1. Conceito
Ocorre quando, em uma reação reversível, a
velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação inversa. Uma vez
atingido o estado de equilíbrio, as concentrações de reagentes e produtos
permanecem constantes. Consideremos a equação genérica:

onde:
- v1 é a velocidade da reação direta e
v2 a velocidade da reação inversa.
No início v1 é o máximo porque as
concentrações de A e B apresentam valores máximos, enquanto que v2
é igual a zero, porque C e D ainda não foram formados. À medida que a reação
ocorre, A e B diminuem, e C e D aumentam, portanto v1 diminui e v2
aumenta, até que as duas velocidades se igualem. No instante em que v1
= v2, podemos dizer que o sistema atinge o estado de
equilíbrio.
Atingido o estado de equilíbrio, a reação química
continua a ocorrer (nível microscópico) nos dois sentidos, com a mesma
velocidade e, portanto, as concentrações de reagentes e produtos ficam
constantes. Por isso, podemos dizer que o equilíbrio é um equilíbrio
dinâmico.
Ao considerarmos o sistema como um todo (nível
macroscópico), aparentemente a reação “parou” de acontecer, porque as
concentrações de reagentes e produtos permanecem inalterados
indefinidamente.
Para que o estado de equilíbrio possa ser
atingido, é necessário que:
– o sistema encontre-se num recipiente fechado;
– a temperatura fique constante.
Graficamente, podemos representar:


2. Classificação
Os equilíbrios químicos podem ser classificados
em homogêneos e heterogêneos.
2.1. Equilíbrio Homogêneo
É aquele em que todos os participantes se encontram
numa única fase. Portanto, classificamos o sistema como sendo
homogêneo.H2(g) + I2(g)
2HI(g)
HCN(aq)
H+(aq) + CN-(aq)
2.2. Equilíbrio Heterogêneo
É aquele em que os participantes se encontram em
mais de uma fase. Portanto, classificamos o sistema como sendo heterogêneo.
C(s) + O2(g)
CO2(g)
3. Grau de Equilíbrio (α)
Indica a porcentagem em mols de uma determinada
espécie que reagiu para estabelecer o equilíbrio. Podemos representar:

Exemplo
Consideramos a reação x →
y + z, em que, no início, encontramos 2,00 mols de x e no equilíbrio são
encontrados 0,80 mols de x sem reagir. Concluímos, então, que reagiu 2,00 –
0,80 = 1,20 mols de x. O grau de equilíbrio fica:

Concluindo, podemos dizer que quanto maior o
valor de α no equilíbrio, encontramos
menor sobra de reagentes em maior quantidade de produtos. Quanto menor o
valor de α no equilíbrio, encontramos
muita sobra de reagentes e pouco produto.
4. Constante de Equilíbrio em Termos das Concentrações
Molares (Kc)
Dada uma reação reversível qualquer:
aA + bB
cC + dD
Aplicando-se a lei da ação das massas de
Guldberg-Waage, temos:
• para a reação direta:
v1 = K1 · [A]a ·
[B]b
• para a reação inversa:
v2 = K2 · [C]c ·
[D]d
No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b
= K2 · [C]c · [D]d

A relação
é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de concentração
molar (Kc):

A constante de equilíbrio Kc é,
portanto, a razão das concentrações dos produtos da reação e das
concentrações dos reagentes da reação, todas elevadas a expoentes que
correspondem aos coeficientes da reação.
Observações
a) A constante de equilíbrio Kc varia
com a temperatura;
b) Quanto maior o valor de Kc , maior
o rendimento da reação, já que no numerador temos os produtos e no
denominador os reagentes. Portanto, comparando valores de Kc em
duas temperaturas diferentes, podemos saber em qual destas a reação direta
apresenta maior rendimento;
c) O valor numérico de Kc depende de
como é escrita a equação química.
Por exemplo:

Por este motivo devemos escrever sempre a equação
química junto com o valor de Kc.
d) A constante de equilíbrio é adimensional, ou
seja, não possui unidade.
5. Constante de Equilíbrio em Termos das Pressões Parciais
(Kp)
Quando os componentes do equilíbrio são
substâncias gasosas, além da constante Kc, podemos expressar a
constante de equilíbrio em termos de pressões parciais (Kp).
Assim para a reação:
aA(g) + bB(g)
cC(g) + dD(g)
a constante de equilíbrio pode ser:
constante
de equilíbrio em termos de concentração molar Kc
ou
constante
de equilíbrio em termos de pressões parciais Kp
Portanto, concluímos que Kp é a razão
entre o produto das pressões parciais dos produtos gasosos e o produto das
pressões parciais dos reagentes gasosos, estando todas as pressões elevadas
a expoentes iguais aos respectivos coeficientes, na equação química
balanceada.
Por exemplo:
H2(g) + I2(g)
2HI(g)

