PROFESSOR PAULO CESAR |
PORTAL DE ESTUDOS EM QUÍMICA |
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TIPOS DE ÁGUAS
As águas que constituem os oceanos, mares, rios, lagos, etc., são chamadas naturais. Essas águas são impuras porque apresentam em dissolução sais, gases, microrganismos, matéria orgânica, etc. As águas naturais são chamadas de minerais quando se apresentam muito ricas em compostos salinos inorgânicos.
Assim se denominam aquelas águas que, pela qualidade ou quantidade de certas substâncias dissolvidas nelas naturalmente dissolvidas, podem exercer ação terapêutica. Algumas devem ainda às suas virtudes em relação à temperatura com que se apresentam, podendo esta ser as vezes muito elevada. A de Claudes Aigues, na França, é de 81°C, e a do Geyser da Islândia atinge 100°C. Tais águas denominam-se Termais, e as outras, por oposição, são chamadas frias. As águas minerais dividem-se em cinco grupos, dos quais uns se caracterizam apenas pela predominância quantitativas de certas substâncias e outros pela existência de princípios ativos com fins medicinais. è Águas acidulas ou gasosas ou carbônicas: o seu caráter ácido é devido a existência de gás carbônico dissolvido em quantidade muito superior que poderia comportar a pressão atmosférica: H2O(ℓ) + CO2(g) ⇌ H2CO3(aq) ⇌ H+(aq) + HCO3-(aq) Essas águas, carregadas de gás carbônico nas camadas profundas do solo, onde são favoráveis as condições de pressão, enfraquecem com rapidez produzindo a efervescência, até chegar a superfície (é exatamente o que acontece quando se abre uma garrafa de água gaseificada), como as águas gasosas de São Lourenço, Caxambu, Cambuquira, etc. è Águas alcalinas: estas águas devem as suas propriedades principalmente ao bicarbonato de sódio (NaHCO3) que está presente junto com excesso de gás carbônico. Os ânions bicarbonato (HCO3-) e hidróxido (OH‑) são os responsáveis pela alcalinidade da água: NaHCO3 + H2O ⇌ NaOH + H2CO3 Na+ + HCO3- + H2O ⇌ Na+ + OH- + H2O + CO2 HCO3- ⇌ OH- + CO2 Estas águas são frias (Caxambu, São Lourenço, Prata, etc.), também existem as quentes como de Caldas Novas em Goiás (43-45°C). è Águas salinas: Pertencem a este grupo as águas em que apresentam certos ânions tais como: sulfatos (SO42-), cloretos (Cℓ-), brometos (Br-), iodetos (I-), entre outros. Magnesiana: contém sulfato de magnésio (MgSO4) e cloreto de magnésio (MgCℓ2). Sulfatadas: contém sulfato de sódio(Na2SO4) misturado com carbonato de sódio (Na2CO3) e cloreto de sódio (NaCℓ). Cloretadas: o principal composto encontrado é o cloreto de sódio (NaCℓ) que encontra-se dissolvido junto com cloreto de potássio (KCℓ), cloreto de magnésio (MgCℓ2) e cloreto de cálcio (CaCℓ2). Bromo-Iodetadas: certas águas, além de conterem cloretos, possuem também uma pequena porção de brometos e iodetos, cujos efeitos terapêuticos são incontestáveis. è Águas sulfurosas: estas águas, também denominadas de hepáticas, devem as suas propriedades a sulfetos solúveis tais como, sulfeto de sódio (Na2S) e as vezes ao ácido sulfídrico (H2S), que lhes conferem o odor característico de ovos podres. è Águas férreas ou ferruginosas: possuem algum sal de ferro, que lhes confere um sabor adstringente. Carbonatada: o seu princípio ativo é o carbonato de ferro II (FeCO3), dissolvido em excesso de gás carbônico, que tem a vantagem de atenuar o sabor e facilitar a digestão. Sulfatadas: contém o sulfato de ferro II (FeSO4) que confere um sabor desagradável ao paladar e pesadas ao estômago.
