Nome da Patologia
O termo arteriosclerose
significa, literalmente, "endurecimento das artérias", mas é
usado para indicar um grupo de processos que tem em comum o
espessamento da parede arterial e a perda de elasticidade da
mesma.
.
Fisiopatologia
São
indicadas com este termo três variantes morfológicas: a
aterosclerose, caracterizada pela formação de ateromas
(depósitos circunscritos de lipídeos na camada íntima);
esclerose calcificante da média ou esclerose de Mönckberg, que
consiste na calcificação da camada média das artérias musculares
principalmente, mas também das grandes artérias, de modo geral
não diminui a luz arterial porém pode facilitar o
desenvolvimento de aneurismas; e a arteriosclerose, que é devido
a uma proliferação fibromuscular ou endotelial, causando
portanto um espessamento da parede das pequenas artérias e
arteríolas.
Nos deteremos a uma doença da classe da arteriosclerose
chama ateriosclerose.

figura 01 -
Mecanismo do desenvolvimento da lesão
Em um
indivíduo, em vasos diferentes ou em um mesmo vaso, podem
ocorrer duas ou três destas variantes. Como a aterosclerose é de
longe a forma mais comum e importante de arteriosclerose, os
termos são usados indiferentemente.
A aterosclerose é uma doença das artérias de grande e médio
calibre, caracterizada por depósitos lipídicos e espessamento da
camada íntima, com rompimento da camada média.
Comumente, há o comprometimento da aorta, seu ramos
principais como as ilíacas, femorais e carótidas, e as artérias
que suprem o coração e o cérebro. Caracteristicamente, a
aterosclerose interfere de modo progressivo ou súbito no fluxo
sangüíneo, e é a principal causa de morte nos Estados Unidos. As
mortes causadas por doença vascular, mais especificamente por
infarto do miocárdio e por acidente vascular cerebral, são mais
numerosas do que as duas causas subseqüentes, câncer e acidentes
combinados.
A aterosclerose, como já mencionado, é uma doença
multifatorial. Os fatores que mais claramente têm sido
implicados são o colesterol, o fumo e a hipertensão. Outros
importantes fatores predisponentes são os triglicerídios do
soro, o diabetes e a obesidade

figura 02 - O
colesterol no Sangue.
Mapa Bioquímico


Possíveis Soluções para a Patologia
A HMG CoA
redutase é um exemplo de enzima limitante
O controle da regulação metabólica de qualquer via
normalmente é obtido pela modulação da atividade de uma enzima
fundamental. – conhecida como enzima controlada. Esta enzima
freqüentemente catalisa o passo principal – o primeiro que pode
ser identificado como regulador daquela via. E é extremamente
interessante que o controle da biossíntese do colesterol ocorra
numa fase relativamente inicial do processo, tendo como
substrato a enzima a que utiliza uma molécula com 6 átomos de
carbono. A HMG-CoA
redutase é a enzima taxa-limitante
que catalisa a etapa
comprometida que resulta na produção do ácido mevalônico. A
síntese hepática de HMG-CoA redutase é estimulada pelo jejum e
inibida pelo colesterol ingerido na dieta. A atividade da
HMG-CoA é controlada pela modificação covalente induzida pela
retroalimentação do colesterol e por vários hormônios
metabólicos.
O ácido
mevalônico é o primeiro composto deste processo de biossíntese
Três moléculas de acetil CoA são convertidas no ácido
mevalônico, com seis átomos de carbono. As primeiras duas etapas
compreendem reações de condensação levando à formação da
3-hidroxi-3-metilglutaril CoA (HMG-CoA). Estas reações
catalisadas pela acetil Coa Tiolase e pela HMG-CoA sintase são
comuns para a formação de corpos cetônicos, embora este último
processo ocorra nas mitocôndrias e não no citosol. Estas reações
também são energeticamente favorecidas, uma vez que envolvem a
clivagem de uma ligação tioéster e a liberação de coenzima A
livre. Entretanto, a reação principal nos estágios iniciais da
biossíntese do colesterol é aquela catalisada pela enzima
microssomal HMG-CoA redutase, que
leva à formação
irreversível do ácido mevalônico.