Observação
Para equilíbrio em sistema heterogêneo, o estado
sólido não participa das expressões Kp e Kc, o estado
líquido participa somente de Kc, e o estado gasoso participa das
duas expressões.
Exemplos
a) CaCO3 (s)
CaO(s) + CO2 (g)
Kc = [CO2]
Kp
= pCO2
b)


Kp = pH2
c)


Kp não é definido, pois não
encontramos substância no estado gasoso.
6. Relação entre Kc e Kp
As constantes de equilíbrio Kc e Kp
podem ser relacionadas da seguinte forma:
Kp = Kc
· (R · T)
Onde:
n
→variação da quantidade em mols (diferença entre a
quantidade em mols dos produtos e reagentes).
Kc →
constante de equilíbrio em termos de concentração molar.
KP → constante de
equilíbrio em termos das pressões parciais.
T → temperatura
absoluta.
R → constante dos
gases.
Valores Usuais da Constante R

7. Deslocamento de Equilíbrio
Já sabemos que toda reação química reversível
tende a um equilíbrio em que as velocidades da reação direta e inversa são
iguais:
Reagentes
Produtos
onde: V1=V2
Em conseqüência, as concentrações de cada
substância presente no equilíbrio permanecem inalteradas. Qualquer fator que
altere esta condição (v1 = v2) desequilibra a reação,
até se atingir um novo equilíbrio, no qual as concentrações dos reagentes e
produtos se modificaram em relação aos valores originais.
Em resumo, podemos dizer que deslocar o
equilíbrio significa provocar diferença nas velocidades das reações direta e
inversa, e, conseqüentemente, modificações nas concentrações das
substâncias, até que um novo estado de equilíbrio seja atingido.
Se, no novo equilíbrio, a concentração dos
produtos for maior que a concentração original, dizemos que houve
deslocamento para a direita (sentido de formação dos produtos), já que v1
foi maior que v2:
Reagentes
Produtos
No entanto, se a concentração dos reagentes for
maior do que na situação anterior de equilíbrio, dizemos que houve
deslocamento para a esquerda (sentido de formação dos reagentes), já que v2
foi maior que v1:
Reagentes
Produtos
Em 1884, Le Chatelier enunciou o princípio geral
que trata dos deslocamentos dos estados de equilíbrio, que ficou conhecido
como Princípio de Le Chatelier.
“Quando uma força externa age sobre um sistema em
equilíbrio, este se desloca, procurando anular a ação da força aplicada.”
As forças capazes de deslocar o equilíbrio
químico são:
a) pressão sobre o sistema;
b) temperatura;
c) concentração dos reagentes ou produtos.
7.1. Concentração dos Participantes do Equilíbrio
Um aumento na concentração de qualquer
substância (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sentido de
consumir a substância adicionada. O aumento na concentração provoca aumento
na velocidade, fazendo com que a reação ocorra em maior escala no sentido
direto ou inverso.
Diminuindo a concentração de qualquer
substância (reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sentido de
refazer a substância retirada. A diminuição na concentração provoca uma
queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo com que a reação
ocorra em menor escala nesse sentido.
Exemplos
1o) 2 CO(g) + O2(g)
2 CO(g)
O aumento na concentração de CO ou O2
provoca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2;
portanto, o equilíbrio desloca-se para a direita.
A diminuição na concentração de CO ou O2
provoca queda em v1, fazendo com que v1 < v2;
portanto, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.
2o) C(s) + CO2(g)
2 CO(g)
Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição
de sólido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois a
concentração do sólido é constante e não depende da quantidade.
Observação
Tudo o que foi discutido para a concentração
também é válido para as pressões parciais em sistemas gasosos.
Por exemplo: H2(g) + I2(g)
2 HI(g)
- Aumento na pressão parcial de H2 ou
I2, o equilíbrio desloca-se para a direita.
- Diminuindo a pressão parcial de H2
ou I2, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.
7.2. Pressão Total sobre o Sistema
Um aumento na pressão desloca o equilíbrio no
sentido do menor volume gasoso.
Uma diminuição na pressão desloca o equilíbrio no
sentido do maior volume gasoso.
Exemplo:

