PROFESSOR

PAULO CESAR

PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA
 

DICAS PARA O SUCESSO NO VESTIBULAR: AULA ASSISTIDA É AULA ESTUDADA - MANTER O EQUILÍBRIO EMOCIONAL E O CONDICIONAMENTO FÍSICO - FIXAR O APRENDIZADO TEÓRICO ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS.

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ARMAS BIOLÓGICAS

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INTRODUÇÃO

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ANTRAZ

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BOTULISMO

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BRUCELOSE

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VARÍOLA

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ÉBOLA

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PESTE NEGRA

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TULAREMIA

 

INTRODUÇÃO

Uma arma biológica pode ser constituída por microorganismos patogênicos: bactérias, vírus, fungos ou por toxinas elaboradas por um desses agentes, tendo elas algum efeito direto sobre o organismo humano ou indireto, fazendo uso da contaminação pretendida atingindo animais ou vegetais que irão causar efeitos nocivos ao homem.

Os interesses que levam à confecção de uma arma biológica podem ser diversos: territoriais, políticos ou religiosos, envolvendo diferentes etnias, a confecção de armas microbiológicas para assegurar o potencial bélico utiliza diferentes meios para dissipar a destruição da população nos campos ou nas cidades, pelo ar, pela água ou através dos alimentos.

Para tal empreendimento de poder e morte é despendido vultosas cifras no desenvolvimento de arsenais bioquímicos, haja vista as grandes descobertas genéticas em laboratórios ocultos, cultivando uma quantidade grandiosa de terror, incapacitando dezenas de organismos: homens, mulheres e crianças, combatentes ou não, seres humanos.

No organismo, o contágio é facilitado pelo acesso e instalação do agente ou inalação/ingestão de toxina através de vias que proporcionam maior eficácia letal. Essas vias geralmente são: as vias respiratórias, digestivas e cutânea. Funcionando como portas que não resistirão ao ataque deste micro-avassalador arsenal.

Alguns exemplos de armas biológicas utilizadas e supostamente manipuladas durante a história e as conhecidas nos dias atuais são: Bacillus anthracis que causa a doença denominada carbúnculo; Clostridium botulinum, bacilo encontrado na água ou nos alimentos; Orthopoxvirus, vírus da varíola; Ébola, febre infecciosa hemorrágica.
 


ANTRAZ

O Antraz ou carbúnculo hemático, uma doença que normalmente atinge animais de fazenda, recebeu o nome de anthracis, palavra grega que significa carvão, pois a infecção pode causar cicatrizes negras na pele. Essa infecção cutânea não é especialmente perigosa, mas a bactéria pode formar esporos capazes de sobreviver quando são triturados, desidratados, enterrados ou borrifados e tornam-se ativos em um ambiente quente e úmido como o interior do nariz.

Esporos do antraz

Os esporos podem crescer durante meses antes de causar sintomas. Quando a doença se manifesta - normalmente na forma semelhante à gripe ou meningite, como no caso de Robert Stevens, de 63 anos, que morreu nos EUA- é muito tarde.

Sem um tratamento antibiótico rápido, mais de 80% das pessoas que ficam doentes após inalar esporos de Antraz morrem. Os esporos podem ser pulverizados por algo como um avião usado em plantações, um extintor de incêndio modificado ou um aerossol caseiro. Os especialistas afirmam que, embora os esporos de Antraz não estejam disponíveis em prateleiras de lojas, eles não são difíceis de serem obtidos.

De acordo com a Associação Médica Americana (AMA), acredita-se que pelo menos 17 países possuem programas de armas biológicas, incluindo o Iraque, que admitiu produzir o Antraz. Os Estados Unidos encerraram as atividades de seu programa de armas com Antraz há décadas.

Um ataque com Antraz seria difícil de ser detectado até que as pessoas começassem a ficar doentes. A AMA informou que um ataque com um aerossol de Antraz não iria produzir odor e seria invisível após sua liberação e poderia viajar muitos quilômetros antes de se disseminar. As pessoas que estivessem dentro de ambientes teriam as mesmas chances de serem infectadas.

Em um acidente em 1979 em um laboratório militar em Sverdlosk, na antiga União Soviética, pelo menos 79 pessoas ficaram doentes e 68 delas morreram. Os casos ocorreram entre dois e 43 dias após a exposição ao antraz, disse a AMA.

O antraz não é contagioso - não pode se disseminar de pessoa para pessoa. Mas os esporos são tão pequenos que é impossível saber se alguém os inalou. O Departamento de Avaliação de Tecnologia do Congresso estima que cerca de 130 mil a 3 milhões de pessoas morreriam se fossem liberados 100 quilos de esporos de Antraz em Washington.

Como ocorre a contaminação: O antraz, genericamente chamado de carbúnculo hemático, foi responsável durante séculos por graves epidemias entre animais de pasto, como bois e cabras. Os animais se contaminavam ao comer plantas infectadas com os esporos da bactéria.

Raio X de um paciente infectado por Antraz.

 

O homem pode se infectar de três formas:

- Ao comer produtos derivados de animais infectados;
- Por inalação dos esporos;
- Contaminação pela pele (cutânea).

Efeito do antraz na pele

A forma mais freqüente é de contaminação pela pele e mantêm-se apenas nos braços e antebraços, formando focos de pus. A forma digestiva, rara, é contraída com o consumo de carne contaminada e mal cozida. O antraz pulmonar é contraído por inalação dos esporos, que são levados aos vasos linfáticos. Os esporos voltam à forma de bactérias e se multiplicam rapidamente, manifestando a doença. Circulando na corrente sanguínea, provocam edemas, hemorragias e necrose de órgãos. Pode matar em 72 horas se não for tratado. Esse tipo de contaminação não era registrada nos Estados Unidos desde 1978.

Envelopes enviados ao Senador Daschle e à Edição do jornal The New York Post, contendo o bacilo do Antraz

 

As mensagens que vinham dentro destes envelopes desejavam a morte aos EUA e a Israel

 

Quais são os sintomas do antraz pulmonar ?

Os primeiros sintomas do antraz são muito parecidos com os de uma gripe e a doença é dificilmente diagnosticada justamente por isso. Febre, tosse, dor de cabeça, mal estar. Esses sintomas podem durar de horas a dias. A segunda fase se manifesta de maneira abrupta: aumento da febre, dificuldade para respirar e parada cardíaca.

Tratamento: Como a doença por inalação evolui rapidamente, o diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível. Poucas horas podem reduzir bastante as chances de sobrevivência. O tratamento é feito com antibióticos a base de ciprofloxacina. Em alguns casos penicilina também pode funcionar.

Transformando Antraz em Arma: O terrorista pode, por exemplo, ter acesso à bactéria por meio de cadáveres de animais contaminados ou do solo, ou ainda de laboratórios que desenvolvem pesquisas. A seguir, seleciona-se os tipos mais mortais - pode-se até modificar a bactéria geneticamente - e depois é preciso cultivá-la para obter grande quantidade. Tudo isso requer alto nível científico.

Dois membros do esquadrão biológico americano

 

As bactérias podem ser espalhadas no ar com a ajuda de aviões usados na agricultura para pulverizar agrotóxicos; em envelopes, como tem sido feito nos Estados Unidos, provocando a contaminação cutânea; ou ainda pulverizada no sistema de ventilação de um prédio ou residência. Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde, a liberação no ar de 50 quilos de antraz em uma cidade de cinco milhões de habitantes pode contaminar 250 mil pessoas e matar 100 mil.

Agentes do FBI examinando o local suspeito de estar infectado com Antraz

 

BOTULISMO

A toxina botulínica é como agente numa guerra biológica. Essa toxina é considerada como a mais potente toxina conhecida pelo homem. É 10 mil a 100 mil vezes mais potente que qualquer outra

 

A toxina botulínica provoca sintomas de paralisia progressiva , principalmente paralisia dos músculos da respiração, levando á falta de ar. A mortalidade é alta.