Síntese do ácido Mevalônico. O ácido
mevalônico contém seis átomos de carbono, derivados de três
moléculas de acetil CoA.

O farnesil pirofosfato é composto
por 3 unidades de isopreno. ADP, adenosina difosfato; Mg2+,
magnésio; Ppi, Pirofosfato.

As seis duplas ligações permitem que
a estrutura se dobre num anel semelhante ao do núcleo esteróide.
Mn2+, íon manganês.

figura 03 - Biossíntese do
Colesterol
A indústria farmacêutica investe milhões de dólares na
pesquisa de fármacos capazes de reduzir o nível de colesterol.
Citalor, uma droga da Pfizer, é um sal de cálcio do ácido
[R-(R*,R*)]-2(4-fluorofenil)-dihidroxi-5-(1-metiletil)-3-fenil-4-[(fenilamino)carbonil]-1H-pirrole-1-heptanóico.
Esse agente é um inibidor sintético da 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima
A (HMG-CoA) redutase, que é a enzima responsável pela conversão
de HMG-CoA em mevalonato, um passo inicial e limitante da
velocidade de biossíntese do colesterol.
Dados indicam que a Citalor é um inibidor tecidual seletivo
da HMG-CoA redutase, com ação primária no fígado e efeitos
modestos no baço e adrenal. Uma das grandes inovações desta
droga é a ausência de atividade significativa nos testículos,
rins, músculos ou cérebro.
Pela inibição da HMG-CoA redutase, no local de síntese do
colesterol, Citalor promove uma redução da síntese hepática do
colesterol e uma contra regulação compensatória dos receptores
LDL hepáticos, que extraem partículas de LDL do plasma e a
introduz, nas células hepáticas, para degradação e
reprocessamento do seu colesterol. Isto, finalmente, resulta em
aumento da captação e metabolismo de LDL-C circulantes
Atuação do
medicamento
Transformação de HMG-CoA em mevalonato (reação catalizada
pela HMG-CoA reductase, com liberação de CoA e oxidação de duas
moléculas de NADPH). O grupo tioester de HMG-CoA e reduzido a um
álcool. Esta enzima é o passo limitante na síntese do
colesterol.

