PROFESSOR

PAULO CESAR

PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA
 

DICAS PARA O SUCESSO NO VESTIBULAR: AULA ASSISTIDA É AULA ESTUDADA - MANTER O EQUILÍBRIO EMOCIONAL E O CONDICIONAMENTO FÍSICO - FIXAR O APRENDIZADO TEÓRICO ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS.

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Por que alguém engorda?

O controle do peso é um assunto que desperta cada vez mais interesse. Calcula-se que 1 em cada 2 pessoas tentem emagrecer em alguma fase da vida. Aquelas que não precisam perder peso quase sempre se interessam em aprender, porque têm algum parente próximo com o problema.
Esta Enciclopédia do Emagrecimento traz informações essenciais para quem se preocupa em conhecer os mais recentes avanços da Ciência Médica que podem auxiliar no controle do peso.

 

O EXCESSO DE PESO NO BRASIL E NO MUNDO

A obesidade é classificada pela Organização Mundial de Saúde como uma epidemia global. Pela primeira vez na história da espécie humana, o número de pessoas com excesso de peso ultrapassou o de desnutridos – 1 bilhão e 200 milhões em todo o mundo. Os números são alarmantes. Países que até pouco tempo só se preocupavam com a fome e a escassez de alimentos já apresentam um crescimento alarmante no número de obesos. O Brasil é um bom exemplo – 1 em cada 3 brasileiros já estão com o peso acima do considerado normal.

 

NÚMEROS DA EPIDEMIA

Durante muito tempo a obesidade foi considerada um problema de ricos. Acreditava-se que nos países em desenvolvimento os governos só devessem se preocupar com a miséria e a fome. Nos últimos anos, enquanto continua crescendo de forma explosiva a obesidade nos países ricos, ocorre entre os menos desenvolvidos um fenômeno chamado de transição nutricional. À medida que se consegue erradicar a miséria entre as populações de mais baixa renda, surge a obesidade como um problema de saúde pública mais freqüente e mais grave que a própria desnutrição.

A figura mostra como aumentou a prevalência da obesidade no Brasil em um período de apenas 15 anos. Em 1974, 8,6% da população tinham um peso abaixo do normal, enquanto apenas 5,7 % eram obesos. Em 1989, o baixo peso caiu a menos da metade (4,2%) e a obesidade mais do que duplicou, passando a atingir quase 10% da população.

Mesmo entre os mais pobres a obesidade já é mais freqüente que a desnutrição. Pode-se ver no gráfico que, nas favelas da grande São Paulo, já vivem mais obesos do que desnutridos.

 

Quando se observa o que acontece em outros países que estão em vias de reduzir seus índices de desnutrição, nitidamente a obesidade vai surgindo e tornando-se mais freqüente, conforme se começa a erradicar a fome.

O gráfico mostra nas barras em vermelho (‘a direita) o percentual da população de cada país com excesso de peso. As barras ‘a esquerda, em amarelo, representam o percentual da mesma população com peso abaixo do normal. Percebe-se nitidamente que, naqueles países onde os índices de desnutrição começam a decrescer, o excesso de peso atinge um percentual cada vez maior da população.

Quais as causas da epidemia de obesidade?

Sabe-se hoje que o excesso de peso decorre tanto de fatores genéticos como de fatores chamados ambientais. Certamente as causas genéticas são muito importantes. A obesidade resulta da interação destes genes com um meio ambiente que favorece cada vez mais a deposição de gordura no organismo. Quando se analisa uma pessoa obesa, os fatores genéticos podem ser até mais importantes que os ambientais. Para explicar-se a epidemia, no entanto, logicamente deve-se procurar entre os fatores ambientais a causa, já que o patrimônio genético da espécie humana não poderia ter-se modificado significativamente em um período de poucas décadas.

Entre as causas chamadas ambientais, destacam-se como mais importantes:

1. Ingestão alimentar excessiva ou inadequada.

2. Inatividade física.

Para algumas populações a consumo exagerado de calorias ou de gorduras pode ser o principal fator. Veja, por exemplo, como aumentou no Brasil o percentual de gorduras ingeridas na alimentação. Especialmente em algumas capitais do nordeste, onde um maior número de desnutridos passou a ter acesso à comida, observa-se um aumento de mais de 100% na proporção de gorduras consumidas.