Estas águas resultam da acumulação em camadas de rochas impermeáveis, geralmente após percorrer grandes extensões. É um agente químico e físico das rochas. Trazem em razão disto, quase sempre muitas substâncias dissolvidas como sais minerais, matérias orgânicas, substâncias em suspensão, gases, etc. Por via de regra são águas de bom aspecto (límpidas e transparentes). Quando atravessa terrenos calcários, pode apresentar-se dura (bicarbonato de cálcio). Algumas vezes apresentam grandes quantidades de sais dissolvidos (ferro, manganês, zinco, etc.) que tornam impróprias para o abastecimento e também para o uso industrial. Estas águas podem aflorar em terrenos baixos, ou podem ser obtidas por perfuração de poços. Mais de 90% das águas doces disponíveis são de origem subterrânea. Pode-se avaliar daí a grande reserva de água potável que representa o subsolo. As águas subterrâneas são identificadas de duas formas: o freático e o artesiano. O primeiro está situado na zona não-saturada, fica nas proximidades da superfície, diante disso as águas ficam propícias à contaminação. O segundo se encontra na zona-saturada, um pouco afastado da superfície, em virtude dessas características se faz necessária a construção de poços artesianos para retirar água desses locais.
São águas dos rios e dos lagos, e também aquelas provenientes de minas, da chuva ou do degelo, que percorrem uma grande extensão de superfície antes de chegar ao mar, lago ou rio. Estas águas são geralmente de baixa dureza. Normalmente, se enriquecem de sais solúveis e trazem detritos e materiais em suspensão. Certos lagos são enriquecidos com águas superficiais carregadas de sais dissolvidos. São os chamados lagos salgados, os quais, seja efeito do terreno, seja por serem provenientes de antigos mares, ou pela evaporação contínua, alcançam uma elevada concentração de sais dissolvidos que chegam a alcançar mais de 20% como o Mar Morto, Mar Cáspio e o grande lago salgado (EUA).
O mar morto é um lago salgado enorme, com área de aproximadamente 1000 Km². À medida que a água do mar morto evapora a concentração de sais dissolvidos aumenta e por consequência a densidade também aumenta. No mar morto a densidade chega a ser maior que a densidade do corpo humano, impossibilitando uma pessoa de afundar em suas águas, gerando uma situação inusitada como é possível observar na foto acima. Como a quantidade de sal é muito grande não existe forma de vida em suas águas, daí o nome: Mar Morto.
São águas de maior concentração salina, podendo apresentar até 35 g/L. contém aproximadamente 3,5% de sais dissolvidos, dos quais, 2,7% são de cloreto de sódio, e o restante está distribuído entre compostos de 30 elementos químicos como: potássio, bromo, iodo, magnésio, cálcio, entre outros. Exerce uma forte ação corrosiva sobre os metais, podendo todavia ser usada como água de refrigeração.
Podem conter dissolvidos: ácido nítrico, ácido nitroso, gás carbônico, nitrogênio, oxigênio, etc., todos originários da atmosfera. Do mesmo tipo, são as águas procedentes da neve. A água da chuva é a água natural mais pura (3 mg de resíduos).
Água destilada é água que foi obtida por meio da destilação (condensação do vapor de água obtido pela ebulição ou pela evaporação) de água não pura (que contém outras substâncias dissolvidas). Enquanto que a água que bebemos (água potável) é, em termos gerais, uma solução, a água destilada é, em princípio, uma substância pura. É a água utilizada em laboratório ou industrialmente como reagente ou solvente, sendo também utilizada nas baterias dos automóveis e nos ferros de "engomar" a vapor (por forma a evitar a deposição de calcário). Contém unicamente moléculas de água. Pode ser produzido em laboratório, por meio da combustão do gás hidrogênio. Na Natureza, ela ocorre sob a forma de chuva. Também poderá ser considerada destilada a água recolhida dos desumidificadores e a libertada pelos aparelhos de ar condicionado. Apesar de a água destilada ser normalmente considerada uma substância pura, toda a água que esteja em contato com a atmosfera irá dissolver dióxido de carbono (entre outros gases). Na prática, muito dificilmente poderemos assegurar a pureza total de uma água destilada. Isto pode ser comprovado pelo fato de a água da chuva apresentar um pH inferior a 7 unidades, isto é, ligeiramente ácido, e não neutro (pH = 7) como seria caso a água fosse efetivamente pura. Note-se que a água da chuva é naturalmente acidificada pela absorção do dióxido de carbono atmosférico, não estando este fato dependente da libertação de gases poluentes (apesar de poder ser agravado) originando a chuva ácida. A água destilada pode ser consumida sem quaisquer problemas desde que a alimentação contenha os íons necessários ao nosso organismo. É até possível que o consumo de água destilada possa prevenir ou diminuir o risco de aparecimento de pedras nos rins. Por exemplo, em diversos países da Ásia, são comercializadas diversas marcas de água destilada para consumo humano. No entanto, o consumo desta água desmineralizada não deverá ser assumido como benéfico para toda a gente, uma vez que o seu efeito no organismo dependerá de diversos fatores, a maior parte dos quais não controlamos. Em determinadas situações, poderá provocar carências iônicas e desmineralização.
