O açúcar na cozinha: Tipos de
açúcar
 |
Estudos apontam
que os nossos ancestrais consumiam dietas
que tinham cerca de 4 - 6% de açúcar, medido
como porcentagem de energia, principalmente
sob a forma de frutas e ocasionalmente de
mel. Os seres humanos evoluíram tendo uma
aceitação intensa ao sabor doce,
provavelmente porque, na natureza, a doçura
indica que as frutas já estão maduras e
prontas para serem consumidas. Esse fato
certamente influenciou nosso paladar hoje no
que diz respeito à aceitação (muitas vezes
“adoração”) pelo doce.
Abaixo, segue
uma relação resumida dos tipos de açúcares
disponíveis no mercado para o consumidor e
utilizados na indústria com suas principais
características. |
O açúcar de confeiteiro,
também conhecido como glaçúcar, tem cristais tão
finos que mais parecem com talco de bebê.
Recomendado para fazer glacês e coberturas, seu
segredo é um refinamento sofisticado, que inclui uma
peneiragem para se obter minicristais, além da
adição de amido de arroz, milho ou fosfato de
cálcio, cerca de 30% em peso para evitar que os
minicristais se juntem novamente, ou seja, inibir
que o efeito higroscópico do açúcar faça com que o
mesmo embolore.
O açúcar orgânico é
diferente de todos os outros tipos porque não
utiliza ingredientes artificiais em nenhuma etapa do
ciclo de produção, do plantio à industrialização. O
açúcar orgânico é mais caro, mais grosso e mais
escuro que o refinado, mas tem o mesmo poder
adoçante, pois se trata quase exclusivamente de
sacarose. Muito apreciado por europeus e
norte-americanos, cada vez mais preocupados com a
sustentabilidade ambiental, este açúcar é
considerado natural desde o plantio, sem adubos e
fertilizantes químicos, até a embalagem
biodegradável, passando, claro, pela produção
industrial sem cal, enxofre, ácido fosfórico e
tantos outros elementos adicionados ao produto
refinado. A palavra de ordem dos novos plantadores é
a preservação da natureza. Mas a produção e o
mercado consumidor ainda são irrisórios. Por ano,
são produzidos 125 milhões de toneladas de açúcar no
mundo, mas desse total, apenas de 40 a 50 mil
toneladas são do tipo orgânico, o que significa
0,036 % de todo o açúcar produzido.
O açúcar light
surge da combinação (mistura) do açúcar refinado com
adoçantes dietéticos, como o aspartame, o ciclamato
e a sacarina, os quais quadruplicam o poder de
adoçar do açúcar puro. Um cafezinho só precisa de
dois gramas de açúcar light para ficar doce,
contra seis gramas de açúcar comum. Por isso, quem
consome açúcar light ingere menos calorias
com relação à sacarose pura.
O açúcar líquido é
obtido pela dissolução do açúcar refinado em água.
Usado em bebidas gasosas, balas e doces, o açúcar
líquido não é vendido em supermercados. Uma das
vantagens é que ele não precisa ser estocado em
sacos, diminuindo os riscos de contaminação com
poeira ou microrganismos, aumentando a praticidade
do uso, principalmente na indústria de alimentos.
A frutose é o
açúcar extraído das frutas e do milho. Sem precisar
de nenhum aditivo, a frutose é cerca de 30% mais
doce que o açúcar comum, mas ela engorda sem
oferecer uma vitaminazinha sequer. A maior parte da
frutose vendida no Brasil é importada e tem preços
meio amargos. Vale lembrar que a frutose é um dos
monossacarídeos que formam a sacarose e que o mel é
constituído por mais de 40% em peso de frutose.
Veremos mais adiante quais são os prós e contras o
uso deste açúcar em dietas para fins medicinais ou
estéticos.
O açúcar refinado,
também conhecido como açúcar branco, é o açúcar mais
comum nos supermercados. No refinamento, aditivos
químicos, como o enxofre, tornam o produto branco e
delicioso. O lado ruim, segundo a maioria dos
nutricionistas, é que este processo retira vitaminas
e sais minerais, deixando apenas as "calorias
vazias" (sem nutrientes), permanecendo cerca de
99,8% de sacarose.
