Adoçantes
dietéticos podem ajudar a emagrecer?
Esta é a primeira pergunta que se
faz após se constatar que os adoçantes dietéticos
geram uma ínfima quantidade de calorias com o mesmo
poder adoçante da sacarose, porém em quantidades bem
menores. É uma dedução natural, visto que os
carboidratos são um dos principais alimentos
responsáveis, quando ingeridos em grandes
quantidades, pelo aumento de peso e os primeiros a
serem “cortados” pelos nutricionistas quando
procurados por pessoas que desejam perder peso.
Existem hipóteses para explicar a
associação entre o alto consumo de alimentos ricos
em carboidratos e a obesidade. A primeira é que a
sacarose age provocando inicialmente hiperglicemia e
depois hipoglicemia[17]
reativa com conseqüente sensação de fome,
responsável, por sua vez, pelo consumo excessivo de
alimentos. Outra se baseava na hipótese de que no
homem obeso, diabético ou não, verifica-se o aumento
do apetite para os alimentos ricos em carboidratos
devido à redução nos níveis de serotonina. Alguns
casos de obesidade também podem estar relacionados
com o maior número de receptores de gosto na boca,
por centímetro quadrado, comparativamente às pessoas
normais.
Pesquisadoras (ROSADO e MONTEIRO,
2001) estudaram a substituição de macronutrientes
(por exemplo: carboidratos e lipídeos) da dieta por
adoçantes dietéticos. Segundo as autoras, a
obesidade possui diversos fatores, dentre os quais a
ingestão de macronutrientes e, em especial análise,
de carboidratos favorece o aumento de peso.
Falando especificamente do
açúcar, considerado um componente importante na
saciedade, sua substituição pelo adoçante dietético
reduz o valor energético da dieta, reduzindo também
a massa corporal, num primeiro momento. Os efeitos
dos adoçantes sobre o apetite dependem da natureza e
da densidade dos nutrientes consumidos
simultaneamente. Ainda segundo as autoras, não
existem evidências suficientes que mostrem que os
adoçantes causem ganho de peso, mas seu uso pode
resultar em compensação energética com alimentos
ricos em lipídios. Esse últimos tendem a aumentar a
densidade energética da dieta promovendo o
superconsumo passivo de energia, além de apresentar
baixa prioridade oxidativa, estando associados à
baixa saciedade.
Vale lembrar que os adoçantes
dietéticos, no início da sua produção, atendiam uma
parcela bem definida da população, a qual
representava os portadores de patologias que
deveriam evitar o uso de sacarose. Um exemplo são os
portadores da diabete melito (chamada freqüentemente
por somente “diabete”) nos quais a insulina não é
secretada em quantidade suficiente ou suas células
alvo não são estimuladas de forma eficiente. Como
conseqüência, os níveis de glicose sanguínea
tornam-se elevados. Todavia, apesar desses altos de
glicose, as células “morrem de fome” porque a
entrada de glicose nas células, estimuladas pela
insulina, está prejudicada. Além disso, a formação
de outros metabólicos se acelera, havendo um acúmulo
de corpos cetônicos no sangue, condição conhecida
como cetose. O caráter ácido desses corpos cetônicos
faz com que haja uma sobrecarga da capacidade
tamponante do sangue e do rim, o qual controla o pH
sanguíneo. Este quadro, se não tomadas medidas
emergenciais, causa uma desidratação grave e uma
diminuição do volume sanguíneo e, em última análise,
situações de risco para a saúde.
Portanto, pessoas saudáveis “adaptaram” o uso dos
adoçantes dietéticos, os quais tinham como objetivo
inicial e fundamental tornar mais palatável os
alimentos ingeridos pelos diabéticos, para fins
estéticos, geralmente sem a consulta de um
profissional da saúde. Cito, para terminar, uma
leitura minha dos ensinamentos orientais sobre a
comida, o que pode se estender também para outros
aspectos de nossa vida. “O que diferencia a comida
de alimento para veneno é a sua quantidade”.
Portanto, eu aconselho que devamos evitar os
exageros e preconizar o equilíbrio em detrimento dos
extremos. Não é por nada que um dos sete pecados
capitais é a gula!

[17] O
índice glicêmico (IG) é um indicador da
velocidade de transformação do carboidrato em
glicose. Ele mostra o quão rápido um alimento
ingerido consegue aumentar a glicemia (a glicose
no sangue). Para maiores informações,
clique aqui