É a água que foi obtida por meio da deionização. Deionização é um processo utilizado em laboratórios e indústria para produzir solventes puros, isentos de íons, com grande destaque a para a água. Na produção da dita água deionizada procede-se passando a água a tratar por uma coluna com grãos de uma resina de troca iônica.
No caso das resinas de troca catiônica, esta trocará seus íons hidrogênio (H+) por contaminantes catiônicos, como os cátions (cálcio, magnésio, ferro, alumínio, manganês, cobre, zinco, cromo, níquel e outros cátions metálicos e cátions diversos). As resinas aniônicas trocam seus íons hidroxila (OH-) por sua vez pelos contaminantes aniônicos (clorato, clorito, cloreto, sulfato, sulfito, sulfeto, nitrato, nitrito, fosfato, fluoreto e outros ânions, além da sílica). As resinas de troca iônica são polímeros orgânicos geralmente sulfonados e derivados do estireno e do divinilbenzeno, sob a forma de pequenas partículas geralmente esféricas (com diâmetro menor que 0,5 mm). A pureza da água na saída do processo pode ser determinada pela medição de sua condutividade elétrica, que sempre será reduzida de acordo com a eficiência da purificação.
São águas utilizadas para serem consumidas e para uso doméstico. As águas potáveis nunca são puras sob o ponto de vista químico; possuem sempre em solução substâncias, tanto sólidas como gasosas. O abastecimento de água potável é um grande problema, quer seja por razões de saúde pública, que seja pelas implicações econômicas. Dada a dificuldade de se encontrar mananciais em condições de fornecer água potável, torna-se necessário altos custos nas instalações para o tratamento dos mananciais disponíveis. As águas para abastecimento público são provenientes de poços fundos, artesianos, lagos, rios ou ainda de mananciais artificiais. Qualquer água potável, antes do consumo direto, faz-se invariavelmente pesquisas bacteriológicas, testes físicos e testes químicos sobre três aspectos: compostos salinos, gases e matéria orgânica.
¨ COMPOSTOS SALINOS As boas águas potáveis possuem de 150 a 500 mg de compostos salinos por litro. Estes compostos salinos são constituídos principalmente de: bicarbonato de cálcio [Ca(HCO3)2], bicarbonato de magnésio [Mg(HCO3)2], cloretos (Cl1-) e sulfatos (SO42-), que a água vai dissolvendo em sua passagem pelo solo.
¨ GASES As águas potáveis possuem sempre em solução uma certa quantidade de ar atmosférico, que varia entre 25 e 50 cm3/ litro. O papel deste ar é muito importante; porque as águas que não o contém, são pesadas e indigestas. Os gases dissolvidos consistem em oxigênio, nitrogênio e gás carbônico; mas a sua proporção é diversa, porque, sendo o gás carbônico e o oxigênio mais solúveis do que o nitrogênio, a sua proporção torna-se maior no líquido do que na atmosfera.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DAS ÁGUAS PARA O ABASTECIMENTO ASPECTO.............................................................. Límpido ODOR........................................... Nenhum ou levemente a cloro COR........................................................ Recomendável até 10 TURBIDEZ.......................................................................Até 5 RESÍDUO SECO........................................................Até 500 ppm OXIGÊNIO CONSUMIDO..............................................Até 2,5 ppm FERRO................................................................... Até 0,3 ppm CLORETOS................................................... Até 50 ppm, em cloro NITRATOS.................................................................Até 10 ppm CLORO................................................................... Até 0,3 ppm Os cloretos e nitratos (também nitritos e amônia) indicam, quando elevados, uma poluição da água. Deverão ser isentos de germes patogênicos e de coliformes.
PURIFICAÇÃO DA ÁGUA PARA OBTENÇÃO DA ÁGUA POTÁVEL PARA O ABASTECIMENTO DAS CIDADES As águas dos rios ou lagos são filtradas, em filtros de areia, ficando eliminadas as impurezas em suspensão; as bactérias patogênicas, como as responsáveis pelo tifo e cólera, são eliminadas por tratamento com cloro (bactericida). Este processo de purificação não elimina os sais dissolvidos, os quais são necessários ao organismo humano, e para dar gosto à água.