Apesar de
uma dieta rigorosamente controlada, um homem de 50 anos de idade
e com história familiar de cardiopatia apresenta níveis séricos
de colesterol de 8,0 mmol/L (valores desejáveis são < 5,0 mmol/L).
Este paciente passou a ser medicado com pravastatina (um
inibidor da HMG-CoA redutase) e 3 meses depois seus níveis de
colesterol encontravam-se e 5,5 mmol/L.
A inibição parcial da enzima controlada da biossíntese do
colesterol pode ter contribuído para uma redução dos níveis
plasmáticos de colesterol em um paciente com dieta controlada e
este foi o caso. Uma família de inibidores competitivos da
HMG-CoA redutate, conhecida como “estatinas”, foi desenvolvida a
partir de uma levedura. Estas drogas promovem uma redução de
20%-40% das lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Interessante
frisar que além de inibir a atividade da HMG-CoA redutase, as
“estatinas” aparentemente aumentam o número ou a atividade
funcional dos receptores LDL, aumentando com isso a depuração de
várias lipoproteínas.
A
heterogeneidade da LDL.
As principais classes de lipoproteínas não são homogêneas,
VLDL, LDL e HDL contém partículas que diferem em tamanho e
composição. As principais frações de LDL pode ser por
eletroforese. As partículas LDL menos densas são mais sucetíveis
à oxidação, possuem menor afinidade pelo receptor LDL e penetram
no íntimo arterial mais facilmente do que as partículas LDL
maiores. Assim, uma pessoa pode ter uma concentração plasmática
normal de colesterol mas ainda desenvolver aterosclerose em
ração de suas lipoproteínas serem mais aterogênicas do que o
comum.
O conceito das duas principais vias do metabolismo das
lipoproteínas
No cômputo geral, o metabolismo dos quilomícrons e do VLDL,
constitui a rede de distribuição dos triglicerídeos no organismo
e pode-se dizer que esta é a via de transporte energético do
metabolismo das lipoproteínas. Depois de completada a
distribuição do substrato, o LDL é gerado a partir dos produtos
da via de transporte energético. A transformação dos
remanescentes em LDL, seu transporte para o fígado ou os tecidos
periféricos, sua internalização e a remoção do colesterol das
células pelo HDL pode ser consideradas como a “via do superfluxo”
do metabolismo das lipoproteínas.
O dano à parede vascular é a conseqüência mais importante de
uma sobrecarga, seja da vida de transporte lipídico ou da via do
superfluxo. Normalmente, os remanescentes contendo a apoE são
rapidamente metabolizados na via do transporte lipídico e nenhum
excesso de LDL aparece na circulação. Todavia, se a ingestão de
colesterol na dieta for elevada, ou se houver uma redução no
número de receptores LDL (apoB/E), mais partículas entrarão na
via do superfluxo e mais LDL será detectado no plasma.
O LDL permanece na circulação por vários dias e nestes
períodos pode adentrar a parede vascular. No plasma, o LDL
encontra-se relativamente protegido da oxidação pelos
antioxidantes plasmáticos como as vitaminas C e E, beta-caroteno
e também dos antioxidantes contidos nas próprias partículas de
lipoproteínas, como alfa-tocoferol (vitamina E). No entanto, os
níveis de antioxidantes no espaço intracelular são mais baixos
e, por isso, uma vez presente no plasma os fosfolipídeos e os
ácidos graxos do LDL tornam-se suscetíveis à oxidação. E o LDL
oxidado é fortemente aterogênico.

O mevalonato e
os inibidores da HMG-CoA reductase
Algumas
plantas reagem a organismos patogênicos, predadores, produzindo
substâncias chamadas fitoalexínas. O Resveratrol (trans-3,5,4'-trihidroxistilbeno)
é uma fitoalexína sintetizada por muitas plantas, e é
encontrado, em grande escala, nas cascas da uva, como uma
resposta à invasão por fungos do tipo Botrytis cinerea.
Muitos cientistas já publicaram trabalhos mostrando uma
ligação entre o consumo de vinho tinto e a diminuição das
doenças cardiovasculares - o chamado "French Paradox". A
estrutura química do resveratrol é semelhante ao estrógeno
sintético dietilestilbestrol (DES). Cientistas acreditam que o
resveratrol pode, tal como faz o DES, elevar a concentração de
HDL sanguíneo - o "bom colesterol".
Fatos e Mitos:
1. O Colesterol não é um veneno mortal, mas sim uma substância
vital para as células.
2. Não existe "bom" ou "mau" colesterol. O colesterol é um só.
3. Seu corpo produz 3 ou 4 vezes mais colesterol do que aquele
que você come. A produção aumenta se você ingere pouco
colesterol, e diminui, se você ingere muito. Pouco adiantam,
então, as dietas pobres em colesterol.
4. Não existe nenhum estudo científico que comprove que a
quitosana pode diminuir o nível de colesterol.
5. O único eficaz modo de diminuir o nível de colesterol é o uso
de medicamentos que, em geral, tem muitos efeitos colaterais.
6. O colesterol só existe no reino animal. Os alimentos de
origem vegetal (e.g. óleo de soja) não contém colesterol, por
natureza.
Bibliografia
PLASENCIA , Jorge Luis Manrique
(1994) “PROJETO DE UM SITEMA ULTRA-SÔNICO DOPPLER PULSÁTIL
MULTICANAL PARA AVALIÇÃO DA VASCULARIZAÇÃO PERIFÉRICA”, Tese de
mestrado, Campinas, São Paulo.
Internet:
http://laguna.fmedic.unam.mx/~evazquez/0403/resinf.html
Baynes, John, Dominiczak, Marek H. "Bioquímia
Médica". São Paulo: Editora Manole, 2000