, o que facilita a dispersão dos
poluentes.
Em certas situações, porém, o gradiente de
temperatura é quebrado pela interposição de uma camada de ar quente entre as
camadas frias localizadas a uma certa altitude, o que impede a dispersão de
poluentes para o alto.
Um outro problema muito grave que também é
causado pela poluição da atmosfera é o chamado efeito estufa. Devido a seus
efeitos, ele será estudado com maior cuidado.
7.1. EFEITO ESTUFA
A atmosfera da Terra é constituída de
gases que permitem a passagem da radiação solar e absorvem grande parte do
calor (a radiação infravermelha térmica), emitido pela superfície aquecida
da Terra. Essa propriedade é conhecida como efeito estufa. Graças a ela, a
temperatura média da superfície do planeta mantém-se em cerca de 15°C. Sem o
efeito estufa, a temperatura média da Terra seria de 18°C abaixo de zero, ou
seja, ele é responsável por um aumento de 33°C. Portanto, é benéfico ao
planeta, pois propicia totais condições para a existência e manutenção de
vida.
Quando se alerta para riscos relacionados
com o efeito estufa, o que está em foco é a sua possível intensificação,
causada pela ação do homem, e a conseqüência dessa intensificação para o
clima da Terra. A hipótese da intensificação do fenômeno é muito simples. Do
ponto de vista da física, quanto maior for a concentração de gases, maior
será o aprisionamento do calor, e, conseqüentemente, mais alta a temperatura
média do globo terrestre. A maioria dos cientistas envolvidos em pesquisas
climáticas está convencida de que a intensificação do fenômeno em
decorrência das ações e atividades humanas provocará esse aquecimento. Uma
minoria discorda disso e indaga em que medida esse aquecimento, caso esteja
ocorrendo, se deve ao efeito estufa, intensificado pela ação do homem. Sem
dúvida, as descargas de gases na atmosfera por parte das indústrias e das
frotas de veículos contribuem para aumentar o problema e, naturalmente,
ainda continuarão a ser objeto de muita discussão entre os cientistas e a
sociedade.
A causa fundamental de todas as situações
meteorológicas na Terra é o Sol e a sua posição em relação ao nosso planeta,
não devendo entender-se por isto as variações estacionais que ocorrem ao
mesmo tempo que a Terra progride na sua órbita anual. A energia calorífica
fornecida pelo Sol afeta diretamente a densidade do ar (o ar quente é mais
leve do que o ar frio), provocando assim todos os gradientes de pressão
importantes que causam o movimento do ar numa tentativa de minimizar a
distribuição deles. O movimento constante da atmosfera depende, assim, do
balanço de energia, fator que temos de considerar sob dois aspectos: o
balanço, ou "orçamento", entre a Terra e o espaço, porque este determina a
temperatura média da atmosfera, e o balanço, ou "orçamento", no seio da
atmosfera em si, porque este é a causa fundamental das condições
meteorológicas.
O diagrama abaixo ilustra o processo de
radiação na Terra.

O Sol emite radiação
de onda curta a uma razão que varia pouco, pelo que é designada constante
solar.
Essa emissão fornece a
energia e calor para toda a vida natural e movimentos no nosso planeta.
Quando atinge a Terra, a radiação solar é refletida, retrodifundida e
absorvida por vários componentes: 6% é retrodifundida para o espaço pelo
próprio ar, 20% é refletida pelas nuvens e 4% pela superfície do globo.
Desse modo, 30% da radiação perde-se para o planeta por esses processos, que
coletivamente constituem o albedo. As nuvens absorvem 3% da radiação solar
restante, ao passo que o vapor de água, as poeiras e outros componentes no
ar contam para mais 16%. O resultado de todas essas interferências
atmosféricas é garantir que apenas 51% da radiação solar incidente atinja de
forma efetiva e verdadeira a superfície do globo. Essa quantidade é apenas
uma média na quantidade de radiação solar que chega ao solo em diferentes
pontos do planeta. Pelo fato da Terra ser esférica, as regiões tropicais são
atingidas por radiação solar três vezes mais do que as regiões polares. Além
disso, devido à distribuição da nebulosidade, as regiões equatoriais recebem
somente metade da radiação solar do que a recebida pelos desertos quentes e
secos da Terra, onde cerca de 80% da radiação total que penetra na atmosfera
atinge o solo. E nas latitudes médias nubladas, a radiação solar recebida no
solo é somente um terço da que se encontra nos desertos.