Numa guerra biológica, é espalhada sobre reservatórios de água ou estoques de alimentos. Com spray, pode contaminar alimentos prontos. O consumo dessa água ou desses alimentos leva à imediata intoxicação. Depois de contaminados, não há como purificar essa água ou esses alimentos. Nem com o calor , caso os alimentos sejam cozidos ou assados. A evolução da doença acontece de 12 a 36 horas após a ingestão desses produtos. A morte pode ocorrer em 48 horas.

Animal vítima de botulismo

 

BRUCELOSE

Bactérias do gênero brucella

A brucelose também conhecida por febre de Malta ou ondulante é uma doença crônica causada pelas bactérias do gênero Brucella, transmitida pelos laticínios não pasteurizados.

Brucella: Gênero de bactérias composto por coco-bacilos (0,4 – 3,0 μm x 0,4 – 0,8 μm), Gram-negativos, aeróbios (necessitam de meios oxigenados para sobreviverem), imóveis, não são encapsulados, não formam esporos e são parasitas intracelulares facultativos, com predileção pelo trato reprodutivo, articulações e sistema retículo-endotelial. São classificados em biótipos ou tipos diferenciados bioquimicamente em função da necessidade de CO2, produção deH2S, crescimento em presença de fucsina ou tionina e aglutinação frente a soros monoespecíficos. Alguns autores falam em cocobacilos.

Vacinação contra brucelose

Dentro deste gênero são descritas nove espécies independentes, cada uma com seu hospedeiro de eleição. As principais são a Brucella melitensis, a mais comum, encontrada em cabras, ovelhas e camelos, a B. abortus de bovinos, a B. suis, de suínos, a B. ovis de ovelhas e a B. canis, de cães, todas capazes de ser transmitidas ao homem. Há ainda a B. neotomae, de ratos do deserto e três novas espécies, a B. maris, B. cetaceae e B. pinnipediae recentemente isolada em mamíferos marinhos. Os suínos e os bovinos são resistentes à B. canis e as gatas podem apresentar bacteremias quando infectadas experimentalmente pela mesma bactéria, porém não abortam.

São capazes de sobreviver à fagocitose e parasitam os macrófagos intracelularmente. A resposta imunitária eficaz à sua disseminação é a formação de granulomas.

Epidemiologia: A infecção é sempre por contato direto com animais infectados ou pelo consumo do seu leite e derivados não-pasteurizados. O queijo fresco é particularmente perigoso, porque é frequentemente produzido artesanalmente com leite fresco e os consumidores raramente se preocupam em saber se o leite usado foi tratado pela pasteurização.

Afeta animais em todo o mundo. No Mediterrâneo, incluindo Portugal, na América do Sul e na Ásia é prevalente a B. mellitensis, devido ás numerosas ovelhas. O B. abortus é mais frequente na Europa central e de leste.

Progressão e sintomas: O queijo, principalmente fresco, feito artesanalmente a partir de leite não pasteurizado é uma fonte importante da doença. As bactérias são ingeridas com o leite ou outros alimentos e invadem a mucosa intestinal. Também podem ser aspiradas ou penetrar por feridas em contacto com o animal. O periodo de incubação é de uma semana a um mês. A brucelose é uma doença crônica de progressão lenta. A infecção por B. mellitensis é mais grave que as outras formas.

Dentro do corpo humano são fagocitadas pelos macrófagos, no interior dos quais sobrevivem sendo transportadas para tecidos linfóides em todo o organismo, invadindo pela linfa e sangue os gânglios linfáticos, baço, fígado, medula óssea e outros órgãos onde se concentram os macrófagos.

Apesar da resposta imunitária com formação de granulomas impedir largamente a disseminação das bactérias, elas escapam por vezes, multiplicando-se, o que provoca ataques agudos no doente crônico, que se caracterizam por febre, suores e calafrios. O maior problema da brucelose é que os seus sintomas irregulares e moderados levam o individuo afetado a ignorá-la, não consultando o médico. A doença pode se resolver graças à ação do sistema imunitário, mas esse processo pode demorar muitos meses ou anos, ou pode nem ocorrer. No entanto a infecção a longo prazo apesar de nunca ser agudamente mortal, diminui consideravelmente a esperança de vida e produz sintomas crônicos como a depressão, a anorexia (falta de apetite), dores de cabeça e musculares.

Outras complicações possíveis da brucelose a longo prazo sem tratamento são a hepatite, artrite, espondilite, anemia, leucopenia, trombocitopenia, meningite, endocardite e problemas visuais de origem nervosa.

Diagnóstico: É feito pela cultura de amostras do sangue e de tecidos recolhidas por biópsia, e cultura em meio próprio. Como é de crescimento lento, demora quatro semanas a crescer em quantidades suficientes para análise microscópica ou bioquímica. A sorologia (detecção de anticorpos específicos) também é usada.

Tratamento: São administrados antibióticos como doxiciclina, gentamicina, ou cotrimoxazole, durante pelo menos um mês.

Prevenção: A pasteurização do leite é eficaz na destruição das bactérias, mas a melhor forma de prevenção é o tratamento das infecções nos animais, ou a sua eliminação e destruição.

 

VARÍOLA

A varíola é uma doença infecto-contagiosa. É causada por um Orthopoxvirus, um dos maiores vírus que infectam seres humanos, com cerca de 300 nanômetros de diâmetro, o que é suficientemente grande para ser visto como um ponto ao microscópio óptico (o único vírus que causa doença também visível desta forma é o vírus do molusco contagioso). O vírus tem envelope (membrana lipídica própria). O seu genoma é de DNA e é dos mais complexos existentes. O vírus fabrica as suas proteínas e replica-se numa área localizada do citoplasma da célula hóspede, sendo um dos poucos vírus com essa capacidade de se localizar em corpos de inclusão de Guarnieri, ou fábricas. O seu genoma é de quase 100 000 pares de bases, um dos maiores genomas virais. O DNA é bicatenar (hélice dupla) linear e com as extremidades fundidas. Ao contrário dos outros vírus, ele contém dentro de si suficiente quantidade das enzimas necessárias à produção de ácidos nucléicos, e ao seu ciclo de vida, e utiliza apenas a maquinaria de síntese protéica da célula. Daí que é dos poucos vírus de DNA citoplasmáticos.

O vírus entra na célula por ligação a receptor membranar especifico e fusão do seu envelope com a membrana celular. Cada célula infectada é destruída com produção de 10000 novos vírions.

Sintomas da varíola

O sistema imunitário responde ao vírus com uma reação TH1 (citotóxica) destruindo as células infectadas antes que o vírus se replique. O vírus espalha-se de ligações que induz entre células vizinhas e portanto não é completamente acessível à neutralização com anticorpos. Produz proteínas que lhe dão resistência à resposta imunitária por interferon e complemento.

Criança vítima de varíola

 

Epidemiologia: A varíola matou quase 500 milhões de pessoas só no século XX. O último caso registrado de varíola ocorreu na Somália em 1977 e o seu vírus hoje só é guardado em dois laboratórios governamentais bem vigiados, nos EUA e na Sibéria, Rússia. Este sucesso de erradicação só foi naturalmente possível porque o único hospedeiro do vírus era o ser humano, pois o vírus é incapaz de infectar quaisquer outras células.

 

Progressão e sintomas: Há dois tipos de varíola, a varíola maior (ou apenas varíola) e a varíola menor ou alastrim, com os mesmos sintomas mas muito mais moderados.

Mulher com varíola

O período de incubação é de cerca de 12 dias. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da gripe, com febre, mal-estar, mas depois surgem dores musculares e gástricas e vômitos violentos. Após infecção do trato respiratório, o vírus multiplica-se nas células e espalha-se primeiro para os órgãos linfáticos e depois via sanguínea para a pele, onde surgem as pústulas típicas, primeiro na boca, depois nos membros e de seguida generalizadas.