Obtenção da água potável nas estações de tratamento. Saiba mais sobre este processo clicando aqui
Entenda melhor como ocorre o processo de purificação da água ÁGUA FILTRADA Entretanto, é recomendável uma filtração doméstica, durante a qual, verificam-se processos de purificação, gaseificação e resfriamento. A purificação ocorre durante a passagem da água pelo filtro de porcelana, e em contato com metais bactericidas como a prata. A gaseificação, que torna a água mais leve, é obtida na queda das gotas, as quais dissolvem mais oxigênio, nitrogênio, gás carbônico, etc. O resfriamento verifica-se durante a vaporização da água nas paredes de barro, pois a vaporização é um fenômeno endotérmico.
Uma água que contém mais de 500 mg de sais calcários por litro, não mata a sede, dificulta a digestão e não pode ser utilizada para alguns fins domésticos, como a lavagem de roupa e o cozimento de legumes. Tais águas, denominadas salobras, pesadas ou duras, recebem mais particularmente o nome de selenitosas, quando possuem sulfato de cálcio (CaSO4) em grande quantidade. Estas águas, podem ser melhoradas, adicionando-se carbonato de potássio (K2CO3), pois, da dupla decomposição entre este sal e o sulfato de cálcio, resultam em carbonato de cálcio, que se deposita e pode ser separado, e sulfato de potássio (K2SO4), que faz com que a água sirva para muitos usos como domésticos como industriais: CaSO4 + K2CO3 ® CaCO3(s) + K2SO4 A água dura não produz espuma com o sabão, porque os sais reagem com o sabão dando um precipitado insolúvel. Os sais mais frequentes nas águas duras são os de cálcio e magnésio: 2 C15H31COONa + Ca(HCO3)2(s) ® (C15H31COO)2Ca(s)+ 2 NaHCO3(aq) PALMITATO DE SÓDIO BICARBONATO DE CÁLCIO PALMITATO DE CÁLCIO BICARBONATO DE SÓDIO SABÃO (ÁGUA-DURA) (INSOLÚVEL)
Os inconvenientes das águas duras são várias, dentre eles podemos citar: as incrustações nas caldeiras que pode provocar uma explosão, uma distribuição heterogênea do calor que pode provocar o fenômeno de calefação, um maior consumo de sabão nas lavagens e na formação de uma crosta branca no fundo das panelas.
Tubulação com presença de incrustação
Dureza da água responsável pela precipitação do sabão
Acumulo de sais depositados provenientes da água dura
Por outro lado, a água dura não é prejudicial à saúde, sendo, ao contrário, um agente de calcificação dos ossos, principalmente dos dentes.
Conforme o tipo de sal que a água possui em dissolução podemos classificá-la em dureza temporária e água de dureza permanente. A primeira é aquela que com facilidade podemos transformá-la de água temporariamente dura em água mole (águas com pequena porcentagem de bicarbonato de cálcio ou de magnésio). A segunda é aquela que só com processos especiais podemos transformá-la de água permanentemente dura em água mole (águas que contém sulfatos de cálcio e magnésio). ASSISTA O VÍDEO ÁGUA MOLE X ÁGUA DURA
Grande número de indústrias necessitam de “água-mole”, principalmente quando é utilizada em caldeiras, o qual uma crosta produzida pela “água dura”, ao rachar, produz excesso de vapor, e, portanto um excesso de pressão, o qual explode a caldeira. Por esta razão, as indústrias, que dispõem apenas de água-dura, procedem ao seu amolecimento, por um dos processos citados a seguir:
PARA DUREZA TEMPORÁRIA AQUECIMENTO DA ÁGUA À 100oC Neste caso o bicarbonato se transforma em carbonato de cálcio que é insolúvel e precipita, que é posteriormente eliminado por filtração: Ca(HCO3)2(S) ® CaCO3(S) + H2O(ℓ) + CO2(g) PRECIPITADO ÁGUA-MOLE
PROCESSO DE CLARK Adiciona-se a água que se quer amolecer, água de cal (solução aquosa de hidróxido de cálcio) ou então leite de cal (suspensão aquosa de hidróxido de cálcio). Este processo deve ser feito com cuidado porque um excesso de água de cal ou leite de cal tornaria a água de temporariamente dura em permanentemente dura. A vantagem deste processo é que quando adicionamos a água de cal ou leite de cal estas vão transformar o bicarbonato (solúvel) em carbonato (insolúvel), que é posteriormente eliminado por filtração: Ca(HCO3)2 + Ca(OH)2 ® 2 CaCO3(S) + 2 H2O(ℓ) ÁGUA OU PRECIPITADO ÁGUA-MOLE LEITE DE CAL
PARA DUREZA TEMPORÁRIA E PERMANENTE PROCESSO DE BERGMAN Trata-se a água dura pela soda (carbonato de sódio) porque este reagirá com os compostos de cálcio e magnésio originando carbonatos (insolúveis) que são eliminados por filtração: Ca(HCO3)2 + Na2CO3 ® CaCO3(S) + 2 NaHCO3(aq) PRECIPITADO ÁGUA-MOLE