• Aumento de pressão desloca o equilíbrio
para a direita (menor volume).
• Diminuindo a pressão, desloca-se o
equilíbrio para a esquerda (maior volume).
Existem equilíbrios que não são afetados pela
pressão:
• não é observada variação de volume:

• não encontramos reagentes e nem produto
no estado gasoso
CH3 – COOH(l) + CH3
– CH2OH(l)
CH3COOC2H5(l)
+ H2O(l)
7.3. Temperatura
Um aumento na temperatura desloca o equilíbrio no
sentido endotérmico. Uma diminuição na temperatura desloca o equilíbrio no
sentido exotérmico.
Exemplo:
N2 + 3 H2
2 NH3 ΔH
= – 26,2 kcal
• Um aumento na temperatura desloca o
equilíbrio para a esquerda (endotérmico).
• Diminuindo a temperatura, desloca-se o
equilíbrio para a direita (exotérmico).
A temperatura é o único fator que desloca o
equilíbrio e altera o valor da constante de equilíbrio. Por exemplo , um
aumento na temperatura provoca aumento do valor da constante de equilíbrio
para reações endotérmicas (ΔH
>0) e diminuição para exotérmicas (ΔH
< 0).
Observação
O catalisador não desloca o equilíbrio porque
aumenta a velocidade da reação direta e inversa na mesma proporção. O
catalisador apenas diminui o tempo necessário para que o estado de
equilíbrio seja atingido.
8. Equilíbrio Iônico
Considere o eletrólito AB em solução aquosa:
AB
A+ + B–
Sua ionização (se AB for molecular) ou sua
dissociação (se AB for iônico) também é um fenômeno reversível e, assim
sendo, atingirá, após determinado tempo, o equilíbrio químico. Este
equilíbrio será agora chamado de equilíbrio iônico porque aparecem íons.
Importante ressaltar que, no caso de bases fortes e sais solúveis, não
podemos falar em equilíbrio iônico, já que a reação inversa não se
processa (a dissociação não é reversível).
Exemplos


(não reversível)
(não reversível)
Se considerarmos a ionização do HNO2:

A exemplo de equilíbrios anteriores, podemos
escrever que sua constante de equilíbrio é:

Esta constante de equilíbrio, Kc,
recebe agora o nome particular de constante de ionização ou constante de
dissociação iônica e é representada por Ki, Ka (no
caso de ácidos) ou Kb (no caso de bases).




Observações
a) Ki varia com a temperatura.
b) Quando a ionização de um eletrólito apresentar
várias etapas, temos para cada etapa uma constante de ionização:



Observe que a primeira constante de ionização de
ácido fosfórico é maior que a segunda, que, por sua vez, é maior que a
terceira, indicando que a primeira ionização de um eletrólito ocorre mais
intensamente que as outras subseqüentes.
c) Valores altos de Ki indicam
eletrólitos fortes que são, portanto, muito dissociados ou ionizados;
enquanto valores baixos indicam que o eletrólito é fraco.
Na tabela seguinte, temos valores de Ka
de alguns ácidos:

9. Lei da Diluição de Ostwald
Chamamos
o grau de ionização de um eletrólito, que pode ser definido como a fração do
mol que está ionizada na solução. Portanto, para cada mol que foi
inicialmente dissolvido, a representa a parte que se ionizou. De forma
geral, temos:

Considere o equilíbrio: AB
A+ + B–
A partir da concentração molar (
)
e do grau de ionização (α), podemos
relacionar Ki e α:


Esta fórmula é a Lei da Diluição de Ostwald
e permite concluir que, quanto menor a concentração de um eletrólito, maior
será seu grau de ionização, o que significa dizer que o grau de ionização
aumenta à medida que se dilui a solução.
Para eletrólitos fracos, nos quais os valores de
α são muito pequenos, podemos considerar
1 – α como sendo praticamente 1, o que
simplifica a equação de Ostwald para:

10. Efeito do Íon Comum
Efeito do íon comum é o nome que se dá à
aplicação do princípio de Le Chatelier (deslocamento do equilíbrio) para
equilíbrios iônicos.
Exemplo
Considere o equilíbrio que se estabelece quando
HCN é colocado em água:
HCN
H+ + CN–
Vamos supor agora que se adicione à solução
cianeto de sódio (NaCN). Como NaCN é iônico, sua dissociação é total:
NaCN
→ Na+ + CN–
O íon CN– oriundo do cianeto de sódio
é comum ao equilíbrio do ácido; logo, sua concentração aumentará, o que
provocará o deslocamento do equilíbrio para a esquerda, no sentido de formar
HCN, diminuindo, portanto, a ionização do ácido.