O açúcar mascavo é
o açúcar quase bruto, escuro e úmido, extraído
depois do cozimento do caldo de cana. Como o açúcar
mascavo não passa pelas etapas seguintes de
refinamento, ele conserva o cálcio, o ferro e outros
sais minerais. Mas seu gosto, bem parecido com o do
caldo de cana, desagrada a algumas pessoas. O grau
de pureza de sacarose neste açúcar gira em torno de
90% e é muito recomendado por nutricionistas, devido
ao fato de não ser um produto altamente concentrado
e de preço acessível, além de possuir mais
nutrientes. Há, no entanto, autores que afirmam que
esses nutrientes presentes no açúcar mascavo somam
valores muito pequenos e que quantidades nada
saudáveis de açúcar mascavo deveriam ser consumidas
para suprir as necessidades diárias de nutrientes em
nosso organismo.
|
Refinado |
Mascavo e demerara |
Orgânico |
Frutose |
Energia |
387 kcal |
376 kcal |
399 kcal |
400 kcal |
Carboidratos |
99,90 g |
97,30 g |
99,3 g |
n/d |
Vitamina B1 |
0 mg |
0,010 mg |
n/d |
n/d |
Vitamina B2 |
0,020 mg |
0,010 mg |
n/d |
n/d |
Vitamina B6 |
0 mg |
0,030 mg |
n/d |
n/d |
Cálcio |
1,0 mg |
85 mg |
n/d |
n/d |
Magnésio |
0 mg |
29 mg |
n/d |
n/d |
Cobre |
0,040 mg |
0,300 mg |
n/d |
n/d |
Fósforo |
2 mg |
22 mg |
n/d |
n/d |
Potássio |
2 mg |
346 mg |
n/d |
n/d |
Proteína |
n/d |
n/d |
0,5% |
n/d |
|
Tabela 1
– Comparação das composições de alguns
tipos de açúcar
|
O cristal é o
açúcar com cristais grandes e transparentes,
relativamente difíceis de serem dissolvidos em água.
Depois do cozimento, ele passa apenas por etapas de
refinamento, as quais retiram cerca de 90% dos sais
minerais. Por ser econômico e render bastante, o
açúcar cristal sempre aparece nas receitas de bolos
e doces.
O demerara é também
usado no preparo de doces. Este açúcar de nome
estranho é um pouco mais caro que os demais. Ele
passa por um refinamento leve e não recebe nenhum
aditivo químico. Seus grãos são marrom-claros e
devido à camada de melado que envolve seus cristais,
o açúcar demerara tem valores nutricionais
relativamente altos, semelhantes aos do mascavo.
No açúcar invertido,
a sacarose pode ser hidrolisada por ácidos diluídos
ou pela ação da enzima invertase, liberando a
glicose e a frutose (ambos monossacarídeos isômeros)
que formam sua estrutura original.
|
Essa reação acima é denominada de
inversão da sacarose, pois durante sua ocorrência, o
plano da luz polarizada[10]
incidente desvia-se da direita (+ 66,5°) para a
esquerda (+ 52,7° - 92,3° = - 39,6°). A inversão da
sacarose é um “truque” usado na fabricação de
bombons como recheio pastoso. Durante o processo, o
bombom é recheado com uma pasta de sacarose, água e
invertase. Até sua venda, já ocorrerá, no interior
do bombom, a inversão da sacarose com formação de
uma mistura de glicose e frutose. Fortuitamente,
esses açúcares de seis carbonos são mais solúveis em
água do que o de doze carbonos e, então, como
conseqüência de sua dissolução na água, existente na
pasta, a mistura passa a ser mais doce e ter uma
consistência de líquido. Vale lembrar que a doçura
da glicose e da frutose em relação à sacarose é de,
respectivamente, 0,74 e 1,74. Fazendo-se a média,
temos que a doçura relativa da mistura de iguais
proporções dos dois monossacarídeos é (0,74 + 1,74)
/ 2 = 1,24 maior que a sacarose.

[10]
A luz comum (ou natural) é formada por ondas
eletromagnéticas, sendo que as ondas elétricas
vibram em um plano e as magnéticas em outro,
sempre perpendiculares entre si. Além disso, à
medida que a luz “caminha”, estes dois planos
giram em torno do seu próprio eixo de
propagação, em todos os planos. A luz polarizada
nada mais é do que a seleção de um destes planos
da luz, através de um equipamento denominado
“polarizador”.
|
|