PROFESSOR

PAULO CESAR

PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA
 

DICAS PARA O SUCESSO NO VESTIBULAR: AULA ASSISTIDA É AULA ESTUDADA - MANTER O EQUILÍBRIO EMOCIONAL E O CONDICIONAMENTO FÍSICO - FIXAR O APRENDIZADO TEÓRICO ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS.

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Fissão Nuclear
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Energia de Ligação Nuclear

     Dado um núcleo qualquer, a energia liberada quando da sua formação a partir dos seus prótons e nêutrons separados de uma distância infinita ou, o que dá no mesmo, a energia que deve ser fornecida a esse núcleo para separar seus prótons e nêutrons de uma distância infinita é o que se chama de energia de ligação de tal núcleo.
     Por outro lado, a relação E = mc2, que Einstein demonstrou em 1905 e que já está verificada por um grande número de experimentos, significa que se um dado sistema ganha uma certa quantidade de energia E, sua massa aumenta de uma quantidade dada por E / c2, e inversamente, se um dado sistema perde uma certa quantidade de energia E, sua massa fica diminuída de uma quantidade dada por E / c2. Aqui, c representa o módulo da velocidade da luz no vácuo.
     Então, sendo E a energia de ligação de um núcleo com Z prótons e ( A
- Z ) nêutrons, de massa M(Z,A), pode-se escrever:

     Zm(p) + ( A
- Z )m(n) = M(Z,A) + E / c2

onde m(p) e m(n) são, respectivamente, as massas do próton e do nêutron. Daí, a energia de ligação fica:

     E = [ Zm(p) + ( A
- Z ) m(n) - M(Z,A) ] c2

     Assim, com as massas determinadas experimentalmente, a energia de ligação de qualquer núcleo pode ser determinada.
     Por exemplo,como:

     m(p) = 1,0078 u
     m(n) = 1,0087 u
     m(
α) = 4,0026 u
     uc2 = 931,4815 MeV

a energia de ligação da partícula
a, ou seja, de um núcleo de hélio 4, fica:

     E(
α) = [ 2 ( 1,0078 ) + 2 ( 1,0087 ) - 4,0026 ] ( 931,4815 MeV ) = 28,3170 MeV

     Como outro exemplo, seja a energia de ligação de um núcleo de lítio 6, cuja massa vale 6,0151 u:

     E(Li) = [ 3 ( 1,0078 ) + 3 ( 1,0087 )
- 6,0151 ] ( 931,4815 MeV ) = 32,0430 MeV

     Relativamente à dissociação completa, o núcleo de lítio 6 é mais estável do que a partícula
a. Contudo, as estruturas nucleares não se dissociam completamente em seus núcleons individuais. No caso de um núcleo naturalmente radioativo (núcleo pai), pode acontecer a dissociação espontânea em um núcleo menor (núcleo filho) e uma partícula
α.
     Por exemplo:

     226Ra88 222Rn86 +
α

     Como:

     m(Ra) = 226,0254 u
     m(Rn) = 222,0175 u
     m(
α) = 4,0026 u

vem:

     E(Ra) = [ 88 ( 1,0078 ) + ( 226
- 88 ) 1,0087 - 226,0254 ] 931,4815 MeV
          = 1734,0460 MeV

     E(Rn+
α) = [ 88 ( 1,0078 ) + ( 226 - 88 ) 1,0087 - 222,0175 - 4,0026 ] 931,4815 MeV
          = 1738,9828 MeV

     Como a energia de ligação do núcleo de rádio 266 é menor do que a soma das energias de ligação do núcleo de radônio 222 e da partícula
α, a reação indicada acima é realmente espontânea.
     Deve-se observar que:

     E(Rn+
α) - E(Ra) = [ - 222,0175 - 4,0026 + 226,0254 ] 931,4815 MeV = 4,9369 MeV

     A massa do núcleo de rádio 226 é maior do que a soma das massas do núcleo de radônio 222 e da partícula
α. Levando em conta a relação E = mc2, isto significa, em termos energéticos, que o sistema no estado inicial tem uma energia maior do que no estado final, ou seja, o sistema passa de um estado a outro de menor energia e, portanto, mais estável.
     Por outro lado, em termos da energia de ligação, a diferença E(Rn+
α) - E(Ra), sendo positiva, indica que, para separar o sistema em seus constituintes básicos, a energia necessária é maior no estado final e, portanto, este é mais estável.
     De qualquer modo, a reação indicada acima é espontânea.
     Agora, seja a reação:

     107Ag47 103Rh45 +
α

e sendo:

     m(Ag) = 106,9041 u
     m(Rh) = 102,9048 u
     m(
a) = 4,0026 u

vem:

     E(Rh+
α) - E(Ag) = [ - 102,9048 - 4,0026 + 106,9041 ] 931,4815 MeV = - 3,0739 MeV

     A massa do núcleo de prata 107 é menor do que a soma das massas do núcleo de ródio 103 e da partícula
a. Levando em conta a relação E = mc2, isto significa, em termos energéticos, que o sistema no estado inicial tem uma energia menor do que no estado final, ou seja, o sistema passaria de um estado a outro de maior energia e, portanto, menos estável.
     Por outro lado, em termos da energia de ligação, a diferença E(Rh+
α) - E(Ag), sendo negativa, indica que, para separar o sistema em seus constituintes básicos, a energia necessária é menor no estado final e, portanto, este seria menos estável.
     Assim, de qualquer modo que se pense, a reação indicada não é espontânea. O núcleo de prata 107 não pode decair espontaneamente por emissão de partícula
α.
     O que foi mostrado é que a radioatividade natural por decaimento
α pode acontecer quando a massa do núcleo pai é maior que a soma das massas do núcleo filho e da partícula α.
     O mesmo tipo de argumento pode ser feito para discutir a emissão de elétrons ou pósitrons no decaimento
b.

     Energia de Ligação por Núcleon

     Uma indicação da estabilidade nuclear resultante das interações coulombiana e nuclear forte é dada pelo gráfico da energia de ligação por núcleon, E / A, em função do número de núcleons, A. O gráfico de E / A contra A inclui tanto núcleos estáveis quanto núcleos radioativos.

 

     O núcleo com a menor energia de ligação por núcleon é o do hidrogênio 2 (deutério) e o núcleo com a maior energia de ligação por núcleon é o do ferro 56. Assim, esse gráfico tem um máximo em A 56.
     Os núcleons são mantidos juntos pela interação nuclear, de caráter atrativo, apesar do efeito contrário da interação coulombiana, de caráter repulsivo, entre os prótons.
     Como E / A varia muito pouco com o aumento de A, para núcleos não muito pequenos, cada núcleon deve interagir atrativamente pela interação nuclear apenas com um certo número de outros núcleons de sua vizinhança imediata, e esse número é independente de A.
     A diminuição lenta de E / A para A > 56 é conseqüência do aumento do número de prótons com o aumento de A e do alcance infinito da interação coulombiana, com cada próton interagindo repulsivamente com todos os outros prótons do núcleo.
     A diminuição é lenta, apesar do efeito depender do número total de pares de prótons, porque a interação coulombiana é cerca de 100 vezes menos intensa que a interação nuclear.
     Por outro lado, para núcleos com A < 56, E / A diminui cada vez mais rapidamente com a diminuição de A porque, então, diminui cada vez mais rapidamente o número de núcleons na vizinhança imediata de qualquer núcleon, onde a interação nuclear é efetiva.
     Assim, enquanto a interação nuclear contribui para a estabilidade do núcleo, a interação coulombiana contribui para a sua desestabilização.
     Como o gráfico da energia de ligação por núcleon em função do número de núcleons apresenta um máximo em A 56, tanto processos de fusão de núcleos leves quanto processos de fissão de núcleos pesados podem levar a liberação de energia e podem, portanto, servir de fundamento tanto para a construção de reatores de geração de energia quanto para a construção de bombas com extremo poder de destruição.