Diagnóstico e tratamento: O diagnóstico se faz por análise pelo microscópio eletrônico de líquido das pústulas. Os vírus são característicos e facilmente visíveis.

A varíola não tem cura. A única medida eficaz é a vacinação.

Foi erradicada por um programa de vacinação promovido pela OMS na década de 1970. A vacina é baseada na administração de vírus vivo vaccinia (o nome vacina vem do nome deste vírus já que foi a primeira vacina), aparentado da varíola.

 

História: A varíola sempre foi a causa de epidemias mortíferas. Ela teria surgido na Índia, sendo descrita na Ásia e na África desde antes da era cristã. Foi ela a responsável mais provável da epidemia misteriosa catastrófica que em Atenas matou um terço da população segundo Tucídides, no ano de 430 a.C., século de Péricles, o que iniciou o declínio dessa civilização democrática. A doença era anteriormente desconhecida (Hipócrates não descreve nada parecido), e desapareceu novamente a seguir. A epidemia terá surgido de novo nos séculos II e III, matando grande proporção da população totalmente não imune do Império romano, como mais tarde faria na América, e sendo a fator principal do declínio dessa civilização. Segundo alguns autores conceituados (o historiador William McNeil entre outros) terá sido a queda da população de Roma e do seu império devido às doenças antes desconhecidas varíola, sarampo e varicela que diminuiu a população do império ao ponto de leis serem decretadas da hereditariedade das profissões, postos oficiais e redução à servidão dos agricultores antes livres, dando origem ao feudalismo. Nesta situação de debilidade, os povos germanos e outros terão encontrado a oportunidade de se estabelecer nas terras quase vazias devido à epidemia no império, de início com a aquiescência dos oficiais romanos, desesperados com a queda dos rendimentos fiscais. Só depois desta época terá sido a varíola frequente na Europa, e naturalmente atingindo as crianças não imunes, ao contrário das epidemias raras, que matam os adultos. A infecção das crianças, com morte das susceptíveis mas imunidade para as sobreviventes, causa menos danos para uma civilização que a de adultos já ensinados, donde se explicam os graves problemas criados em Roma pela morte de adultos que não tinham encontrado a doença nas suas infâncias.

Na China o panorama terá sido semelhante, e também aí caiu pela mesma altura o Império Han. Julga-se que estas doenças terão sido importadas simultaneamente nessa altura da Índia (onde é adorada desde tempos imemoriais a Deusa da Varíola, Sitala) para as duas grandes civilizações dos extremos da Eurásia, e não será talvez coincidência que foi precisamente nos século I e século II que as rotas comerciais para a Índia e a rota da seda para a China foram estabelecidas pela primeira vez, ligando as três regiões com grande débito de mercadorias e comerciantes.

Homem com varíola

Cerco de Tenochtitlán, futura Cidade do México e capital Azteca por Hernán CortésA varíola foi uma das principais responsáveis pela destruição das populações nativas da América após a sua importação da Europa com Colombo. No Brasil foi primeiramente referenciada em 1563 na Ilha de Itaparica[1] causando grande número de casos e óbitos, principalmente entre os indígenas. Juntamente com o Sarampo, Varicela e outras doenças, ela matou mais de 90% da população nativa do continente, derrotando e destruindo as civilizações Asteca e Inca. Acredita-se que a varíola tenha sido introduzida propositadamente na população nativa pelo exército de Hernán Cortés[1] e Francisco Pizarro para derrotar as civilizações nativas da América Latina. No caso do Império Inca, a disseminação da varíola tinha se espalhado com extrema rapidez, ocasionando a morte do Inca (imperador) e dos seus sucessores imediatos, antes mesmo dos espanhóis chegarem aos Andes. A morte do inca e seu sucessores levou o Império à guerra civil, permitindo aos espanhóis conquistá-lo em seguida.

Na Inglaterra do século XVIII ela era responsável por cerca de 10% dos falecimentos, e mais de um terço em crianças...

No início do século XVIII, práticas de inocular crianças com vírus vivo da varíola prevalentes na China e Médio Oriente foram importadas para a Europa, inicialmente mais para Inglaterra. Julga-se que foi a mulher do famoso Embaixador do Reino Unido que roubou os relevos do Partenon para o British Museum, a senhora Mary Montagu, que trouxe a nova técnica praticada no Império Otomano para o seu país. Para convencer os seus concidadãos, a própria família real inglesa foi inoculada publicamente. Recolhia-se pus de pústulas e com algodão introduzia-se numa pequena ferida. A mortalidade era de apenas 1%, já que o sistema imunitário tinha contacto mais cedo com o vírus e a sua resposta era mais vigorosa, muito melhor que o risco de apanhar varíola por contágio pulmonar, com mortalidade de quase 40%...

Edward Jenner descobriu o vírus vacciniaEdward Jenner em 1796 reparou que as mulheres que retiravam o leite às vacas não apanhavam varíola e descobriu que a sua imunidade devia-se à infecção não perigosa com cowpox (vaccinia ou varíola das vacas, da palavra em Latim para esse animal, vacca). Ele propagou a prática de usar para inoculação antes o vírus vaccinia descobrindo a vacina contra a varíola, a primeira vacina criada. Esse método de imunização ainda se denomina hoje vacina devido ao vírus vacinia.

Outra vítima de varíola

Classificada como uma das enfermidades mais devastadoras da história da humanidade, a varíola foi considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1980. A última epidemia na Europa foi na Iugoslávia em 1972, e o último caso conhecido ocorreu num homem do Sudão em 1977 (exceto um acidente de laboratório em 1978). Foi possível eliminar a varíola porque só os seres humanos lhe são hospedeiros, só há um serotipo (logo a imunização protege contra 100% dos casos), e a vaccinia é eficaz e como vírus vivo que invade ainda que debilmente células, provoca resposta imunitária vigorosa. Além disso a vacina é barata e estável.

No entanto, a doença voltou às manchetes de jornal, em virtude da suposição de que ela possa ser utilizada como arma biológica. Em consequência desses temores todo o pessoal militar dos EUA foi vacinado, assim como o presidente George W. Bush.

 

ÉBOLA

Vírus ébola

A Febre hemorrágica Ébola (FHE) é uma doença infecciosa grave muito rara, frequentemente fatal, causada pelo vírus ébola. Ao contrário dos relatos de ficção é apenas moderadamente contagioso. Ele foi identificado pela primeira vez em 1976 no Zaire, perto do Rio Ébola, e acabou servindo de nome para o vírus.

 

História: O ébola foi primeiramente descoberto em 1976 por uma equipe comandada por Guido Van Der Goren, chefe do laboratório de Microbiologia do Instituto de Medicina Tropical de Antuérpia, na Bélgica.

Desde a sua descoberta, diferentes estirpes do Ébola causaram epidemias com 50 a 90% de mortalidade na República Democrática do Congo, Gabão, Uganda e Sudão. A segunda epidemia ocorreu em 1979, quando 90% das vítimas morreram. Em maio de 1995, a cidade de Mesengo, a cem quilômetros de Kikwit, no Zaire, foi atingida pelo vírus, que matou mais de cem pessoas. Há suspeitas de casos no Congo e no Sudão. O primeiro desse tipo de vírus apareceu em 1967, foi o Marburg, a partir de células dos rins de macacos verdes de Uganda.

Vítimas do ébola sendo tratadas

 

O vírus: O ébola é um filovírus (o outro membro desta família é o vírus Marburg), com forma filamentosa, com 14 micrômetros de comprimento e 80 nanômetros de diâmetro. O seu genoma é de RNA fita simples de sentido negativo (é complementar à fita codificante). O genoma é protegido por capsídeo, é envelopado e codifica sete proteínas.