 PROPORÇÃO DE ENERGIA OBTIDA DE GORDURA
AVALIAÇÃO EM CIDADES BRASILEIRAS (1974-1989)

Para outras populações, é provável que a inatividade física seja o fator dominante. Vejamos o exemplo dos britânicos. Nas últimas décadas seu consumo calórico diário diminuiu em média 750 calorias. Neste mesmo período, no entanto, estima-se que o gasto energético tenha diminuído em 800 calorias diárias. Esta diferença de apenas 50 calorias seria suficiente, em teoria, para fazer alguém ganhar 2 quilos de peso em 1 ano. A prevalência de obesidade na Grã-Bretanha duplicou em um período de apenas 20 anos.

MUDANÇA NO BALANÇO ENERGÉTICO DOS BRITÂNICOS EM 20 ANOS

 

São vários os fatores ambientais que contribuem para uma diminuição do gasto energético. Os ítens de conforto, como controles remotos, telefones sem fio, e escadas rolantes, podem diminuir significativamente o consumo diário de calorias. O hábito de ver televisão e utilizar computadores também desempenha um papel importante no condicionamento de hábitos de vida cada vez mais sedentários.

Além dos excessos alimentares e da inatividade física, outros fatores também têm sido relacionados com a obesidade humana.

1.    Estresse

Quando alguém é submetido a um estresse crônico, principalmente se responder a isto com sintomas ansiosos e depressivos, pode apresentar uma hiperatividade das glândulas supra-renais, com aumento da liberação do hormônio cortisol. Sabe-se hoje que o cortisol favorece o acúmulo de gordura na região interna do abdome, que é justamente a que causa maiores riscos para a saúde.

2.    Vírus

Alguns tipos de vírus parecem estar realmente ligados à obesidade humana. Os mais estudados têm sido o AD 36 e o SMAM 1, que têm sido muito investigados em animais e humanos. Não há, entretanto, qualquer aplicação prática que se possa extrair destes estudos até o momento.

3.    Desnutrição intra-uterina

Diversas pesquisas têm demonstrado que, quando a mãe passa por uma privação alimentar durante a gravidez, seu filho que nasce de baixo peso tem um maior risco de se transformar um adulto obeso com o quadro da síndrome metabólica, que pode envolver diabetes, hipertensão arterial, aumento de colesterol e doença coronariana. Teoricamente, o filho de uma gestante que restringir exageradamente sua alimentação durante a gravidez terá um risco maior de apresentar problemas relacionados com a obesidade na vida adulta.

 

MAS POR QUE EU ENGORDO? 

Quando se tenta identificar a causa ou as causas que levaram alguém a engordar, a situação é muito diferente. Aqui já passa a ser fundamental avaliar a tendência que a pessoa tem para ganhar peso. Esta tendência pode ser decorrente de uma dificuldade em controlar a alimentação ou uma propensão maior do metabolismo para armazenar sob a forma de gordura qualquer excesso de calorias ingeridas.

 

Tendência para comer demais

Durante muito tempo se achou que as pessoas comiam demais por uma falha de caráter, por falta de força de vontade ou até por “falta de vergonha”. Infelizmente este preconceito ainda existe, mas a ciência já comprovou que não se trata disso. A espécie humana possui um sistema de regulação de apetite e saciedade extremamente complexo, envolvendo dezenas de substâncias. Qualquer falha em algum destes mecanismos pode levar alguém a comer demais. Logicamente esta pessoa não tem culpa. Ela provavelmente é vítima de alguns genes que condicionam uma deficiência no controle alimentar e de um meio ambiente que oferece e estimula o consumo de alimentos cada vez mais tentadores e engordativos. Pode-se ver na figura algumas das substâncias envolvidas com o controle da alimentação.

Do lado esquerdo da balança vemos os principais estimulantes da ingestão de alimentos. Em letras maiores os mais importantes. O NPY (neuropeptídeo Y) parece ser o mais potente de todos. Algumas pesquisas estão tentando desenvolver substâncias que bloqueiem sua ação para serem utilizadas como remédios para emagrecer no futuro.

Entre os que diminuem a ingestão de alimentos, destaca-se a leptina. Descoberta em 1994, parecia a promessa de um remédio milagroso, que resolveria o problema da obesidade. Depois de muitas pesquisas, já se sabe que não é bem assim. Ela só é muito eficaz para pessoas com deficiência genética da sua produção, e isto é raríssimo. Mas pode ser, dentro de alguns anos, uma alternativa a mais para auxiliar no tratamento de alguns casos.