     Fusão Nuclear

     Fusão nuclear é o processo de formação de um núcleo a partir da colisão e posterior junção de dois núcleos menores.
     Os núcleos que colidem devem ter, inicialmente, uma energia cinética que lhes permita se aproximar contra a repulsão coulombiana o suficiente para que a interação nuclear forte passe a ser efetiva e mais importante.
     Como a repulsão coulombiana é tanto mais importante quanto maior a carga elétrica dos núcleos em colisão, a fusão nuclear pode ser provocada com mais facilidade entre núcleos com número pequeno de prótons.
     De qualquer modo, a fusão nuclear com liberação de energia só ocorre se o número de núcleons do núcleo resultante é menor ou da ordem de 56.
     A título de exemplo, seja a fusão de dois núcleos de oxigênio 16 para formar um núcleo de enxofre 32:

     16O + 16O 32S

     Pela observação do gráfico E / A contra A tem-se aproximadamente 7,8 MeV e 8,6 MeV, respectivamente, para a energia de ligação por núcleon para os núcleos de oxigênio 16 e de enxofre 32. Assim, as energias de ligação dos sistemas inicial e final são:

     E(O+O) = 2 ( 16 )( 7,8 MeV ) = 249,9 MeV

     E(S) = 32 ( 8,6 MeV ) = 275,2 MeV

     Ao passar do estado inicial para o final, o sistema sofre uma variação de energia dada por:

     
ΔE = E(S) - E(O+O) = 25,6 MeV

     Como
ΔE > 0, a energia de ligação do núcleo resultante é maior do que a soma das energias de ligação dos núcleos iniciais.
     Em outras palavras, como uma energia de 275,2 MeV deve ser fornecida ao sistema no estado final (núcleo de enxofre 32) para separá-lo em núcleons infinitamente separados e uma energia de 249,6 MeV deve ser fornecida ao sistema no estado inicial (dois núcleos de oxigênio 16) para separá-lo em núcleons infinitamente separados, o sistema deve ter perdido (liberado) uma energia de 25,6 MeV.
     Esse resultado se deve ao fato de as energias de ligação por núcleon dos núcleos iniciais serem menores do que a energia de ligação por núcleon do núcleo final, ou seja, a fusão nuclear com liberação de energia só ocorre se o número de núcleons do núcleo resultante é menor ou da ordem de 56, já que a curva E / A contra A tem máximo em A 56.

     Fissão Nuclear

     Fissão nuclear é o processo de divisão de um núcleo em dois núcleos menores, de tamanho comparável.
     Os núcleos com um grande número de núcleons estão sujeitos à fissão espontânea, com uma probabilidade muito pequena, e sujeitos à fissão induzida por captura de nêutrons, com uma probabilidade maior.
     A título de exemplo, seja a reação de fissão de um núcleo de urânio 235 em um núcleo de rubídio 97 e um núcleo de Césio 137:

     n + 235U [ 236U ] 97Rb + 137Cs + 2n

     Pela observação do gráfico E / A contra A tem-se aproximadamente 7,7 MeV e 8,6 MeV e 8,2 MeV, respectivamente, para os núcleos de urânio 236 e rubídio 97 e césio 137. Assim, as energias de ligação dos sistemas inicial e final são:

     E(U) = 236 ( 7,7 MeV ) = 1817,2 MeV

     E(Rb+Cs+2n) = 97 ( 8,6 MeV ) + 137 ( 8,2 MeV ) + 2 ( 7,7 MeV ) = 1973,0 MeV

     Ao passar do estado inicial para o final, o sistema sofre uma variação de energia dada por:

     
DE = E(Rb+Cs+2n) - E(U) = 1973,0 MeV - 1817,2 MeV = 155,8 MeV

     Como
ΔE > 0, o sistema deve ter perdido (liberado) uma energia de 155,8 MeV.
     Novamente, esse resultado se deve ao fato de a energia de ligação por núcleon do núcleo inicial (o núcleo composto de urânio 236) ser menor do que a soma das energias de ligação por núcleon dos núcleos finais e dos dois nêutrons, ou seja, a fissão nuclear com liberação de energia só ocorre se o número de núcleons dos núcleos resultantes é maior ou da ordem de 56.
     Este cálculo é aproximado e é o que se pode fazer a partir do gráfico considerado. Na realidade, a energia total liberada na reação é maior porque os núcleos resultantes são instáveis e decaem, posteriormente, por emissão de elétrons, neutrinos e raios
g.

Física Nuclear

 

 

 

 

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Este site foi atualizado em 02/02/11