Mais vítimas lutando contra o ébola

Há três estirpes: Ebola–Zaire (EBO–Z), Ebola–Sudão (EBO–S) com mortalidades de 83% e 54% respectivamente. A estirpe Ebola–Reston foi descoberta em 1989 em macacos Macaca fascicularis importados das Filipinas para os EUA tendo infectado alguns tratadores por via respiratória. O período de incubação do vírus ébola dura de 5 a 7 dias se a transmissão for parenteral e de 6 a 12 dias se a transmissão foi de pessoa a pessoa. O início dos sintomas é súbito com febre alta, calafrios, dor de cabeça, anorexia, náusea, dor abdominal, dor de garganta e prostração profunda. Em alguns casos, entre o quinto e o sétimo dia de doença, aparece exantema de tronco, anunciando manifestações hemorrágicas: conjuntivite hemorrágica, úlceras sangrentas em lábios e boca, sangramento gengival, hematemese (vômito com presença de sangue) e melena (hemorragia intestinal, em que as fezes apresentam sangue). Nas epidemias observadas, todos os casos com forma hemorrágica evoluíram para morte. Nos períodos epidêmicos e de surtos, a taxa de letalidade variou de 50 a 90%. Seu contágio pode ser por via respiratória, ou contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada.

O vírus é denominado pelo nome de um rio na República Democrática do Congo (antigo Zaire), o Rio Ébola, onde tem havido vários casos. Nunca houve casos humanos fora de África, mas já houve casos em macacos importados nos Estados Unidos e Itália. Os casos identificados desde 1976 são apenas 1500, dos quais cerca de mil resultaram em morte. Não foi ainda identificado o reservatório animal do vírus.

O ébola, como os outros vírus, adere à célula do hospedeiro, onde entra ou apenas injeta seu material genético, o genoma. Este usa a estrutura da célula para se reproduzir e cada nova cópia do genoma obriga a célula a fazer o invólucro de proteína. Os novos vírus deixam a célula do hospedeiro com capacidade de infectar outras células.

Até há alguns anos o pessoal médico era aconselhado, mais por ignorância e cautela do que por ciência, a usar equipamentos especiais de proteção (como fatos e tendas de vácuo) quando lidava com doentes de ébola. No entanto, hoje se sabe que o vírus Ébola não é realmente altamente contagioso, ao contrário do que diz muita ficção em circulação no ocidente.

As vitimas em sua maioria em países super miseráveis

Ele é transmitido normalmente apenas pelo contato direto, e as populações afetadas são infectadas em alto número devido à cultura das aldeias africanas onde ocorre, em que é usual a família lavar o corpo dos mortos manualmente cuidadosamente antes do enterro. Em falecidos com ébola, o vírus é dessa forma transmitido à esposa, irmãos, pais ou filhos. O ébola não pode infectar outra pessoa pelo ar. Na verdade ele só é contagioso pelo contato direto com secreções e sangue. Hoje o pessoal médico é aconselhado apenas a usar luvas de látex e filtro respiratório.

É devido a esse fato que é praticamente impossível haver uma epidemia em larga escala de ébola nos países ocidentais, em que a higiene bloquearia qualquer expansão de casos. No entanto o risco para o pessoal médico e laboratorial em casos isolados, se não forem observadas as regras de higiene, é considerável.

Crianças infectadas pelo ébola

 

Progressão e Sintomas: A infecção pelo vírus ébola produz febre hemorrágica. A incubação pode durar de 5 a 12 dias. O vírus multiplica-se nas células do fígado, baço, pulmão e tecido linfático onde causa danos significativos. A lise (destruição) das células endoteliais dos vasos sanguíneos leva às tromboses e depois hemorragias.

Os primeiros sintomas são inespecíficos como febre alta, dores de cabeça, falta de apetite, e conjuntivite (inflamação da mucosa do olho). Alguns dias mais tarde surge diarréia, náuseas e vômitos (por vezes com sangue), seguidos de sintomas de insuficiência hepática, renal e distúrbios cerebrais com alterações do comportamento devido à coagulação intravascular disseminada com enfartes nos órgãos. O estágio final é devido ao esgotamento dos fatores sanguíneos da coagulação, resultando em hemorragias extensas internas, edema generalizado e morte por choque hemorrágico. As fezes são geralmente pretas devido às hemorragias gastrointestinais e poderá haver ou não sangramento do nariz, ânus, boca e olhos. Dependendo da sua estirpe, há casos de hemorragias na derme, ocasionando o sangramento pelos poros do corpo. A morte surge de uma a duas semanas após o inicio dos sintomas (ou até um mês após a infecção inicial).

Esse é mais um virus que se usado como arma por pessoas desprovidas de sentimentos pode causar um colapso no mundo. Essa foto é impressionante reparem no rosto da criança é dificil conter as lágrimas

 

A taxa de mortalidade da doença e o tempo para o falecimento de uma pessoa, depende da estirpe do vírus e do estado de saúde das populações afetadas, podendo variar entre 50% e 90%.

Diagnóstico e Tratamento: O diagnóstico é pela observação direta do vírus com microscópio eletrônico em amostra sanguínea ou por detecção com imunofluorescência de antígenos.

Não há vacina, cura, nem tratamento eficazes. Os doentes devem ser postos em quarentena e os familiares impedidos de tocar no corpo dos falecidos. Devem ser administrados cuidados básicos de suporte vital como restabelecimento de eletrólitos e fluídos dos perdidos, além de possíveis tratamentos paliativos.

Literatura: Há um livro chamado "zona quente" (nome original the hot zone) que aborda o tema através de entrevistas em todo o mundo feitas por Richard M. Preston.

O ébola é um dos agentes de guerra biológica mais temíveis, o ébola é uma arma letal.

Curiosidade: Em 1994, uma médica foi contaminada com o Ebola e não adoeceu. Uma matéria da revista Veja relatou assim o fato: "Uma pesquisadora suíça que mexeu com macacos na Costa do Marfim, no ano passado, voltou para casa com o vírus em seu organismo. Por um desses mistérios que a medicina ainda não decifrou, o Ebola recuou e ela sobreviveu".

 

 

PESTE NEGRA

A Peste negra é a designação por que ficou conhecida, durante a Idade Média, a peste bubônica, pandemia que assolou a Europa durante o século XIV e dizimou entre 25 e 75 milhões de pessoas, sendo que alguns pesquisadores acreditam que o número mais próximo da realidade é de 75 milhões, um terço da população da época.

Peste em Ashdod, quadro de Nicolas Poussin, 1630. (na verdade a epidemia bíblica de Ashdod dos filisteus poderá não ter sido a peste)

A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos-pretos (Rattus rattus) ou outros roedores. Os surtos de peste bubônica têm origem em determinados focos geográficos onde a bactéria permanece de forma endêmica, como no sopé dos Himalaias e na região dos Grandes Lagos Africanos. As restantes populações de roedores infectados hoje existentes terão sido apenas contaminadas em períodos históricos.

As populações de alguns roedores das pradarias vivem em altíssimos números em enormes conjuntos de galerias subterrâneas que comunicam umas com as outras. O número de indivíduos nestas comunidades permite à peste estabelecer-se porque, com o constante nascimento de crias, há sempre suficiente número de novos hóspedes de forma contínua para a sua manutenção endêmica. Naturalmente que as populações de ratos e de humanos nas (pequenas) cidades medievais nunca tiveram a massa crítica contínua de indivíduos susceptíveis para se manterem. Nessas comunidades de homens, a peste infecta todos os indivíduos susceptíveis até só restarem os mortos e os imunes. Só após uma nova geração não imune surgir e se tornar a maioria, pode a peste regressar. Nas comunidades humanas, portanto, a peste ataca em epidemias.