 

Tendência para engordar, mesmo comendo pouco

Muitas pessoas, no entanto, têm uma enorme dificuldade para emagrecer, mesmo comendo pouco. Vários fatores metabólicos podem causar esta propensão para o armazenamento da gordura. Vejamos alguns exemplos. Existe em nosso organismo uma enzima chamada lípase lipoprotéica. Esta enzima participa do processo de armazenamento da gordura corporal. As pessoas que apresentam uma atividade aumentada desta enzima tenderão a ganhar peso, mesmo sem cometerem exageros alimentares.

Outro fator metabólico que pode explicar a tendência para engordar é uma proteína conhecida pela sigla de UCP (uncoupling protein ou proteína desacopladora). Esta proteína participa de processos de dissipação de energia no organismo. Quem tiver

uma menor atividade destas proteínas também tenderá a ganhar peso com mais facilidade.

 

O QUE É EXCESSO DE PESO? E OBESIDADE?

A definição que tem sido adotada em todo o mundo está baseada na classificação atual da Força Tarefa Internacional de Obesidade (FTIO), órgão ligado à Organização Mundial de Saúde.

Ela está baseada em estudos que mostram um maior risco de morte quanto maior for o excesso de peso. O gráfico mostra a taxa de mortalidade em função do índice de massa corporal (IMC). Observe que a partir de 25 kg/m2 de IMC já começa a aumentar o risco de morte. Quando se ultrapassa o limite de 30 kg/m2 este risco aumenta de forma mais acentuada, tornando-se elevadíssimo quando se ultrapassa a marca de 40 kg/m2. É a chamada obesidade mórbida, atualmente chamada de classe III ou grau III. As principais doenças que freqüentemente se associam com a obesidade e contribuem para este aumento de risco são o diabetes, a hipertensão arterial, a doença coronariana e diversos tipos de câncer.

 

CATEGORIA

IMC

RISCO DE COMPLICAÇÕES

Abaixo do Peso

Abaixo de 18,5

Baixo (mas risco aumentado de outros problemas clínicos)

Peso Normal

18,5 - 24,9

Médio

Pré-obeso

25,0 - 29,9

Ligeiramente aumentado

Obeso classe I

30,0 - 34,9

Moderado

Obeso classe II

35,0 – 39,9

Grave

Obeso classe III

> 40,0

Muito grave

 

 

Como calcular seu IMC

O índice de massa corporal tem sido largamente utilizado para determinar a faixa ideal de peso. Este índice pode ser obtido dividindo-se o peso corporal pelo quadrado da altura em metros. Por exemplo: uma pessoa que pese 75 Kg com uma altura de 1,68m, tem um IMC de 26,6 kg/m2, (75 divididos pelo quadrado de 1,68).

 

 

Apesar de não discriminar os componentes gordo e magro da massa corporal total, o IMC é o método mais utilizado para avaliação do grau de risco associado à obesidade, já que diversos estudos demonstram uma íntima relação entre IMC aumentado e risco de doenças.

Se você não quiser fazer contas, use este nomograma para o cálculo do Índice de Massa Corporal. Basta colocar uma régua cruzando as colunas de peso e altura nos pontos correspondentes às suas medidas. O ponto onde esta reta interceptar a coluna central representará a sua medida de IMC.

 

Como interpretar seu resultado de IMC

Até 18,4 kg/m2:

Você está com o peso abaixo do normal. Consulte um especialista para saber se há algum problema com sua saúde que esteja causando este peso abaixo do normal, ou se o peso abaixo do normal pode estar de alguma forma ameaçando sua saúde.

18,5 a 24,9:

Seu peso está dentro da faixa considerada normal pela Organização Mundial de Saúde. Esta faixa vai de 18,5 a 24,9 de índice de massa corporal (IMC). Algumas pessoas, no entanto, já podem ter um maior risco de problemas metabólicas mesmo dentro desta faixa, principalmente se acumularem gordura na região interna do abdome. Uma maneira simples de avaliar isto é medir a circunferência da cintura. Mais de 80 cm de cintura em mulheres e 94 cm em homens podem indicar um possível excesso de gordura no interior do abdome.

Riscos à parte, muita gente que se encontra nesta faixa de peso considerada normal tenta emagrecer, principalmente por razões estéticas. Para estas pessoas recomenda-se apenas um planejamento alimentar saudável e a prática regular de atividades físicas. Os remédios para emagrecer em princípio não estão indicados.

24,5 a 29,9:

Você está dentro da faixa chamada de pré-obesidade pela Organização Mundial de Saúde. Sabe-se que este peso já pode representar um risco considerável para a saúde. Se você também está com a pressão alta, diabetes ou aumento de colesterol, os remédios para emagrecer serão indicados se você não conseguir emagrecer sem eles. Nunca utilize nenhum deles sem um acompanhamento médico cuidadoso. Mesmo utilizando medicamentos, lembre-se de que é muito importante um planejamento alimentar e a prática de atividades físicas. A eficácia dos medicamentos aumenta muito quando estes fundamentos não são esquecidos.