PROCESSO DA PERMUTITA OU ZEÓLITO
A permutita ou zeólito é o alumínio silicato de sódio hidratado (Na2Al2Si2O8.xH2O). Este processo consiste na permuta do sódio pelo cálcio ou magnésio, formando zeólito de cálcio ou de magnésio, insolúveis, e o sal de sódio solúvel: Ca(HCO3)2+Na2Al2Si2O8.xH2O ® CaAl2Si2O8.xH2O(S)+2NaHCO3(aq) ÁGUA-MOLE
ÁGUA PESADA OU ÁGUA DEUTERADA (D2O)
Levando-se em consideração que o hidrogênio possui 3 isótopos (prótio, deutério e trítio) e o oxigênio possui também 3 isótopos (16, 17 e 18), conclui-se que existem, na natureza, 18 tipos de moléculas de água, dentre as quais temos: H2O óxido-16 de prótio ou água comum D2O17 óxido-17 de deutério DHO17 óxido-17 de prótio e deutério TDO18 óxido-18 de deutério e trítio DTO17 óxido-17 de trítio e deutério THO16 óxido-16 de prótio e trítio etc. Desta forma, a água comum é a que possui menor massa molar, e, dos 17 tipos restantes, apresenta interesse prático o óxido de deutério, o qual recebe o nome de água-pesada, que possui ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade superiores aos dá água comum: PONTO DE FUSÃO..................................... 3,8oC PONTO DE EBULIÇÃO............................... 101,4oC DENSIDADE........................................... 1,1 g/cm3
Comparação dos cristais de H2O a esquerda com cristais de D2O a direita
Por este motivo, a água pesada ocorre em maior porcentagem nas profundezas dos oceanos, de onde é extraída. A sua obtenção é feito por eletrólise parcial de solução alcalina, pois, sendo o óxido de deutério mais denso, permanece no fundo da cuba eletrolítica, enquanto que a água comum se decompõe:
NaOHdil 2 H2O + D2O ® D2O(S) + H2(G) + O2(G) ELETRÓLISE De cada 200.000 litros de água eletrolisada, obtém-se 1 litro de água pesada. Quimicamente, não há diferença entre a água comum e a água pesada, porém, há uma grande diferença fisiológica. A água pesada não mata a sede, não possibilita o cozimento dos alimentos, impede a germinação das sementes, etc. A água-pesada, apesar destes inconvenientes é utilizada na obtenção de Deutério, através da eletrólise, utilizado base alcalina: NaOHdil 2 D2O(AQ) ® 2 D2(G) + O2(G) ELETRÓLISE O deutério é utilizado como elemento indicador dos processos de digestão. Isto é conseguido, substituindo o prótio por deutério, em um alimento, e, a seguir, acompanha-se o metabolismo, por meio de líquidos, como sangue, urina, suco gástrico, etc., onde tira-se conclusões através da pesquisa de deutério. A água pesada é também utilizada nos reatores atômicos, para absorver emanações de nêutrons, e também utilizado na obtenção da bomba de hidrogênio.
Esquema de um reator de água pesada
É um líquido viscoso, incolor, inodoro, solúvel na água em todas as proporções, formando uma solução de peróxido de hidrogênio, H2O2(aq), que recebe o nome de água oxigenada. Apresenta densidade de 1,458 g/cm3. Soluções concentradas são altamente tóxicas e irritantes; fortemente oxidante; perigo de incêndio e explosão. Decompõe-se com grande facilidade quando aquecido ou em presença de hidróxidos ou exposto à luz, por isso é vendido em frasco escuro e não muito cheio: H2O2(aq) ® H2O(ℓ) + ½ O2(g) +23,6 Kcal O peróxido de hidrogênio costuma ser preparado e utilizado em solução aquosa (água oxigenada). A concentração de oxigênio, liberado por unidade de volume da solução. Assim se 1 cm3 (ou 1 litro) de uma solução de água oxigenada é capaz de liberar 10 cm3 (ou 10 litros) de oxigênio nas CNTP, diz-se que se trata de água oxigenada a 10 volumes. Desta forma, a água oxigenada a 10 volumes é a solução aquosa de peróxido de hidrogênio de modo que, 1 volume desta solução libera 10 volumes de oxigênio, nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão). Na indústria prepara-se água oxigenada a 100 volumes (100 cm3 de oxigênio e 1 cm3 de solução), que é a solução mais concentrada que possuímos no comércio, recebendo o nome de Peridrol. Nesta concentração, a água oxigenada adquire, propriedades explosivas, podendo ser usada em situações de emergência como explosivo (explosivo de Bamberger). Nas desinfecções de feridas, emprega-se água oxigenada a 5 ou 10 volumes, e, como alvejante de cabelos a 20 volumes.