 

História

Ilustração da Peste na Bíblia de Toggenburg

 

A Peste na Antiguidade

Há várias referências a epidemias mortíferas na Bíblia. No período medieval, em que a peste era a principal doença epidêmica mortífera, estas alusões foram interpretadas como referentes a ela, uma idéia que tem sido aceite por muitos historiadores até ao presente. No entanto, não existe nenhum dado clínico que permita identificar as doenças epidêmicas da Bíblia, como aquela que Deus teria mandado contra os filisteus como castigo após terem roubado a Arca da aliança.

Do ponto de vista médico, é improvável que a doença bíblica tenha sido peste. Não há referências claras a bubos, nem a nenhum sintoma característico, e na altura havia muitas doenças capazes de matar muitas pessoas em pouco tempo. Se tivesse sido peste, teria de vir de algum reservatório animal, e nesse caso teria continuado a aparecer com alguma frequência na região. No entanto, os antigos Hipócrates e Galeno não a mencionam nos seus textos e a violência extrema com que dizimou as populações durante a era de Justiniano e a Idade Média fazem supor que não haveria imunidades entre as populações da Europa e Médio Oriente nessa altura.

A epidemia descrita por Tucídides que atingiu Atenas no século de Péricles (século V a.C.), durante a Guerra do Peloponeso contra Esparta, matando um terço da população, também foi considerada como peste. É muito mais provável, no entanto, que tenha sido outra doença como sarampo ou varíola, na altura doenças mortíferas devido à baixa imunidade, e, de qualquer forma, a população da Grécia então era insuficiente para lhe permitir estabelecer-se, pelo que desapareceu sem rastro.

Só no século I é que Rufus de Éfeso, um médico grego, nos dá uma descrição mais clara de peste na Líbia, Egito e Síria. Ele descreve os bubos duros, febre alta, dor e delírio encontrados pelos seus colegas Dioscorides e Posidonius nessas regiões. A descrição da doença por Rufus deixa claro que a doença era extremamente incomum na região nessa altura, apesar da sua referência por um médico do século III a.C. que a teria descrito, o que leva alguns historiadores a supor que já seria endêmica no Mediterrâneo desde há muito. No entanto, será mais provável que estas epidemias do século I sejam devidas a raros viajantes infectados. De fato foi por volta dos primeiros anos da Era de Cristo que as primeiras ligações regulares por barco do Egito Romano para a Índia foram efetuadas. A peste é transmissível de pessoa para pessoa, mas esse modo de transmissão mata rapidamente (em 2-3 dias) e é ineficaz, logo as epidemias deste tipo são de curta duração e extensão. Como não existiriam populações de roedores infectados nessa altura perto do Mediterrâneo, a transmissão epidêmica da peste por toda a Europa e Médio Oriente seria impossível. Abdalatif destacou-se no estudos sobre a peste e deixou para o presente um importante relato sobre a peste que nos anos de 1200 a 1201 assolou o Cairo, Egito.

 

A Peste de Justiniano

A peste de Justiniano ocorreu no Império Romano do Oriente, mais conhecido como Império Bizantino, em 541 e 542. Os historiadores da época dão-nos a primeira descrição inconfundível da peste.

Esta pandemia provavelmente originou-se na Etiópia a partir do reservatório dos Grandes Lagos, ou pelos navios romanos que faziam comércio com a Índia, e entrou no território de Bizâncio no Egito. Nessa altura o Egito pagava a anona, o imposto de grão de trigo, para abastecer os mercados de Constantinopla, como fizera anteriormente a Roma. Teria sido por esses navios que a peste chegou à capital. Nesta cidade de quase um milhão de habitantes, a peste matou no seu pico cerca de 10 000 pessoas por dia, segundo o historiador da época Procopius, acabando por matar ao todo 40% da população da cidade. A nobreza foi também dizimada, levando o Imperador Justiniano a promulgar leis novas de sucessão para lidar com a situação da perda aguda dos seus militares e burocratas.

Nessa altura, o Império Bizantino lutava contra a ocupação bárbara das terras do antigo Império Romano do Ocidente, tendo já, graças aos seus generais Belisário e ao escravo imperial e eunuco Narses, recuperado o norte de África, incluindo Cartago dos vândalos, e a Itália e o sul da Península Ibérica (incluindo o Algarve) dos ostrogodos e visigodos. A perda de fundos e de homens na capital devido à peste foi determinante na cessação das hostilidades no período de maior sucesso, levando finalmente à derrota da campanha pela pressão contínua das tribos bárbaras não conquistadas que aí habitavam.

Ao todo teria morrido 25% da população das costas do Mediterrâneo Oriental, cerca de 9 milhões de pessoas.

A Peste Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o Oriente Médio e outras regiões do Mundo durante o século XIV (1347-1350), matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente semelhantes nas outras regiões. A peste não só dizimou a população como largamente destruiu a brilhante civilização européia da baixa Idade Média, da construção das catedrais e do feudalismo, que foi substituída pela bastante diferente civilização das Descobertas e do Renascimento, logo que a população voltou a crescer. Durante o período de revolução que causou, instituições milenares como a Igreja Católica foram questionadas, novas formas de religião místicas e de pensar prosperaram e minorias inocentes como os leprosos e os judeus foram perseguidas e acusadas de serem a causa da peste.

Os cidadãos que tinham a doença eram obrigados a sair das cidades por 40 dias para provar que não estavam doentes. Algumas ordens religiosas recolhiam estas pessoas e as tratavam enquanto estavam isoladas e não podiam se aproximar de pessoas que não tinham a doença.

 

Infecção inicial

A condição inicial para o estabelecimento da peste foi a invasão da Europa pelo rato preto indiano Rattus rattus (hoje raro). O rato preto não trouxe a peste para a Europa, mas os seus hábitos mais domesticados e mais próximos das pessoas criaram condições para a rápida transmissão da doença. A sua substituição pelo Rattus norvegicus, cinzento e muito mais tímido, foi certamente importante no declínio das epidemias de peste na Europa a partir do século XVIII.

A peste foi quase certamente disseminada pelos mongóis, que criaram um império na estepe no final do século XIII. Gêngis Khan com as suas hordas de nômades mongóis conquistou toda a estepe da Eurásia setentrional, da Ucrânia até à Manchúria. Terão sido os mongóis que, após a sua conquista da China, foram infectados na região a sul dos Himalaias pela peste, já que essa região alberga um dos mais antigos reservatórios de roedores infectados endemicamente.

Os guerreiros mongóis terão então infectado as populações de roedores das planícies da Eurásia, da Manchúria à Ucrânia, cujos reservatórios de roedores infectados endemicamente existem hoje. Os ratos pretos das cidades e do campo da Europa ocidental não são suficientemente numerosos ou aglomerados em grandes comunidades para serem afetados endemicamente, e terão sido afetados pela epidemia do mesmo modo que as pessoas, morrendo em grandes quantidades até acabarem os indivíduos suscetíveis, ocorrendo nova epidemia quando surgia uma nova geração. Logo terão sido apenas os mediadores da infecção entre por um lado os mongóis e os roedores infectados da sua estepe, e os europeus.

Deste modo explica-se que, ao contrário de qualquer época precedente, a peste tenha surgido em quase todas as gerações na Europa após o século XIV: estava estabelecido um reservatório da infecção logo às suas portas, na Ucrânia (onde de fato foram as epidemias mais freqüentes, até à última que aí se limitou). Também é por esta razão explicado o fato da peste ter atingido simultaneamente a Europa, a China e o Médio Oriente, já que as caravanas da Rota da Seda facilmente comunicaram a doença a estas regiões limítrofes da estepe.