O fato de o grau de ionização de um eletrólito
diminuir pela adição, na solução, de outro eletrólito que possua um íon
igual a um dos íons do 1o eletrólito recebe o nome de
efeito de íon comum.
É importante lembrar que há íons que, apesar de
não serem comuns ao equilíbrio iônico, também podem deslocá-lo. Tomemos, por
exemplo, a dissociação de NH4OH:

Se a esta solução adicionarmos um ácido qualquer,
estaremos adicionando H+, que reagirá com os íons OH–
da base, formando água.
A concentração de íons OH– irá
diminuir e, portanto, o equilíbrio será deslocado para a direita, aumentando
a dissociação da base.

11. Indicadores Ácido-Base
Indicadores ácido-base são substâncias químicas,
geralmente ácidos ou bases fracas, que mudam de cor, dependendo de o meio
estar ácido ou básico.
Esta mudança de cor é decorrência do deslocamento
do equilíbrio químico. Tomemos, por exemplo, o indicador ácido-base genérico
HIn:

Se adicionarmos ao equilíbrio um ácido qualquer,
haverá um aumento na concentração de íons H+, o que provoca um
deslocamento para a esquerda, fazendo com que a solução se torne amarela. No
entanto, se adicionarmos uma base, há uma diminuição dos íons H+
(que são captados pelo OH– da base formando água) e, portanto, o
equilíbrio se desloca para a direita, tornando a solução vermelha.

12. Equilíbrio Iônico da Água
(Kw)
A água é um eletrólito extremamente fraco, que se
ioniza segundo a equação:
H2O + H2O
H3O+ + OH–
Ou simplesmente:
H2O
H+ + OH–
Como toda ionização, a da água também atinge um
equilíbrio, chamado equilíbrio iônico da água. Um litro de água a 25
ºC tem massa igual a 1.000 g. Portanto, em 1 litro, temos aproximadamente
55,5 mols de água:

Destes 55,5 mols, constata-se experimentalmente
que apenas 10–7 mols sofrem ionização.
A constante de ionização da água pode ser
deter-minada pela equação:

No entanto, a 25 ºC, a quantidade de
água que fica sem se ionizar assume o valor de (55,5 – 10–7)
mols/L, que é praticamente o valor inicial de 55,5 mols/L. Podemos então
concluir que a concentração de água ([H2O]) é praticamente
constante e, portanto,



O produto iônico da água, Kw, tem
valor igual a 10–14 a 25 ºC. Kw é uma constante de
equilíbrio e como tal não é afetada pela variação na concentração de H+
ou OH–, mas varia com a temperatura.
– Para soluções ácidas: [H+] > [OH-]
– Para soluções básicas: [H+] < [OH-]
– Para soluções neutras (ou água pura): [H+]
= [OH-]
A 25 °C podemos afirmar que:
Soluções ácidas
[H+] > 10-7 mol/L
[OH-] < 10-7 mol/L
Soluções Básicas ou alcalinas
[H+] < 10-7 mol/L
[OH-] > 10-7 mol/L
Soluções neutras
[H+] = [OH-]
13. pH e pOH
Para não se trabalhar com potências negativas,
como, por exemplo,
Peter L. Sörensen propôs uma nova escala para as medidas de acidez e
basicidade das soluções, utilizando logaritmo segundo as definições:


A letra p, minúscula, significa potencial;
portanto:
– pH é o potencial hidrogeniônico da solução;
– pOH é o potencial hidroxiliônico da solução.
13.1. Para soluções ácidas

Exemplo
Qual o pH de uma solução de concentração
hidrogeniônica igual a 10–5 ?

13.2. Para Soluções Básicas

Exemplo

Portanto, a 25°C:

13.4. Relação entre pH e pOH

Portanto:

14. Hidrólise de Sais
Chamamos hidrólise salina a reação entre um sal e
a água, produzindo o ácido e a base correspondentes. A hidrólise do sal é,
portanto, a reação inversa da neutralização.