As águas que procedem de terrenos graníticos possuem, em geral, maior radioatividade do que as que procedem de terrenos calcários sendo que os elementos que mais contribuem para a radioatividade da água potável são o radônio e o Ra-226. Também convém lembrar que as águas correntes de superfície possuem uma concentração de radônio inferior à das águas subterrâneas. Uma fonte pode ser fracamente radioativa, radioativa e fortemente radioativa. Todas apresentam vasão gasosa de no mínimo, 1 litro por minuto, mas o grau de radioatividade depende do teor em radônio. Por exemplo: uma fonte fortemente radioativa é a que apresenta no mínimo, uma vasão gasosa de 1 litro por minuto, com teor em radônio superior a 50 unidades Mache por litro de gás espontâneo, a 20ºC e 760mm de Hg de pressão. A água carregará materiais radioativos que estão no solo e também no ar. Por exemplo: nos oceanos de concentração salina de 3,3 g/l há 3,3x10-13 ppm de U, o que resulta numa atividade de 0,08Bq/l.
Observação Hidrologia x Radioatividade Um exemplo interessante desta relação é o desenvolvimento de técnicas que auxiliem na preservação de águas. Mas, como? Na ausência de água de superfície, as pessoas furam poços em busca de água subterrânea. Nós podemos furar e extrair água de qualquer poço de água subterrânea? A resposta é não. Mas, como fazemos para saber se podemos ou não extrair esta água? A água de superfície se comunica com a água subterrânea. A água da chuva vai para o mar e para os rios, deles passa para a terra, infiltra-se e, no final das contas, vai para a água subterrânea. Ao furar um poço, coletamos uma amostra da água e fazemos uma análise da presença e da quantidade do Trítio (ou Trício), que é um isótopo radioativo do hidrogênio, encontrado na natureza apenas 10-7%. Um átomo de trítio sofre decaimento radioativo, com emissão de uma partícula b- e resulta um átomo de um isótopo do Hélio:
A água da chuva apresenta a relação aos teores . Sabendo que a meia vida do trítio é de 12 anos, e que este vai sofrendo decaimento radioativo em uma determinada amostra de água subterrânea, confinada em determinado local, com isso podemos determinar a nova relação entre trítio e prótio e desta forma prever o tempo em que esta água permaneceu confinada. Se a água estiver confinada há muito tempo, a radioatividade do Trítio é muito pequena. O Trítio serve, portanto, para determinarmos a idade da água. Mas, por que é importante sabermos a idade da água? Se água for nova, quer dizer, com muito Trítio, significa que se essa fonte for utilizada, ela em breve será reposta por águas da superfície. Agora, se a água for antiga, com pouco trítio, significa que ao removermos essa fonte o espaço por ela deixado não será preenchido, podendo, assim, levar a um dano ambiental muito grave.