 

A Peste na Europa

Progressão anual da Peste Negra na Europa no século XIV. A cor verde indica zonas pouco atingidas

A peste responsável pela epidemia do século XIV surge durante o cerco à colônia de Génova, Caffa, na Crimeia (Ucrânia), em Outubro de 1347 pelos tatares (um povo mongol ou túrquico) auxiliados pelos venezianos. A peste matou tantos tatares que foram obrigados a retirar-se, mas não sem contaminar a cidade. Nesta morreram tantos habitantes que tiveram de ser queimados em piras, já que não havia mão de obra suficiente para os enterrar. Constantinopla terá sido infectada na mesma altura. Vários navios genoveses fugiram da peste, indo atracar aos portos de Messina, Génova, Marselha e Veneza, com os porões cheios dos cadáveres dos marinheiros. A transmissão terá sido feita pelos ratos pretos de Caffa, que transmitiram as suas pulgas infectadas aos ratos destas cidades. Assim se explica que apesar de algumas cidades terem recusado os navios, tenham sido infectadas igualmente, já que os ratos escapavam pelas cordas da atracagem.

Assim descreve Bocaccio os sintomas: "Apareciam, no começo, tanto em homens como nas mulheres, ou na virilha ou nas axilas, algumas inchações. Algumas destas cresciam como maçãs, outras como um ovo; cresciam umas mais, outras menos; chamava-as o povo de bubões. Em seguida o aspecto da doença começou a alterar-se; começou a colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos. Tais manchas estavam nos braços, nas coxas e em outros lugares do corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e esparsas; em outras eram pequenas e abundantes. E, do mesmo modo como, a princípio, o bubão fora e ainda era indício inevitável de morte, também as manchas passaram a ser mortais".



Uma das maiores dificuldades era dar sepultura aos mortos

 

"Para dar sepultura a grande quantidade de corpos já não era suficiente a terra sagrada junto às Igrejas; por isso passaram-se a edificar Igrejas nos cemitérios; punham-se nessas Igrejas, às centenas, os cadáveres que iam chegando; e eles eram empilhados como as mercadorias nos navios".
Em Avignon, na França, vivia Guy de Chauliac, o mais famoso cirurgião dessa época, médico do Papa Clemente VI. Chauliac sobreviveu à peste e deixou o seguinte relato: "A grande mortandade teve início em Avignon em janeiro de 1348. A epidemia se apresentou de duas maneiras. Nos primeiros dois meses manifestava-se com febre e expectoração sanguinolenta e os doentes morriam em 3 dias; decorrido esse tempo manifestou-se com febre contínua e inchação nas axilas e nas virilhas e os doentes morriam em 5 dias. Era tão contagiosa que se propagava rapidamente de uma pessoa a outra; o pai não ia ver seu filho nem o filho a seu pai; a caridade desaparecera por completo". E continua: "Não se sabia qual a causa desta grande mortandade. Em alguns lugares pensava-se que os judeus haviam envenenado o mundo e por isso os mataram".

No meio de tanto desespero e irracionalidade, houve alguns episódios edificantes. Muitos médicos se dispuseram a atender os pestosos com risco da própria vida. Adotavam para isso roupas e máscaras especiais. Alguns dentre eles evitavam aproximar-se dos enfermos. Prescreviam à distância e lancetavam os bubões com facas de até 1,80 m de comprimento.

Da Itália a doença espalhou-se pelo resto da Europa, atingindo a Grã-Bretanha e Portugal em 1348 e finalmente a Escandinávia em 1350. Algumas zonas foram inexplicavelmente poupadas, como Milão e a Polônia.

 

A Peste em Portugal

Médico da Idade Média com protetor anti-peste

Em Portugal a peste entrou no Outono de 1348. Matou entre um terço e metade da população, segundo as estimativas mais credíveis, e entretanto reduziu a nação ao caos. Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem.

Um dos efeitos indiretos da peste em Portugal seria a revolução após o reinado de D. Fernando (Crise de 1383-1385). Este interregno, mais que uma guerra civil pela escolha de novo rei, terá antes sido a luta da nova classe de pequena nobreza e burguesia que subira a escada social aproveitando as oportunidades após os desequilíbrios sociais provocados pela peste, contra o "antigo regime" desacreditado, a enfraquecida e esclerótica alta nobreza que presidira à catástrofe e cujos titulares, nascidos e criados nos anos da doença, não terão adquirido as capacidades necessárias a um governo eficaz. De fato esta elite da alta nobreza, clero e Casa Real, terá respondido à substancial perda de rendimentos e aumento de custos de mão de obra devido à peste com maior autoritarismo e tirania. Assim se explica a tendência desta frágil alta nobreza de se aliar com a sua também atacada congênere castelhana.

A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até ao fim do século XVII, ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira, mas a Grande Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60 000 habitantes da cidade terão sucumbido. A última grande epidemia foi em 1650. No entanto, no seguimento da Terceira Pandemia (ver à frente), a peste foi importada para o Porto em 1899 do Oriente (provavelmente de Macau onde grassou desde 1895 até ao fim do século). A epidemia do Porto foi estudada por Ricardo Jorge, que instituiu as medidas de Saúde Pública necessárias, e que a conseguiram limitar.

 

Efeitos culturais

Os efeitos demográficos, culturais e religiosos foram imensuráveis. A população desceu em mais de um terço. Os sobreviventes do povo e da pequena nobreza e burguesia provavelmente enriqueceram, por aumento dos salários devido à diminuição da mão-de-obra e descida dos preços das terras e das rendas. Os grandes proprietários rurais, dependentes totalmente do trabalho alheio, sofreram algum declínio econômico. Daí se explica a proclamação das leis do santuário, que proibiram aos vilões usar roupas caras como os nobres. Não estando as divisões sociais tão claras como antes a nível de propriedade, insistiu-se mais nos títulos.

As perseguições às minorias aumentaram drasticamente, e especialmente os pogroms contra os judeus. O fato de a maioria dos médicos judeus pouco poder fazer, e do fanatismo religioso que se apossou das populações aterrorizadas, terá contribuído para a acusação e perseguição a essa minoria. Além disso os judeus tornaram-se suspeitos quando, devido às suas leis talmúdicas de higiene (cumpridas rigorosamente), as suas vítimas foram em menor número que as de comunidades cristãs. Houve mais de 150 massacres e dezenas de comunidades judaicas menores foram exterminadas pelos motins dos cristãos, facilmente incitados pelos priores locais, apesar das condenações pelos altos clérigos. A perseguição dos judeus na Alemanha levou à sua emigração em massa para a Polônia e para a Rússia, onde mantiveram a língua alemã ou o seu dialeto hebraico, o Yiddish.

Os leprosos também foram perseguidos, culpados como os judeus de disseminar a doença (a lepra naturalmente não tem nenhuma relação com a peste).

Vários movimentos religiosos surgiram do terror que alimentava o misticismo e descredibilizava as formas religiosas mais tradicionais. Os flagelantes que acreditavam na libertação pela auto-martirização e pela dor cresceram radicalmente em números, e foram no Sacro Império Romano-Germânico e outros estados os principais responsáveis pela perseguição fanática aos judeus.

 

Recorrências

A doença voltou a cada geração à Europa até ao início do século XVIII. Cada epidemia matava os indivíduos susceptíveis, deixando os restantes imunes. Só quando uma nova geração não imune crescia é que havia novamente suficiente número de pessoas vulneráveis para a infecção se propagar. No entanto nenhuma destas epidemias foi tão mortal como a primeira, devido às modificações de comportamento e à eliminação dos genes (como alguns do MHC) que davam especial susceptibilidade aos seus portadores. Epidemias notáveis foram a Peste Espanhola de 1596-1602, que matou quase um milhão de espanhóis, a Peste italiana de 1629-1631, a Grande Praga de Londres de 1664-1665 e a Grande Peste de Viena em 1679.