A entrada da radiação
solar tem de ser equilibrada de alguma forma. A forma encontrada é a saída
de calor enviado pela Terra, o que resulta de radiação pela atmosfera. Ao
contrário da radiação de onda curta, a radiação da Terra ocorre sob a forma
de onda longa e é, por isso, muito mais absorvida pelo vapor de água e
dióxido de carbono existentes na atmosfera. Da radiação emitida pelo globo
terrestre (a parte sólida da Terra), cerca de 90% é absorvida pela
atmosfera, que irradia cerca de 80% de novo para o solo. Deste modo, a
atmosfera atua como uma cobertura ou como o vidro de uma estufa, e daí o
chamado efeito estufa. Como resultado, apenas uma pequeníssima quantidade da
radiação terrestre escapa diretamente para o espaço. O problema aparece
justamente nesse ponto. O homem está cada vez mais adicionando dióxido de
carbono na atmosfera. Ao queimar combustíveis fósseis para obtenção de
energia também se tem adicionado gases de efeito estufa que não estão
presentes naturalmente na atmosfera (óxido nitroso e o CFC). Juntando-se a
isso o fato de que o homem cada vez mais continua a desmatar as florestas,
tem-se uma equação simples, em que o aumento no desmatamento leva a um
decréscimo na capacidade do ambiente por meio das árvores de se fazer a
retirada do dióxido de carbono do ar, substituindo o CO2 por
oxigênio.
Tudo isso faz com que,
cada vez mais, menos radiação proveniente do Sol seja emitida de volta para
o espaço. Quanto mais dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa
ficarem presentes no ar, mais radiação ficará sendo emitida de volta para a
Terra. Quanto mais isto acontecer, mais a Terra ficará quente. E uma pequena
mudança na temperatura global poderá acarretar uma série de problemas.
Uma das conseqüências
imediatas que o aumento do efeito estufa causará é o aumento da temperatura
global do planeta. Um dos efeitos causados pelo aquecimento global da Terra
é a seca. Conforme aumenta a temperatura, mais água se aquecerá e evaporará.
Se levarmos em conta lugares onde a chuva não tem uma precipitação
pluviométrica regular, é fácil de se prever que os rios, que em muitos
desses lugares não são perenes, tendem a desaparecer, comprometendo a vida
vegetal, que é a base da cadeia alimentar.
Pode parecer um
contra-senso, mas o inverso também já ocorre. Enquanto em algumas áreas há
falta de água, outras irão ter água demais. Outro efeito do aquecimento
global da Terra é o aumento no nível do mar. Se a temperatura da Terra
continuar a aumentar nas regiões polares, grandes quantidades de gelo irão
derreter, fazendo com que toda essa água vá direto para os oceanos.
Toneladas e mais toneladas de gelo ficarão derretidas se a Terra aquecer-se
o suficiente para isso, o que causará um aumento drástico no nível do mar.
Conforme pode ser
visto, um aquecimento da temperatura da Terra acarreta grandes prejuízos
para o meio ambiente e com conseqüências diretas para o homem, uma vez que o
acréscimo da temperatura global leva a uma interferência direta no ciclo
hidrológico, sendo que desse ciclo dependem muitas formas de vida.
O efeito estufa não é
de forma alguma algo indesejável. Muito pelo contrário: como dito
anteriormente, sem esse efeito não existiria vida na Terra. Ele é o
responsável pelo aquecimento do planeta, mantendo-o a uma temperatura que
propicia o nascimento e desenvolvimento das mais diversas formas de vida.
O que se faz
prioritário é um cuidado maior do homem com as emissões sem prévio
tratamento de poluentes ao meio ambiente.
8. POLUIÇÃO DO SOLO
Dentre as três formas de poluição, a que
atinge o solo pode ser uma das mais danosas ao meio ambiente, pois é no solo
onde se inicia grande parte dos ciclos biogeoquímicos.
O solo tem uma constituição dinâmica. Sua
origem está ligada à desagregação de rochas e à decomposição de restos de
animais e vegetais.