Para simplificar a análise dos fenômenos da
hidrólise salina, os sais são divididos em 4 tipos, a saber:
1) Sal de ácido forte e base fraca;
2) Sal de ácido fraco e base forte;
3) Sal de ácido fraco e base fraca;
4) Sal de ácido forte e base forte.
14.1. Sal de Ácido Forte e Base Fraca

então ficamos com:


Podemos então observar que quem sofre a hidrólise
não é o sal, mas sim o íon NH4+ (da base fraca),
liberando íons H+, que conferem à solução caráter ácido com pH
menor que 7.
14.2. Sal de Ácido Fraco e Base Forte

então ficamos com:


Observamos, então, que quem sofre a hidrólise,
neste caso, é o íon CN– (do ácido fraco), liberando íons OH–
que conferem à solução caráter básico com pH maior que 7.
14.3. Sal de Ácido Fraco e Base Fraca

então ficamos com:

Como tanto o ácido quanto a base são fracos,
ocorre realmente a hidrólise do sal e não apenas de um dos íons (como nos
dois casos anteriores). Podemos concluir que quem sofre hidrólise são os
íons correspondentes ao ácido e/ou base fracos.
Neste caso, o meio pode ficar ácido, básico ou
neutro.
• O meio será ligeiramente ácido se a
ionização do ácido for maior que a da base (Ka > Kb);
• O meio será ligeiramente básico se a
ionização do ácido for menor que a da base (Ka < Kb).
• O meio será neutro se a ionização do
ácido apresentar mesma intensidade que a da base (Ka
Kb).
14.4. Sal de Ácido Forte e Base Forte

então ficamos com:

Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+
não captam os íons OH– da água. Do mesmo modo, sendo o HBr um
ácido forte, os íons Br– não captam os íons H+ da
água. Portanto, neste caso, não há hidrólise. A solução terá caráter
neutro, com pH igual a 7.
Concluímos que, na solução salina, predomina
sempre o caráter do mais forte. Quando o sal é formado por ácido/base de
mesma força (2 fortes), a solução final é neutra.

14.5. Grau de Hidrólise (αh)
Define-se o grau de hidrólise (
)
de um sal como:

A variação de
αh
é:
0 <
αh
< 1 ou 0% < αh
< 100%
14.6. Constante de Hidrólise (Kh)
Para os equilíbrios químicos das reações de
hidrólise, define-se uma constante de equilíbrio chamada constante de
hidrólise (Kh).
Dado o equilíbrio de hidrólise:

A constante de hidrólise será:

Observação:
A água não entra na expressão porque é o solvente
e sua concentração molar é praticamente constante.
Generalizando:

onde p e r são os coeficientes da
equação.
Lembre-se: a água não entra na expressão e
a Kh é obtida sempre a partir da equação iônica de hidrólise.
14.7. Relação entre Kh e Ka e/ou Kb
Considerando a expressão da constante de
hidrólise dada anteriormente como exemplo:

Se multiplicarmos simultaneamente o numerador e o
denominador da fração por [H3O+] · [OH–],
teremos:


Como:

Com isso ficamos com:

De modo análogo, obteremos:
a) para sal de ácido fraco e base forte:

b) para sal de ácido forte e base fraca:

15.
Produto de Solubilidade (PS ou KPS)
Existem substâncias pouco solúveis em água como,
por exemplo, BaSO4. Adicionando certa quantidade de sulfato de
bário à água, notamos que grande parte vai ao fundo, formando um precipitado
constituído de BaSO4 que não se dissolve.
Entretanto, sabemos que a dissolução do sal não
terminou. Na verdade, o sal continua a se dissolver, bem como a precipitar,
estabelecendo um equilíbrio dinâmico. Este equilíbrio é chamado
heterogêneo ou polifásico porque é o equilíbrio que se estabelece
num sistema heterogêneo.
15.1. Constante do Produto de Solubilidade (PS ou KPS
ou KS)

Suponha uma solução do eletrólito A2B3,
pouco solúvel, em presença de seu corpo de chão (parte insolúvel). A parte
que se dissolveu está sob a forma de íons A+++ e B=,
enquanto a parte não-solúvel está na forma não-ionizada A2B3.
Existe, assim, um equilíbrio dinâmico entre A2B3 e
seus íons na solução, que pode ser representada pela equação:

Como todo equilíbrio, este também deve obedecer à
lei:

Como a concentração de um sólido tem valor
constante, o produto Ki · [A2B3] da fórmula
acima também é constante e é chamado de produto de solubilidade.
KPS = [A3+]2
. [B2-]3
Portanto, o produto de solubilidade (Kps ou PS) é
o produto das concentrações molares dos íons existentes em uma solução
saturada, onde cada concentração é elevada a um expoente igual ao respectivo
coeficiente do íon na correspondente equação de dissociação.
Exemplos:



A expressão do Kps é utilizada somente
para soluções saturadas de eletrólitos considerados insolúveis, porque a
concentração de íons em solução é pequena, resultando soluções diluídas.
O Kps é uma grandeza que só depende da
temperatura. Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de íons
em solução, maior o valor de Kps; quanto menos solúvel o
eletrólito, menor a concentração de íons em solução, menor o valor de Kps,
desde que as substâncias comparadas apresentem a mesma proporção entre os
íons.
Exemplo


Como apresentam a mesma proporção em íons (1 :
1), o CaCO3 é mais solúvel que o BaCO3, porque possui
maior valor de Kps.
Quando as substâncias comparadas possuem
proporção em íons diferentes, a mais solúvel é aquela que apresenta maior
solubilidade.
Exemplo

Kps = [Ag+]2 ·
[CrO42-]
4·10 –12 = (2x)2 · x
4·10 –12 = 4x3
X = 1,0.10-4 mol/L
solubilidade do Ag2CrO4,
portanto, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–4 mol de
Ag2CrO4.
BaSO4(s)
Ba2+(aq) + SO42-(aq)
KPS=1,0 . 10-10
Y mol/L Y mol/L
Y mol/L
KPS=[Ba2+].[SO42-]
10-10=(Y).(Y)
Y=1,0.10-5 mol/L
solubilidade do BaSO4 portanto, em 1 L
de solução é possível dissolver até 10–5 mol de BaSO4.
Com isso concluímos que Ag2CrO4
é mais solúvel que o BaSO4.
15.2. Efeito do Íon Comum
A adição de íon comum ao equilíbrio provoca um
deslocamento no equilíbrio para a esquerda, diminuindo a solubilidade do
eletrólito.
Consideremos inicialmente uma solução saturada do
eletrólito AB, sem a presença do corpo de fundo:
AB(s)
A+(aq) + B–(aq)
A adição de íons A+ ou B–
irá deslocar o equilíbrio no sentido de diminuir a concentração dos íons,
até que estas concentrações satisfaçam os Kps. Portanto, ocorre a formação
de precipitado.
Na presença de precipitado, a adição do íon comum
desloca o equilíbrio no sentido de formação do eletrólito sólido, de modo a
manter constante o produto das concentrações dos íons.
A adição do eletrólito sólido não altera o
equilíbrio nem o número de íons em solução.
15.3. Previsão de Precipitação
Quando misturamos dois eletrólitos diferentes, em
solução, é possível saber quando o precipitado começará a se formar, a
partir de dois íons desses eletrólitos.
Por exemplo: São misturados volumes iguais de Pb(NO3)2
0,2 M e KI 0,2 M. Haverá formação de um precipitado de PbI2.
Dado: Kps do PbI2 = 1,4 · 10–8
Para respondermos a pergunta, primeiro
encontramos a concentração de cada íon em solução:
Solução


Quando as duas soluções são misturadas, o volume
da solução final duplica, portanto as concentrações de Pb2+ e I
– caem pela metade.
A equação iônica que representa a precipitação
fica:
Pb2+(aq) + 2l –(aq)
→ PbI2(s)
Sendo que o seu inverso representa a dissolução
do PbI2 . Ao atingir o equilíbrio temos:
PbI2(s)
Pb2+(aq) + 2I–(aq)
Qps é denominado de quociente da
reação, sendo calculado em função da concentração de íons que são
misturados. A precipitação ocorre quando Qps é maior ou igual ao
Kps. Em nosso caso, encontramos:
Qps = [Pb2+] · [i–]2
Qps = (0,1) · (0,1)2
Qps = 1,0 · 10–3
Como Kps = 1,4 · 10–8
concluímos que Qps > Kps, portanto ocorre
precipitação.
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04/03/19