A peste londrina é especialmente interessante porque foi a última naquela cidade. O Grande fogo de Londres logo no ano seguinte, em 1666 queimou completamente as casas de madeira e telhados de colmo comuns até então, e novos materiais como a pedra, os tijolos e as telhas foram usados na construção de novas casas, contribuindo para afastar os ratos das habitações. O mesmo processo, aliado a melhores condições de higiene e à substituição do rato preto pelo rato cinzento (Rattus norvegicus, que evita as pessoas), e à resistência genética crescente das populações, contribuíram para o declínio contínuo das epidemias de peste na Europa.

 

A Peste na China

As primeiras descrições da peste na China relataram os casos ocorridos em 1334 na província de Hubei, aparentemente casos limitados. Entre 1353 e 1354, com a China sob domínio dos mongóis, uma epidemia muito mais extensa ocorreu, nas províncias de Hubei, Jiangxi, Shanxi, Hunan, Guangdong (Cantão), Guangxi, Henan e Suiyuan. Os autores da época estimaram, talvez exageradamente, que de um terço a dois terços da população da China terá sucumbido, em algumas regiões mais de 90% da população.

 

A Peste no Médio Oriente

A doença entrou na região pelo sul da estepe, atual Rússia, em 1347, com as tropas do general Malik Asraf que regressava a Bagdad após campanha militar na estepe do Azerbeijão. No final de 1348 já está no Egito, Palestina e Antioquia, espalhando a morte. Meca foi infectada em 1349, sendo a doença trazida pelos peregrinos para o Hajj, e depois o Iêmen em 1351. Morreu cerca de um quarto da população da época.

 

A "Terceira Pandemia"

A terceira pandemia ocorreu no século XIX, mas a sua disseminação foi efetivamente travada pelos esforços dos médicos.

Iniciou-se provavelmente na estepe da Manchúria, onde as marmotas infectadas foram caçadas em grandes números pelos imigrantes chineses que as vendiam aos ocidentais para produzir casacos. A partir de 1855 espalhou-se por toda a China, ameaçando os europeus de Hong-Kong em 1894, o que levou ao envio de equipas de médicos e bacteriologistas para a região. No entanto foi impossível evitar a sua disseminação por navios para portos em todo o mundo, incluindo na Europa e Califórnia. Terá sido nesta altura que os roedores selvagens das pradarias americanas e do Brasil foram infectados.

Esta pandemia matou 12 milhões de pessoas na China e Índia.

 

A Ciência da Medicina e a Peste

O primeiro investigador a considerar a peste negra uma doença infecciosa foi Rhases, um médico árabe, no século X.As primeiras medidas eficazes de saúde pública foram tomadas nos portos mediterrânicos europeus. A quarentena permitia aos portuários verificar a presença da peste e conter a sua disseminação eficazmente, sequestrando os ocupantes de um navio durante um período superior ao da incubação da doença.

No entanto foi quando da Terceira Pandemia que começou a investigação científica mais séria sobre a doença, por investigadores trabalhando na Ásia nos anos de 1890. O francês Paul Louis Simond identificou a pulga dos roedores como principal vetor de transmissão. Em 1894, em Hong Kong, o bacteriologista suíço Alexandre Yersin isolou pela primeira vez a Yersinia pestis, e determinou o seu modo de transmissão, tendo sido homenageado com a nomeação a partir do seu nome da espécie responsável.

Também em 1894 o médico japonês Shibasaburo Kitasato identificou independentemente o bacilo responsável.A última epidemia de peste na Europa ocorreu na Ucrânia e Rússia em 1877-1889, nas regiões da estepe (Urais e Cáspio). Graças às medidas de contenção, morreram apenas 420 pessoas. A localização da última epidemia é reveladora já que é na estepe que se situa o reservatório de roedores que albergam a bactéria endemicamente.

Hoje em dia a peste não é um problema maior de saúde.

 

Transmissão

A peste bubônica é uma doença primariamente de roedores: (ratos, ratazanas, coelhos, marmotas, esquilos). Espalha-se entre eles por contacto direto ou pelas pulgas, e é-lhes frequentemente fatal.

Rattus rattus, a espécie de ratazana responsável pela disseminação da peste durante a Idade Média

A peste nos humanos é uma típica zoonose, causada pelo contacto com roedores infectados. As pulgas dos roedores recolhem a bactéria do sangue dos animais infectados, e quando estes morrem, procuram novos hóspedes. Entretanto a bactéria multiplica-se no intestino da pulga. Cães, gatos e seres humanos podem ser infectados, quando a pulga liberta bactérias na pele da vítima. A Y. pestis entra então na linfa através de feridas ou microabrasões na pele, como a da picada da pulga.

Outra forma de infecção é por inalação de gotas de líquido de espirros ou tosse de indivíduo doente.

 

Epidemiologia

A amarelo: países com casos de Peste; a vermelho, países com comunidades de roedores selvagens infectados com peste

A peste foi uma epidemia extremamente mortífera na Europa, China, Médio Oriente, Ásia e África durante várias épocas, principalmente durante a baixa Idade Média. A última epidemia significativa ocorreu no fim do século XIX, na China e Índia, mas ainda hoje se registram casos em vários países, principalmente naqueles em que há populações de roedores selvagens infectados. Há cerca de 2000 casos por ano em todo o mundo, nas regiões em que há roedores infectados.

Há hoje populações de roedores com peste endêmica no Ocidente dos EUA, sopé dos Himalaias, planícies da Eurásia setentrional (Mongólia, Manchúria na China, Ucrânia), região dos grandes lagos na África oriental e algumas regiões do Brasil e dos Andes. A transmissão da peste é rara e devida a contacto direto com os animais infectados e não através de pulgas.

 

Progressão e sintomas: A bactéria entra por pequenas quebras invisíveis da integridade da pele. Daí espalha-se para os gânglios linfáticos, onde se multiplica.

Após no máximo sete dias, em 90% dos casos surge febre alta, mal estar e os bubos, que são protuberâncias azuladas na pele. São na verdade apenas gânglios linfáticos hemorrágicos e inchados devido à infecção. A cor azul-esverdeada advém da degeneração da hemoglobina. O surgimento dos bubos corresponde a uma taxa média de sobrevivência que pode ser tão baixa como 25% se não for tratada. As bactérias invadem então a corrente sanguínea, onde se multiplicam causando peste septicêmica.

A peste septicémica caracteriza-se pelas hemorragias em vários órgãos. As hemorragias para a pele formam manchas escuras, de onde vem o nome de peste negra. Do sangue podem invadir qualquer órgão, sendo comum a infecção do pulmão.

A peste pneumônica pode ser um desenvolvimento da peste bubônica ou uma inalação direta de gotas infecciosas expelidas por outro doente. Há tosse com expectoração sanguinolenta e purulenta altamente infecciosa. A peste inalada tem menor período de incubação (2-3 dias) e é logo de início pulmonar, sem bubos. Após surgimento dos sintomas pulmonares a peste não tratada é mortal em 100% dos casos.

Mesmo se tratada com antibióticos, exceto se na fase inicial, a peste tem ainda uma mortalidade de 15%.

 

Diagnóstico: O diagnóstico é feito por recolha de amostras de líquido dos bubos, pús ou sangue e cultura em meios de nutrientes para observação ao microscópio e análise bioquímica.

 

Prevenção: Evitar o contacto com roedores e erradicá-los das áreas de habitação é a única proteção eficaz. O vinagre foi utilizado na Idade Média, já que as pulgas e as ratazanas evitam o seu cheiro.

A peste é de comunicação obrigatória às autoridades. Contatos de indivíduos afetados ainda hoje são postos em quarentena durante seis dias.

 

Tratamento: Os antibióticos revolucionaram o tratamento da peste, tornando-a de agente da morte quase certa em doença facilmente controlável. São eficazes a estreptomicina, tetraciclinas e cloranfenicol. Tratamentos mais recentes vêm utilizando também a gentamicina e a doxiciclina com resultados eficazes.