Qual a diferença entre água de cloro, cloro ativo e hipoclorito de sódio ou água sanitária? Primeiro vamos entender como estas substâncias são obtidas. O cloro gasoso é obtido através da eletrólise em solução aquosa do cloreto de sódio: ELETRÓLISE 2 NaCℓ(aq) + 2 H2O(ℓ) ® 2 NaOH(aq)+ H2(g)+ Cℓ2(g)
Os produtos obtidos desta reação podem reagir entre si e com isso originar outros subprodutos: H2(g) + Cℓ2(g) ⇌ HCℓ(g) + H2O(ℓ) ⇌ HCℓ(aq)
O cloro gasoso é solúvel em água, formando uma solução ácida conhecida como água de cloro, que possui cor e odor característico do cloro:
Cℓ2(g) + H2O(ℓ) ⇌ HCℓ(aq) + HCℓO(aq) água de cloro Ou ainda... Cℓ2(g) + H2O(ℓ) ⇌ H+(aq) + Cℓ-(aq) + H+(aq) + CℓO-(aq)
Neste equilíbrio os íons hipoclorito (CℓO-) são os responsáveis pela ação bactericida e alvejante da água de cloro. A ação bactericida do hipoclorito deve-se a uma oxidação fatal das bactérias, através da inativação da enzima trifosfato desidrogenase, uma das cerca de 20 enzimas envolvidas na oxidação da glicose, inibindo dessa maneira a obtenção de energia essencial à manutenção da vida, devido à formação do oxigênio nascente: CℓO-(aq) ® Cℓ-(aq) + [O] (aq) Basta apenas 0,3 a 2g de hipoclorito para 1 milhão de gramas de água. Cℓ2(g) + 2 NaOH(aq) ® NaCℓO(aq) + NaCℓ(aq) + H2O(ℓ) O íon hipoclorito (CℓO-) do sal NaCℓO, que é o princípio ativo da água sanitária, cândida, água de lavadeira, lixíxia ou Q-Boa, utilizado como desinfetante e alvejante. Uma forma de expressar a concentração é, por exemplo, “13% de hipoclorito de sódio”, ou ainda dizer, “13% de cloro ativo”. Isso significa que essa solução tem “força” equivalente a essa quantidade de cloro. A confusão acontece porque o “hipoclorito” é popularmente conhecido (erroneamente) como “cloro”. O hipoclorito de sódio, em alta concentração, só é comercializado no atacado e chega ao consumidor doméstico somente na forma de Água Sanitária. A Água Sanitária é uma solução que contém 2.5% de cloro ativo em água. Assim a dona de casa que usa “Cândida”, “Globo”, ou “Q-Boa”, está utilizando água sanitária na limpeza de banheiros, desinfecção dos alimentos, limpeza da caixa d´água etc., e não “cloro”, como costuma-se ouvir. A água sanitária, mesmo sendo diluída, possui forte poder germicida. Curiosidade: quando utilizado na desinfecção de água potável, a concentração de cloro é da ordem de 0.0002%, um percentual 12 mil e 500 vezes menor que seu teor na água sanitária.
É uma solução de hidróxido de cálcio – Ca(OH)2 denominado de cal extinta, cal apagada, cal hidratada – obtido por reação do óxido de cálcio – CaO denominado de cal virgem ou cal viva com água: CaO(s) + H2O(ℓ) ® Ca(OH)2(aq)
A água de cal pode ser utilizada na Medicina contra dispepsia ácida, na construção civil no preparo da argamassa e caiação das paredes.
Em laboratório é utilizado para caracterizar a presença de gás carbônico: Ca(OH)2(aq) + CO2(g) ® CaCO3(s) + H2O(ℓ) Neste caso, a formação do CaCO3(s) turva a solução da água de cal.
O óxido de cálcio – CaO – não existe livre na natureza. É obtido por decomposição do carbonato de cálcio - CaCO3 denominado de calcário – que é encontrado na natureza em grandes quantidades:
O óxido de cálcio pode ser utilizado na obtenção do carbureto – CaC2 (carbeto de cálcio) através da reação com o coque em forno elétrico:
O carbureto por sua vez é utilizado para a obtenção do acetileno – C2H2, por meio de hidrólise:
É uma solução de hidróxido de bário – Ba(OH)2 denominado de barita – obtido por reação do óxido de bário – BaO com água: BaO(s) + H2O(ℓ) ® Ba(OH)2(aq) É usado de maneira idêntica a água de cal para a detecção de dióxido de carbono pela reação característica: Ba(OH)2(aq) + CO2(g) ® BaCO3(s) + H2O(ℓ) Neste caso, a formação do BaCO3(s) turva a solução da água de barita.
Faça você mesmo! Produção e identificação do gás carbônico Em tubo de ensaio, adicione 3 mL de água de barita (Ba(OH)2), em seguida, pelas paredes do tubo, faça espargir cuidadosamente, pequeno volume de álcool etílico; finalmente promova a combustão do álcool no interior do tubo e aguarde a formação de um precipitado, revelado por uma pequena turvação na solução de água de barita.
Etapas do procedimento: A) solução de Ba(OH)2. B) Álcool sendo espargido na parede do tubo de ensaio. C) Gás formado após combustão do álcool. D) Precipitado branco formado após contato do gás com a solução de Ba(OH)2 o que confirma o gás produzido pela queima do álcool.