A sua porção mineral pode ser resultante
da ação vulcânica ou da desintegração de rochas sólidas por ações físicas ou
químicas reunidas sob a denominação genérica de intemperismo. Assim, grandes
variações de temperatura ocorridas entre o dia e a noite, ou o congelamento
de água em seus interstícios, constituem ações físicas do intemperismo. A
presença de gás carbônico nas águas da chuva pode ser considerada como um
fator de intemperismo químico.
A interação de todos esses fenômenos em
conjunto leva a um desgaste natural e progressivo das rochas primárias da
litosfera, que, juntamente com os produtos da decomposição orgânica,
originam os solos férteis, próprios para a agricultura.
As três formas de poluição (na água, no ar
e no solo) também interagem e, em conseqüência, têm surgido divisões
inadequadas de responsabilidades, com resultados negativos para o controle
da poluição. Os depósitos de lixo poluem a terra, mas sua incineração
contribui para a poluição do ar. Carregados pela chuva, os poluentes que
estão no solo ou em suspensão no ar vão poluir a água e substâncias
sedimentadas na água acabam por poluir a terra.
A questão da contaminação do solo e das
águas subterrâneas tem sido objeto de grande preocupação nas últimas décadas
em países industrializados, principalmente nos EUA e nos países europeus.
Esse problema ambiental torna-se mais grave para grandes centros urbanos,
como por exemplo, a região metropolitana de São Paulo.
O encaminhamento de soluções para essas
áreas contaminadas, por parte dos órgãos que possuem atribuição de
administrar os problemas ambientais, deve contemplar um conjunto de medidas
que assegurem tanto o conhecimento de suas características e dos impactos
por ela causados, quanto da criação e aplicação de instrumentos necessários
à tomada de decisão e às formas e níveis de intervenção mais adequados,
sempre com o objetivo de minimizar os riscos à população e ao ambiente.
Uma das principais causas da poluição do
solo é o acúmulo de lixo sólido, como embalagens de plástico, papel e metal,
e de produtos químicos, como fertilizantes, inseticidas e herbicidas. O
material sólido do lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. O
vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se decompor, certos tipos
de plástico também demoram a se desintegrarem, pois são resistentes ao
processo de biodegradação promovidos pelos microrganismos. As formas mais
simples que podem ser usadas para reduzir o acúmulo de lixo, como a
incineração e a deposição em aterros, também têm efeito poluidor, pois
emitem fumaça tóxica, no primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que se
infiltram no solo e contaminam os lençóis de água. A melhor forma de reduzir
o problema é investir maciçamente nos processos de reciclagem e também no
uso de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.
A poluição pode causar sérios danos ao
solo, e dessa forma dificultar o cultivo. Nas grandes aglomerações urbanas,
o principal foco de poluição do solo são os resíduos industriais e
domésticos. O lixo das cidades brasileiras, por exemplo, contém de setenta a
oitenta por cento de matéria orgânica em decomposição e constitui uma
permanente ameaça de surtos epidêmicos. O esgoto tem sido usado em alguns
países para mineralizar a matéria orgânica e irrigar o solo, mas esse
processoapresenta o inconveniente de veicular microrganismos patogênicos.
Excrementos humanos podem provocar a contaminação de poços e mananciais de
superfície. Os resíduos radioativos, juntamente com nutrientes, são
absorvidos pelas plantas. Os fertilizantes e pesticidas sintéticos são
suscetíveis de incorporação à cadeia alimentar.
Fator principal da poluição do solo é o
desmatamento, causa de desequilíbrios hidrogeológicos, pois em conseqüência
de tal prática a terra deixa de reter as águas pluviais. Calcula-se que no
Brasil sejam derrubados anualmente trinta mil quilômetros quadrados de
florestas, com o objetivo de obter madeira ou áreas para cultivo.
Sem a proteção das matas, o solo fica
exposto e, em conseqüência, nutrientes e sais minerais são perdidos pela
ação das águas da chuva e do vento, e então o homem, para corrigir esse
problema, cada vez mais adiciona fertilizantes ao solo, que como não
consegue reter os nutrientes, vai se empobrecendo rapidamente. Vale recordar
que um excesso de fertilizantes leva ao fenômeno da eutrofização de lagos.
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