 

Notificação: A peste é uma doença de Notificação Compulsória internacional e deve ser comunicada imediatamente, pela via mais rápida, às autoridades sanitárias. A investigação é obrigatória.

 

Como arma biológica

A peste foi inicialmente introduzida em Jaffa como arma biológica. Cadáveres de turcos que tinham morrido da doença foram catapultados para dentro das muralhas da cidade, de onde se espalhou dando origem à Peste Negra do século XIV.

Durante a Primeira guerra mundial, o exército do Japão desenvolveu a peste enquanto arma biológica de disseminação por pulgas. Foi usada contra civis chineses e prisioneiros de guerra na Manchúria.

Durante a Guerra fria os EUA e a URSS desenvolveram estirpes geneticamente modificadas de bacilos Yersinia pestis para disseminação como aerossol pelo ar. A União Soviética provavelmente desenvolveu armas eficazes em grande volume, segundo alguns relatórios dos serviços secretos dos Estados Unidos, mas dados específicos não são conhecidos e é provável que os arsenais já tenham sido destruídos.

 

TULAREMIA

Bactéria da Tularemia

Tularemia é uma doença infecciosa rara que pode atacar a pele, olhos e pulmões. Menos de 200 casos de tularemia são informados anualmente nos Estados Unidos—principalmente em estados centrais ocidentais e do sul.

Tularemia, febre do coelho, como é freqüentemente chamada ou febre da mosca do cervo, é causada pela bactéria Francisella tularensis. A doença afeta animais principalmente, especialmente roedores, coelhos e lebres, entretanto também pode infetar pássaros, répteis e peixes.

A tularemia chega aos humanos de várias maneiras, inclusive mordidas de inseto e exposição direta a um animal infetado. Altamente contagioso e potencialmente fatal se não tratado, tularemia foi identificado como uma possível bioarma. Se diagnosticada cedo, os doutores normalmente podem tratá-la efetivamente com antibióticos, mas a meta é eliminá-la.

Vítima de tularemia

 

Tularemia manifestada nos dedos

 

Tularemia Ulceroglandular: Sem dúvida a forma mais comum da doença. Começa com uma úlcera de pele que forma no local da infecção — normalmente um inseto ou mordida de animal. De lá, bactérias espalham-se às glândulas das linfas que ficam inchadas e doloridas. Outros sintomas incluem febre, dor de cabeça e esgotamento.

 

Manifestação da doença

 

Tularemia glandular: As pessoas com tularemia glandular têm todos os sinais e sintomas da ulceroglandular, mas não desenvolvem úlceras na pele.

Tularemia Oculoglandular: Esta forma afeta os olhos, causando dor, vermelhidão, inchaço e descarga. Às vezes uma úlcera pode desenvolver no lado de dentro da pálpebra.

Tularemia Orofaringeal: Afetando a área digestiva, é marcada por vômito e diarréia.

Tularemia Pneumônica: Ela causa sintomas típicos de pneumonia: tosse, dor no peito, respiração difícil. Outras formas de tularemia também podem alcançar os pulmões.

Tularemia Tifoidal: Esta forma rara e séria da doença normalmente causa febre, esgotamento extremo e perda de peso, e pode afetar vários órgãos de corpo, inclusive os pulmões.

 

CAUSAS

Tularemia manifestada nos dedos

Tularemia não acontece naturalmente em humanos, mas sim em animais — mundialmente, mais de 200 espécies de mamíferos, porém também podem ser infetados pássaros, insetos e peixes, com F. tularensis. As bactérias podem viver durante muito tempo nos animais, e até mesmo insetos podem agir como reservatórios para doença. Ao contrário de algumas doenças infecciosas que espalham de animais à pessoas por uma única rota, tularemia tem vários modos de transmissão; como você normalmente contrai a doença determina o tipo e severidade de sintomas. Em geral, você pode conseguir tularemia através de:

Mordidas de inseto: Embora vários insetos levam tularemia, carrapatos e moscas de cervos são mais comuns em transmitir a doença a humanos. O mordida do carrapato causa uma proporção grande de casos de tularemia ulceroglandular.

Exposição à animais doentes ou mortos: Tularemia Ulceroglandular também podem ser o resultado de mexer ou ser mordido por um animal infetado, freqüentemente um coelho ou lebre. Bactérias entram na pele por cortes pequenos e abrasões ou por mordida, e uma úlcera forma no local de ferida. A forma ocular de tularemia pode acontecer quando você esfregar seus olhos depois de tocar um animal doente.

Bactérias aerotransportadas: Bactérias na terra podem ficar aerotransportadas durante ajardinar, construção ou qualquer atividade que perturbe a terra. A inalação das bactérias pode conduzir à tularemia pneumônica.

Comida contaminada ou água: Embora incomum, é possível contrair tularemia por comer carne mal-cozida de um animal infetado ou bebendo água contaminada. Os sinais intestinais são: vômitos, diarréia e outros problemas digestivos (tularemia orofaringeal). O calor mata a F. tularensi, portanto carne bem-cozida está normalmente segura comer.

Tularemia manifestada nos gânglios

 

Epidemiologia

Tularemia acontece mundialmente—especialmente em áreas rurais na Europa oriental, China, Japão e Escandinávia. Nos Estados Unidos, a maioria dos casos—com a exceção do Vinhedo de Martha—é agrupado no oeste rural e em estados centrais do sul, como Arkansas, Missouri e Oklahoma. A estação do carrapato (geralmente junho a setembro) e caça são horários nobres para infecção.

Carrapato que transmite a doença

É uma doença altamente contagiosa; a inalação de 10 a 50 bactérias pode causar a doença. Tularemia é rara, só um punhado de casos são informados cada ano. As bactérias são transmitidas de animais a humanos, não de pessoa para pessoa.

 

Diagnóstico

Menina infectada

Os médicos podem conferir para F. tularensis em uma amostra de sangue ou de saliva que são cultivadas para aumentar o crescimento das bactérias. Mas o modo preferido para diagnosticar tularemia normalmente é identificar anticorpos às bactérias em uma amostra de sangue. Também é provável que você tenha que realizar uma Radiografia do tórax para procurar sinais de pneumonia.

São utilizados também:

- Sorologia para tularemia
- Prova de PCR (Reação em cadeia de Polimerasa)
- Hemocultivos

 

Complicações

A maioria das formas de tularemia pode chegar eventualmente aos pulmões, conduzindo à pneumonia e às vezes à parada respiratória—uma condição na qual os pulmões não levam bastante oxigênio e liberta bastante gás carbônico ou ambos. Outras possíveis complicações incluem:

Meningite: É uma infecção séria do fluido e membranas (meninges) que cercam o cérebro e do cordão espinhal. Sinais e sintomas de meningites bacterianas incluem febre alta, dor de cabeça severa, pescoço duro e sensibilidade à iluminação. Se não tratado prontamente, meningites bacterianas podem causar lesão cerebral e morte.

Pericardite: É o inchamento e irritação do pericárdio, a membrana magra que cerca o coração. A pericardite moderada melhora freqüentemente sem tratamento, mas em casos mais sérios podem requerer terapia antibiótica.

Infecção dos ossos(osteomielite): bactérias de Tularemia às vezes chegam aos ossos, conduzindo à dor, diminuindo o movimento das juntas, vermelhidão na pele e feridas abertas nas áreas afetadas.

Tularemia manifestada nas mãos

 

Tratamento

Tularemia pode ser tratada efetivamente com antibióticos como estreptomicina ou gentamicina que são diretamente administrados através de injeção num músculo ou veia. Dependendo do tipo de tularemia que é tratado, os doutores podem prescrever antibióticos orais como tetraciclina. Será feito também terapia para qualquer complicação como meningites ou pneumonia. Em geral, os pacientes ficam imunes à tularemia após a recuperação, mas algumas pessoas podem experimentar um retorno da doença ou reinfecção.

 

 

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Este site foi atualizado em 04/03/19