A água de cristalização é a água que se encontra presente nos compostos cristalinos em determinadas proporções. Muitos sais cristalinos formam compostos hidratados contendo uma, duas ou mais moléculas de água por molécula de composto. A água de cristalização está presente no cristal de várias maneiras. As moléculas de água podem simplesmente ocupar posições na rede cristalina ou podem formar ligações com os ânions (íons negativos) ou cátions (íons positivos) presentes.
Identificação macroscópica do CuSO4 .5H2O
Estrutura do CuSO4 .5H2O em 2D
Estrutura do CuSO4 .5H2O em 3D Um exemplo característico é o caso do sulfato de cobre pentahidratado (CuSO4.5H2O), em que cada íon de cobre está coordenado com quatro moléculas de água através dos pares de elétrons do oxigênio formando-se o complexo [Cu(H2O)4]2+ . Cada íon de sulfato tem uma molécula de água ligada através de ligações de hidrogênio.
Na cristalização fracionada a mistura de sólidos é dissolvida em água e a solução é submetida à evaporação. Quando a solução ficar saturada em relação a um componente, o prosseguimento da evaporação do solvente acarretará a cristalização gradativa do referido componente, que se separará da solução. A solução, contendo o componente cuja saturação ainda não foi atingida, fica sobre os cristais do outro e é chamada ÁGUA MÃE de cristalização. Este processo é utilizado nas salinas, por exemplo, para obtenção de sais da água do mar, onde a água evapora e os diferentes tipos de sais cristalizam-se separadamente.
A água-régia é uma mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico na proporção de uma parte de ácido nítrico para três partes de ácido. É um líquido altamente corrosivo de coloração amarela. É uma das poucas substâncias que pode dissolver o ouro e a platina. E tem este nome de "água régia" devido a propriedade de dissolver os metais nobres ("regios"), embora o tantálio, irídio e outros metais extremamente inertes possam suportar o seu ataque. A invenção da água régia é atribuída ao alquimista árabe Geber e era muito empregada por outros alquimistas e, ainda hoje, é utilizada em diversos procedimentos analíticos.
Retrato do século XV de Geber Mesmo que a água régia ataque o ouro, nenhum dos seus ácidos constituintes pode atacá-lo isoladamente. Cada ácido executa uma tarefa diferente. O ácido nítrico é um potente oxidante, que pode dissolver uma quantidade minúscula (praticamente indetectável) de ouro, formando íons de ouro. O ácido clorídrico, por sua vez, proporciona íons cloretos, que reagem com os íons de ouro, retirando o ouro da dissolução. Isto permite que o ouro adicional continue oxidando-se. Au(s) + 3NO3-(aq) + 6H+(aq) Au3+(aq) + 3NO2(g) + 3H2O(ℓ) Au3+(aq) + 4Cℓ-(aq) AuCl4-(aq)
Dissolução do ouro na água régia A dissolução da platina na água régia ocorre de forma similar ao ouro: Pt(s) + 4 NO3−(aq) + 8 H+(aq) → Pt4+(aq) + 4 NO2(g) + 4 H2O(ℓ) 3Pt(s) + 4 NO3−(aq) + 16 H+(aq) → 3Pt4+(aq) + 4 NO(g) + 8 H2O(ℓ) O íon Pt4+ reage com os íons cloreto formando o íon cloroplatinato: Pt4+(aq) + 6 Cl−(aq) → PtCl62−(aq)
Dissolução da platina na água régia A mistura se decompõe rapidamente, perdendo sua força, por isso deve ser utilizada imediatamente após o preparo. A reação de decomposição origina uma solução muito volátil e tóxica de coloração amarelada. HNO3(aq) + 3 HCℓ(aq) → NOCℓ(g) + Cℓ2(g) + 2 H2O(ℓ) O cloreto de nitrosila - NOCℓ - formado se decompõe em óxido nítrico e cloro gasoso: 2 NOCℓ(g) → 2 NO(g) + Cℓ2(g)
A água régia recém-preparada é incolor, mas torna-se laranja em segundos. Na foto, a água régia é utilizada na remoção de resíduos orgânicos em material de laboratório. Quando a Alemanha invadiu a Dinamarca, durante a Segunda Guerra Mundial, o químico húngaro George de Hevesy dissolveu as medalhas dos prêmios Nobel de Max von Laue e James Franck em água régia, guardando a solução numa prateleira de seu laboratório no Instituto Niels Bohr. Após a guerra, voltou ao laboratório e precipitou o ouro para retirá-lo da mistura.
Este site foi atualizado em 04/03/19 |