30,0 a 34,9:

Você está na faixa de peso denominada “obesidade classe I” pela Organização Mundial de Saúde. Esta faixa vai de 30 a 34,9 kg/m2 de IMC. Seu peso já está causando um risco aumentado para várias doenças, incluindo o diabetes, a hipertensão arterial, o infarto do miocárdio e diversos tipos de câncer. Sua obesidade, por si só, já é considerada uma doença e necessita ser tratada com remédios. Procure seu médico para uma orientação adequada. Nunca utilize medicamentos sem acompanhamento médico, e lembre-se de que é muito importante um planejamento alimentar e a prática de atividades físicas. A eficácia dos medicamentos aumenta muito quando estes fundamentos não são esquecidos.

35,0 a 39,9:

Você está na faixa de peso denominada “obesidade classe II” pela Organização Mundial de Saúde. Esta faixa vai de 35 a 39,9 kg/m2 de IMC. Seu peso já está causando um risco muito aumentado para várias doenças, incluindo o diabetes, a hipertensão arterial, o infarto do miocárdio e diversos tipos de câncer. Sua obesidade, por si só, já é considerada uma doença e necessita ser tratada com remédios. Se você além disso tem também diabetes, hipertensão arterial ou outra complicação importante da obesidade, a cirurgia para emagrecer pode ser a melhor solução para o seu caso. Procure seu médico para uma orientação adequada.

40 ou mais

Você está na faixa de peso denominada “obesidade classe III” pela Organização Mundial de Saúde. Esta categoria engloba todos as pessoas com mais de 40 kg/m2 de IMC. Muitas vezes é chamada também de obesidade mórbida. Seu peso já está causando um risco altíssimo para várias doenças, incluindo o diabetes, a hipertensão arterial, o infarto do miocárdio e diversos tipos de câncer. A obesidade neste grau é considerada uma doença grave e necessita ser tratada com todos os recursos disponíveis, incluindo os remédios e a cirurgia para emagrecer. Procure seu médico para uma orientação adequada.

 

Métodos para avaliar a composição corporal

Além do IMC e das medidas de circunferência (cintura e quadril), outros métodos podem ser utilizados para avaliar a composição corporal. Alguns são utilizados apenas em pesquisas e outros são pouco empregados na prática por seu elevado custo. Por não serem utilizados no dia-a-dia dos tratamentos para emagrecer, não vamos nos deter em alguns destes métodos: a pesagem hidrostática, a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e o DEXA (densitometria).

Método

Custo

Precisão

Regionalização

IMC

$

++

-

DOBRAS CUTÂNEAS

$

+

+

CIRCUNFERÊNCIA

$

++

++

BIOIMPEDÂNCIA

$$

+++

-

 

Como podemos ver na tabela, o IMC, as dobras cutâneas e as circunferências sào métodos de baixíssimo custo. Para determinação do percentual de gordura corporal a bioimpedância é um pouco mais precisa, mas tem as desvantagens do custo e de não permitir a regionalização da gordura, ou seja, não consegue discernir em que partes do corpo a gordura está se acumulando mais.

A medida das dobras cutâneas, apesar de permitirem alguma regionalização da gordura, tem o inconveniente da dificuldade técnica de medida. Dependendo de como se faz a medição, o resultado pode variar muito, mesmo que executada pelo mesmo avaliador.

Para fins práticos, podemos dizer que a simples combinação da medida do IMC com a medida da circunferência da cintura permite uma avaliação muito boa do grau de risco metabólico do indivíduo.

Existem várias técnicas para se medir a circunferência da cintura. A mais utilizada tem sido a medida da menor circunferência abdominal.

O valor da medida de circunferência que indica excesso de gordura abdominal visceral deve ser determinado para cada população. Para aborígenes australianos, por exemplo, o valor é diferente do encontrado entre os brancos australianos. Infelizmente ainda não temos estudos indicando de forma segura qual o limite de circunferência de cintura que indica excesso de gordura abdominal visceral na população brasileira. Utilizamos, então, limites determinados em pesquisas estrangeiras. Considera-se indicativo de excesso de gordura abdominal visceral em homens uma cintura superior a 94 cm. Em mulheres, uma medida acima de 80 cm já pode indicar risco.

 

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Este site foi atualizado em 04/03/19